Reporter / [email protected]
Publicado em 1 de dezembro de 2022 às 20:20
A chuva que cai no Espírito Santo há uma semana deixa um rastro de destruição. Rodovias interditadas, viagens canceladas, além de desabrigados, desalojados e uma morte. Os impactos vêm sendo sentidos não só pela população, mas por empresários do comércio, indústria e do agronegócio, um dos setores mais prejudicados. >
Ainda não há desabastecimento generalizado nos supermercados, mas algumas hortaliças já começam a faltar nas prateleiras de algumas redes. As mercadorias estão demorando a chegar nos estabelecimentos por conta das interdições nas estradas, sobretudo as BRs 101 e 262, além de vias vicinais que atendem as propriedades rurais. >
A preocupação maior é com produtos perecíveis, como frutas, hortaliças e verduras, que podem estragar com os atrasos, deixando no prejuízo os produtores. A chuva também pode acabar provocando a perda da produção no campo, sobretudo de hortaliças, que são mais sensíveis.>
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, há muita apreensão entre os produtores, que estão acumulando prejuízos. Ele alerta inclusive para uma possível falta de alimentos para os consumidores. >
>
“Existem muitas cooperativas e indústrias que passam por estradas de chão que ficaram comprometidas. O solo está encharcado e há riscos de desmoronamento. Ainda houve o rompimento em Linhares, que foi grande, e eles não conseguem reparar com velocidade. Há prejuízos com as mercadorias que não estão conseguindo passar pelas estradas”, disse. >
De acordo com Júlio, uma cooperativa de laticínios de Cachoeiro de Itapemirim não está conseguindo dar vazão ao leite normalmente por conta das chuvas. “O leite é apanhado em dias alternados, mas em virtude das chuvas, o tanque ficou resfriado. Se apanhar em outra oportunidade, perde a qualidade”, afirmou. >
O presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Estado do Espírito Santo, Waldês Calvi, afirmou que as chuvas afetaram o movimento em supermercados e atacados, que tiveram queda de 5% a 10% nas vendas. >
A preocupação é que, segundo Waldês, caso a chuva e as interdições persistam por mais uma semana, podemos a ter desabastecimento nos estabelecimentos. >
“O desabastecimento em si ainda não temos, porque temos estoque. Está dificultando a chegada de novos produtos, mas os caminhões estão passando por outras áreas que não estão interditadas. Caso continue assim por mais tempo, começa a prejudicar”, destacou Waldês.>
Segundo o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, a maior preocupação no momento é a linha de hortifrúti.>
“Com as estradas estaduais prejudicadas, principalmente da região serrana, Domingos Martins, Santa Teresa e Santa Maria de Jetibá, os produtores estão com dificuldades de trazer produtos para os supermercados atenderem os consumidores. Não é só esse prejuízo, também há o risco de perda desses produtos e, como consequência da falta, os preços ficarem mais altos. Isso nos preocupa bastante”, disse Hélio Schneider. >
De acordo com o superintendente, o problema também afeta as cargas que vêm de outras regiões, principalmente do Centro-Oeste do Brasil. Além de atrasos nos produtos, prejudica a logística. >
“Há prejuízos. Ainda não sentimos, pois todos os supermercados têm um estoque de segurança. Mas tem produtos, como perecíveis, onde há problemas com o transporte. O transporte bloqueado causa problemas. Esperamos que melhore o mais rápido possível”. >
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Espírito Santo (Transcares), Luiz Alberto Teixeira, disse que todo o fluxo de cargas que normalmente passa por Acracruz e Linhares, por conta da interdição na BR 101, está sendo feito pela estrada Colatina-Linhares. >
Por conta disso, o percurso aumentou em aproximadamente três horas, o que pode causar demora nas entregas de mercadorias. >
“A malha está rodando, com mais demora. Em percursos curtos, há prejuízos de demora na chegada das mercadorias, mas em percursos longos, o prejuízo é menor porque o tempo dilui no grande trecho”, explicou.>
Ainda de acordo com Luiz, a estrada Colatina-Linhares é precária e não está acostumada a receber grande volume de fluxo de veículos de cargas. Sobre os alagamentos em Viana, que deixou as BRs 262 e 101 interditadas, ele informou que isso atrasou as entregas.>
Produtores de Santa Maria de Jetibá ficaram ilhados, segundo Egnaldo Andreatta, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. >
Eles não conseguem levar a produção para o Ceasa de Cariacica e nem levar produtos para as feiras por causa dos bloqueios nas estradas. Além disso, os produtores que estavam em Vitória e outros municípios também não conseguem retornar. >
"É difícil mensurar prejuízos. A gente não estava conseguindo ir e voltar para Vitória e tem bastante produtor que precisa dessa rota para fazer suas vendas", contou Egnaldo. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta