Publicado em 30 de julho de 2020 às 15:39
O Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, que inclui o teatro, no bairro Mário Cypreste, em Vitória, será transformado em local para armazenamento de sacas de café, laboratório e escritórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O imóvel vai receber o material que atualmente está abrigado nos Galpões do IBC, em Jardim da Penha, que teve a sua venda anunciada pela União. >
O Carmélia, cuja área pertence à Conab e no passado já abrigou o Instituto Brasileiro do Café (IBC), estava cedido para o governo estadual e para a Prefeitura de Vitória. No local, atualmente, funciona a TV Educativa, pertencente ao Estado.>
Ambos já foram notificados no primeiro trimestre deste ano a deixarem o imóvel, segundo o superintendente de Patrimônio da União no Estado, Márcio Furtado. Ambos foram oficiados no primeiro trimestre deste ano. A Prefeitura nunca ocupou, de fato, a área. Já o Estado está viabilizando um outro local para a TVE, informou.>
Segundo Furtado, assim que for desocupado, o Centro Cultural deverá passar por uma pequena adaptação para abrigar o armazenamento da Conab. Assim que ficar pronto, eles se mudam para o local, liberando os Galpões do IBC, o que deve ocorrer até novembro, data em que o edital de venda da unidade de Jardim da Penha está previsto para ser publicado, explicou.>
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No último dia 22 a União anunciou a venda de 12 imóveis no Estado, dentre eles os Galpões do IBC. A lista contempla ainda campo de futebol, outros galpões, salas comerciais, terrenos e casas. A expectativa é de uma arrecadação mínima de R$ 60 milhões.>
Com a mudança para o bairro Mário Cypreste, onde está localizado o Centro Cultural Carmélia, a unidade de Conab em Vitória vai perder área de armazenamento, explica Brício Alves Júnior, engenheiro-agrônomo e assistente da superintendência da Companhia no Estado. >
Em Jardim da Penha há espaço para armazenamento de 42 mil toneladas, já no Centro Cultural Carmélia ela será reduzida para 7 mil toneladas. Brício relata que o IBC é destinado ao cafeicultor, onde são atendidos cerca de 300 agricultores, além de quilombolas e indígenas. O espaço conta com área de armazenamento, laboratório de classificação de café e grãos para executar políticas públicas do governo federal.>
Segundo Brício, os técnicos da Conab já estiveram no Centro Cultural fazendo uma análise das condições estruturais. No último dia 20, uma arquiteta de Brasília também fez a vistoria. Só podemos nos transferir para o local quando tudo estiver em condições adequadas, informou, destacando que os Galpões de Jardim da Penha foram as primeiras construções do bairro. Depois foram construindo os prédios ao redor.>
Na avaliação dele, a melhor solução teria sido a construção de armazenamento de grãos em Viana, em um projeto que estava sendo construído em parceria com o governo do Estado. Para o projeto foram desapropriadas áreas de 100 mil m², a um custo de R$ 13,5 milhões pagos pelo Espírito Santo.>
O acordo não chegou a acontecer porque a União cancelou o projeto. Segundo Brício, o projeto vinha sendo discutido desde 2011 e fazia parte de um conjunto de 10 investimentos a serem feitos no Brasil, todos dentro do Plano Nacional de Agricultura (PNA), que acabou sendo desativado.>
A proposta era trazer milho do Centro-Oeste para o Espírito Santo, por via férrea. Ele seria armazenado nos galpões em Viana, e de lá seguiria para as regiões Nordeste e Sul, por navio, pelos portos capixabas. Além de abastecer Estado, o Rio de Janeiro, Sul da Bahia e a Zona da Mata mineira, contou Brício. >
Segundo ele, acrescenta que já estavam empenhados para o projeto R$ 62 milhões. O projeto acabaria com o tráfego de 2 mil carretas pelas rodovias, cada uma delas transportando 50 toneladas. Foram gastos R$ 8 milhões no projeto, que acabou suspenso, explica. >
A secretária de Estado de Gestão e Recursos Humanos, Lenise Loureiro, informou que recebeu a notificação da Secretaria de Patrimônio da União (SPU-ES) para deixarem o local e que o prazo venceu em junho, mas que foi pedida uma prorrogação.>
Ela relata que já foi lançado um edital de chamamento público para a escolha de um imóvel para abrigar a TV Educativa. Precisamos de um imóvel com um pé direito mais alto, adequado às necessidades da TVE. Mas também cogitamos a ampliação do espaço da Rádio Espírito Santo, relata.>
E mesmo que a opção seja pela construção de uma área para a TVE, será ainda necessário o aluguel de um espaço até que o novo prédio fique pronto. A intenção era construir. Fizemos um projeto básico, chegamos a um orçamento de projeto e obra, mais ainda estudamos se o melhor é fazer uma obra no local da rádio ou optarmos por aluguel em definitivo, explicou a secretária.>
Em relação ao Centro Cultural Carmélia, ela explica que ele não vinha sendo utilizado como teatro há alguns anos. Chegamos a apresentar uma proposta de reformar a estrutura, em especial fazer funcionar o teatro também para a rádio e a TV, com espaço para transmissões ao vivo, com plateia. Mas os planos da União são no sentido de venda, e a gestão de patrimônio está se desfazendo de alguns bens, relata Lenise.>
Em relação à área de Viana desapropriada para abrigar o armazenamento de grãos, ela explica que foi um projeto que não se concretizou. Chegamos a conversar com a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) para tentarmos viabilizar, mas a conclusão é que de que o projeto de estruturas regionais de armazenamento e distribuição não é mais adequado à atual política nacional, explicou. >
Para a área desapropriada em Viana, o Estado estuda novos projetos de ocupação no âmbito da administração direta e indireta, podendo compor proposta de alienação à iniciativa privada, informou Lenise.>
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