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Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 14:38
Três sócios da antiga rede de eletroeletrônicos e eletrodomésticos do Espírito Santo Eletrocity foram denunciados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) por envolvimento em um esquema de fraude e falsificação de documentos no processo de falência da empresa. >
Na denúncia encaminhada ao Poder Judiciário, o MPES detalha como funcionava a fraude nas empresas que formavam o grupo, que teria sido formado com o objetivo de realizar o esquema. O órgão aponta que houve esvaziamento patrimonial a partir dessas empresas, ação que prejudicou credores e favoreceu a obtenção de vantagem indevida.>
As investigações apontaram que, ao longo de 25 anos de existência da empresa, foram feitas 63 alterações no contrato social. >
Os denunciados pelo MPES são Jackson Pina Laurett, Jailson Martins de Almeida e Adma Garcia Pompermayer.>
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O grupo Eletrocity entrou com pedido de recuperação judicial em 2016, com o argumento de ter enfrentado crise financeira a partir de 2014. A falência da Eletrocity foi decretada em novembro de 2019 e não foram identificados ativos em nome da empresa. >
À época, o grupo tinha 22 lojas no Espírito Santo, que começaram a ser fechadas a partir de 2014. Em 2017, havia apenas quatro lojas abertas. As dívidas do grupo somavam R$ 123 milhões.>
As investigações conseguiram apontar a existência de um grupo econômico criado com objetivo de realizar fraudes. O grupo Eletrocity era composto pelas empresas Comercial Superaudio (Eletrocity), J.A. Garantia e Publicidade e EXP Empreendimentos e Participações. As investigações do MPES apontam que houve esvaziamento patrimonial a partir dessas companhias.>
“Resta evidente que a empresa EXP Empreendimentos e Participações fora criada para viabilizar a movimentação acionária da Eletrocity, possuindo a empresa JA Garantia e Publicidade a finalidade de acomodar e ocultar os bens patrimoniais do grupo”, diz o texto do Ministério Público.>
A denúncia resume a “confusão patrimonial”, movimento feito, na avaliação da acusação, para fraudar credores e desviar bens da empresa. A empresa principal Comercial Superaudio (Eletrocity) foi registada na Junta Comercial em 1994 com os sócios Jackson Pina Laurett e Lourivel Julio Laurett.
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A investigação identificou que, ao longo de 25 anos de existência, foram feitas 63 alterações no contrato social da Eletrocity, com mudanças no quadro societário — com entrada ou saídas de novos sócios — e transferências de cotas do capital social para as outras empresas do grupo, como a EXP, administrada por pessoas da mesma família do grupo principal.>
Poucos anos antes da falência decretada, foi feita a transferência de todas as empresas que faziam parte do grupo para a Totalgest, com o argumento que estavam com dificuldades de administrar os patrimônios, além de patrimônio líquido negativo.>
Depois desse acordo, A EXP, por exemplo, passou a pertencer a Totalgest e Jailson Martins de Almeida, bem como as outras duas empresas do grupo. A EXP pertencia a Adma Garcia Pompermayter, esposa de Jackson.>
Consta no contrato de compra e venda e cessão de cotas o pagamento de R$ 1 pela Totalgest para adquirir o controle acionário das empresas que compõem o grupo Eletrocity. Antes de se tornar sociedade anônima, a Totalgest pertencia a Jailson e Zam Empreendimentos. A denúncia considera que a participação de Jailson nos crimes se dá com a entrada da Totalgest no grupo.>
As investigações apontaram que, ao analisar balancetes de 2013 a 2016, foram feitas movimentações milionárias na conta realizável a longo prazo, que é a espécie de um balanço do que há para ser recebido em um ano (exercício seguinte). >
Foram contabilizadas falsas operações de mútuos (empréstimos de dinheiro ou bens), com participação de Jackson e JA Garantia, empresa que integra o grupo.>
Em 2013, o saldo constava na casa dos R$ 13 milhões. Três anos depois, em 2016, caiu para R$ 3 milhões, movimento considerado contraposto ao aumento das cifras na conta do ativo não circulante.>
“Jackson e Adma praticaram ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores para obter vantagem indevida, elaborando escrituração contábil com dados inexatos omitindo lançamentos”, relata o MPES.>
Primeiros esvaziamentos patrimoniais>
De acordo com a denúncia, os bens imóveis pertencentes ao grupo Eletrocity foram acomodados na J.A. Garantia e na EXP para servirem de garantia nas operações de crédito contratadas pela falida. >
Diante das irregularidades, o MPES pede a condenação dos três acusados pelos crimes de fraude no processo de falência, falsificação de documentos e apropriação indevida de bens (art. 168, §1°, I e II, c/c art. 172 e art. 173, da Lei 11.101/05). E ainda solicita a responsabilização dos réus por danos morais coletivos, visando ao ressarcimento dos credores prejudicados. >
O advogado Alexandre Leite, que representa Jackson Laurett e Adma Pompermayer, informou que rechaça o teor da denúncia e afirma que vai demonstrar a inocência dos dois clientes durante a instrução processual. Já a defesa de Jailson não foi localizada.>
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