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Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 11:54
Com a construção da ferrovia EF 118, que vai interligar os portos do Espírito Santo e Rio de Janeiro à malha ferroviária do país, a previsão é transportar 40 milhões de toneladas de cargas por ano, com destaque para Ferro Briquetado a Quente (HBI), ferro-gusa, minério de ferro destinado à exportação e carvão coque. >
O projeto foi apresentado em audiência pública na quarta-feira (29) em Vitória, na sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). Durante o evento, um dos pedidos feitos por entidades, como o Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer), foi a inclusão de um trem de passageiros para circular pela malha e interligar as cidades do Sul do Espírito Santo ao Rio. >
"A gente vê com uma importância muito grande um trem de passageiros interligando dois Estados como o Rio de Janeiro e Espírito Santo. Assim como é feito na Estrada de Ferro Vitória a Minas, que transporta quase 1 milhão de pessoas anualmente. Nós tivemos, recentemente, um acidente rodoviário que vitimou 41 pessoas. Talvez se tivesse um trem com mais eficiência e que pudesse transportar mais pessoas, talvez essas famílias não estariam nesse luto", pondera Weslei Scobby, vice-presidente do Sindfer.>
Ele pediu, durante a audiência pública, que o investimento no trem de passageiros na ferrovia seja feito com incentivo do governo federal, sendo os recursos direcionados como medida social. >
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Marcelo Fonseca, superintendente de Concessão de Infraestrutura da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), destacou, durante a apresentação, que, na minuta de contrato previsto para a concessão da ferrovia, há a previsão de licenciamento de transporte de passageiros. "Já foram definidas regras caso houver interesse do operador ou até de terceiro operar transporte de passageiros", afirma.>
A previsão do início das operações da ferrovia está prevista para 2033, com 8 anos de implantação das obras a partir de 2025. Com 475 Km, a ferrovia atravessará 23 municípios dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A concessão será de 50 anos.>
Outro pedido, desta vez por parte do empresariado, foi de mudança na bitola dos trilhos no projeto da EF 118. No projeto apresentado pela ANTT, está prevista a construção de ferrovia inicialmente com bitola métrica (1 metro), com uma instalação que comporte, no futuro, o aumento para bitola mista (1,6 metro), mais moderna. >
O que as lideranças pediram, na audiência, foi a substituição da bitola métrica para bitola mista, para que a ferrovia já inicie tendo conectividade com a malha ferroviária, principalmente no Rio e em São Paulo, que já utilizam a bitola mista. "A intermodalidade precisa ser considerada, com conectividade do mesmo modal. A necessidade de bitola mista é para acesso aos mercados externos e internos", afirmou Simone Garcia, superintendente da Fetransportes.>
Quem também alertou para o tema e pediu a mudança para bitola mista foi Romeu Santos, do Conselho de Infraestrutura da Findes, destacando que esse modelo é importante para o atendimento à carga entre o Espírito Santo e São Paulo.>
Para execução do malha ferroviária, está previsto um investimento de R$ 4,6 bilhões pelo vencedor do leilão. Uma das novidades nesse modelo é que governo federal vai entrar com R$ 3,28 bilhões para construção da ferrovia, com a maior parte dos valores sendo transferidos ao longo dos primeiros quatro anos para o ganhador.>
Na primeira fase do projeto, serão construídos cerca de 170 quilômetros de trilhos entre Anchieta e São João da Barra, no Porto de Açu, no Rio de Janeiro, passando pela região do futuro Porto Central, em Presidente Kennedy. Já o trecho entre Santa Leopoldina a Anchieta, de 80 quilômetros, será feito pela Vale e incorporado à Estrada de Ferro Vitória a Minas, com investimento já anunciado de R$ 6 bilhões.>
Já a segunda fase do projeto, o trecho de 325 km de São João da Barra a Nova Iguaçu, será feito com investimento adicional por quem ganhar a licitação. Esse trecho, chamado brownfield, prevê a utilização de trechos existentes da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), mas podem ser feitos ajustes no traçado, por exemplo, conforme explicou o Marcelo Fonseca, superintendente de Concessão de Infraestrutura da ANTT. O trecho Sul pode contar ainda, no futuro, com investimento público para auxiliar no desenvolvimento do projeto, como já está definido para o trecho central.>
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