Publicado em 3 de novembro de 2020 às 09:35
Na véspera da eleição nos EUA, os candidatos a presidente seguiram com a estratégia de fazer muitos eventos em estados considerados decisivos. O democrata Joe Biden se concentrou em Pensilvânia e Ohio, e o rival Donald Trump seguiu com agenda cheia, com cinco comícios em quatro estados diferentes. >
Anthony Fauci, um dos principais infectologistas dos EUA e diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, alvo de críticas do presidente, tornou-se o assunto do dia nos comícios. "Elejam-me, e eu vou contratar o doutor Fauci, e nós vamos demitir Donald Trump", disse Biden nesta segunda-feira (2).>
Durante um evento nos arredores de Miami, na Flórida, na noite de domingo (1º), apoiadores de Trump fizeram coro para pedir a demissão de Fauci. Em seguida, o presidente respondeu: "Não contem a ninguém, mas me deixe esperar até um pouco depois da eleição".>
No entanto, Trump não tem poderes para demitir Fauci, porque ele é funcionário público de carreira. O diretor só pode ser removido do cargo após um processo interno que o considere culpado de cometer falhas graves. Regras federais impedem que a dispensa ocorra apenas por razões políticas.>
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O ataque a Fauci veio após o infectologista reafirmar que a situação da pandemia segue preocupante no país, ao contrário do que defende Trump. O republicano diz que a crise está perto de acabar, enquanto os EUA registram recordes de novos casos. Na sexta (30), foram 99.784 diagnósticos de Covid-19.>
"Ainda vamos sofrer muito. Não é uma boa situação", disse Fauci ao jornal The Washington Post na sexta-feira (30). "Todas as estrelas estão alinhadas no lugar errado às vésperas das temporadas de outono e inverno [no hemisfério norte], com pessoas se reunindo dentro de casa. Seria impossível estar em uma posição pior", afirmou o especialista, ao comentar como o país lida atualmente com a pandemia.>
Em Cleveland, no estado de Ohio, Biden voltou a acusar Trump de gerir mal a crise sanitária e a culpá-lo pelas mais de 230 mil mortes no país devido à doença. Chamou o presidente de "fraco" e "vergonhoso" e prometeu unir o país. "Amanhã temos a oportunidade de por fim a uma Presidência que dividiu a nação.">
Nas horas finais de campanha, o ex-presidente Barack Obama, de quem Biden foi vice, foi a campo ajudar o candidato democrata. Ele esteve na cidade de Atlanta, na Geórgia, para um discurso durante a tarde, e seguiria depois para Miami, na Flórida. Ambos são estados onde a disputa está acirrada.>
Em Atlanta, Obama atacou os senadores republicanos David Perdue e Kelly Loeffier por terem minimizado a pandemia. "Eles são como Batman e Robin maus. São a dupla dinâmica de fazer coisas erradas. Eu não sei o que eles pensam, mas a Geórgia não está nas mentes deles", disse o ex-presidente, em um esforço para ajudar os democratas a conquistar mais cadeiras no Senado e reconquistar a maioria na Casa.>
Biden também recebeu apoio de artistas da música pop, como as cantoras Lady Gaga, que se apresentará em um comício na noite desta segunda (2), em Pittsburgh, e Beyoncé, que postou um vídeo nas redes sociais com uma máscara de apoio à chapa democrata.>
A mensagem de Beyoncé foi compartilhada pelas cantoras Ariana Grande e Demi Lovato. Somadas, as três possuem mais de 450 milhões de seguidores no Instagram.>
Trump programou cinco comícios para o último dia antes do prazo final para a votação, todos em estados decisivos: Carolina do Norte, Pensilvânia, Wisconsin, e Michigan. Em Fayetteville, na Carolina do Norte, no primeiro evento do dia, disse que um governo de Biden seria apocalíptico.>
"Um voto para Biden é um voto para dar o controle do governo aos globalistas, comunistas, socialistas, ricos liberais hipócritas que querem silenciar, censurar, cancelar e punir você", disse.>
Como fez em 2016, Trump escolheu fazer o último evento de campanha em Grand Rapids, no estado de Michigan, em comício ao lado do vice-presidente Mike Pence. Antes, o republicano iria a Kenosha, cidade do estado de Wisconsin que viu uma onda de atos antirracismo após policiais atirarem pelas costas em Jacob Blake, um homem negro, durante uma abordagem policial em agosto.>
Blake sobreviveu, mas ficou paralisado da cintura para baixo.>
Durante os protestos pelo fim da violência policial, que se espalharam pelos EUA no meio deste ano, após o assassinato de George Floyd, Trump adotou um discurso de defesa da lei e da ordem e fez ataques aos manifestantes, classificando depredação de fachadas e estátuas de terrorismo doméstico.>
O presidente cumpriu uma agenda frenética nos últimos dias. Foram quatro comícios no sábado e cinco no domingo, em diversos estados diferentes. Para ganhar tempo, os eventos ocorrem nos arredores de aeroportos. Neles, multidões ficam aglomeradas, e muitos apoiadores aparecem sem máscaras, o que aumenta o risco de contágio pela Covid-19.>
Biden, por sua vez, optou por percorrer menos estados. Ficou concentrado em Michigan, Pensilvânia e Ohio e fez eventos no sistema drive-in, para que os espectadores o ouvissem de dentro de seus carros.>
Os dois candidatos apostam nesses estados porque os resultados neles são considerados indefinidos e, portanto, podem ser cruciais para conquistar a maioria dos delegados do Colégio Eleitoral.>
Trump venceu na Pensilvânia em 2016 por apenas 44 mil votos, ou 1% do total. A média das pesquisas atuais apontam Biden 4,8 pontos percentuais à frente naquele estado. Em Michigan, a vantagem democrata é de 8 pontos. Os dados são do site FiveThirtyEight, que agrega várias pesquisas.>
Embora as pesquisas nacionais mostrem Biden com vantagem de cerca de oito pontos percentuais no voto popular, o sistema indireto do Colégio Eleitoral pode dar a vitória a Trump. Com exceção de Maine e Nebraska, o vencedor em um estado leva todos os representantes correspondentes à região, mesmo que a vitória tenha sido por margem mínima. Em 2016, Trump conquistou 306 dos 538 votos no Colégio Eleitoral, ainda que tenha recebido 2,8 milhões de votos a menos do que a rival, Hillary Clinton.>
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