Publicado em 3 de novembro de 2020 às 21:16
Olhares de todo o mundo estão voltados para os Estados Unidos, que foram às urnas nesta terça-feira (3) para eleger seu presidente: o republicano e atual mandatário Donald Trump ou o democrata Joe Biden. No Espírito Santo, não é diferente, tendo em vista que se trata do principal parceiro comercial capixaba no exterior. >
Em última instância, a eleição do presidente americano é feita pelo Colégio Eleitoral. Mas as pesquisas já apontam o favoritismo de Biden. O que muda, afinal, caso o democrata triunfe sobre Trump?>
Desde que tomou posse, Jair Bolsonaro alinhou o Brasil às ideologias do atual presidente dos EUA. O presidente brasileiro e sua família aderiram explicitamente à campanha de Trump à reeleição. >
O candidato democrata, por outro lado, já ameaçou, inclusive, impor restrições às relações comerciais com o Brasil, caso nada seja feito em relação aos problemas ambientais. No primeiro debate eleitoral, em setembro, Biden chegou a sugerir ajuda financeira ou sanções ao Brasil, caso o país não proteja a Amazônia. >
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Na visão do economista Orlando Caliman, independentemente do resultado, deve prevalecer o pragmatismo, que geralmente norteia a política externa norte-americana. >
Ele explica que, embora o relacionamento entre Brasil e EUA seja mais fácil atualmente porque seus líderes estão alinhados ideologicamente, as relações econômicas com o Espírito Santo não devem ser afetadas, porque o Estado exporta uma série de produtos de bom valor agregado para os Estados Unidos. Entre eles estão: mármore e granito, celulose e produtos de ferro/aço.>
Para se ter uma ideia, até setembro deste ano, os Estados Unidos ocuparam a primeira colocação nas exportações capixabas, totalizando US$ 1,28 bilhão, correspondendo a 32,7% do total. >
Já nas importações, o país ocupa a segunda posição atrás apenas da China , com um montante de US$ 534 milhões e 14,4% de participação, de acordo com dados do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex).>
Quando a gente analisa as críticas em relação à Amazônia, o foco é o agronegócio. Se o Biden vencer, pode haver uma pressão adicional para que o Brasil reveja suas ações em relação às queimadas e ao desmatamento. Mas se você olha a pauta de exportações do Estado para os EUA, o foco não é esse. Não acho que vão parar de importar ou reduzir a importação desses produtos, por exemplo.>
Caliman observa, entretanto, que o próximo presidente norte-americano vai ter que se empenhar para colocar novamente a economia nos trilhos, ainda lidando com os efeitos da pandemia. >
Uma eventual melhora pode repercutir positivamente para o Espírito Santo, inclusive com maior demanda de produtos das indústrias capixabas.>
O economista Eduardo Araújo, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), vê risco de uma eventual desvalorização do dólar, caso se confirme a vitória de Joe Biden, que pode adotar medidas mais restritivas de combate à Covid-19, atrasando o aquecimento da economia do país.>
Ao passo que isso poderia representar alguma perda para as indústrias exportadoras capixabas, para as importadoras poderia ser uma mudança benéfica, que permitiria aumentar as compras.>
Mas há de se considerar, também, que o Brasil enfrenta uma situação fiscal delicada, até porque corre um risco grande de não cumprir o teto dos gastos. Então, é complicado bater o martelo sobre o efeito no câmbio.>
Ele chama a atenção, entretanto, para o fato de que, em última instância, a eleição do presidente americano é feita pelo Colégio Eleitoral, e Donald Trump já ameaçou contestar o resultado da votação, o que pode causar impactos de curto prazo. Essa contestação pode trazer flutuação e estresse no mercado financeiro, afetando investidores de maneira geral, nos próximos dias.>
A médio e longo prazo, o presidente do Sindiex, Sidemar Acosta, não vê risco de mudanças radicais. Ele avalia que os acordos comerciais firmados entre o Brasil e os Estados Unidos foram feitos por representantes da área econômica dos dois países, e não devem sofrer nenhuma grande alteração, ainda que haja uma mudança de governo.>
É uma questão estratégica para os Estados Unidos. Já em relação à Amazônia, eu não acredito que o Biden exigiria de outros países, como o Brasil, algo que os EUA não fazem. São um país super industrializado. Quantos poluentes jogam por minuto na atmosfera? É um alerta, claro. Mas primeiro precisa olhar para dentro de casa. O Espírito Santo deve ficar bem.>
A visão é compartilhada pela economista e professora da Fucape Arilda Teixeira, segundo a qual a cartela de exportações do Estado para os EUA contempla, principalmente, produtos de áreas que não correm grandes riscos de retaliações.>
A despeito da questão econômica, Arilda observa que as relações entre Brasil e EUA precisarão assumir um tom mais democrático e menos conservador que o atual. >
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