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Religiosos fazem ato em memória do morador de rua queimado vivo em Vitória

Religiosos fazem ato em memória do morador de rua queimado vivo em Vitória

Moradores em situação de rua também participaram do ato com cartazes pedindo Justiça. Religiosos criticaram a desigualdade social e omissão do Estado

Publicado em 11 de julho de 2020 às 20:13

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Religiosos fazem ato ecumênico em memória ao morador em situação de rua queimado vivo
Religiosos fazem ato ecumênico em memória ao morador em situação de rua queimado vivo. (Lorraine Boldrini/ Divulgação)

Pelo menos seis igrejas se uniram, na tarde deste sábado (11), em ato ecumênico em memória ao morador em situação de rua que morreu após ser queimado vivo em Vitória no último domingo (05).

O ato religioso aconteceu no bairro Itararé, em Vitória. O caso chamou a atenção do governador Renato Casagrande (PSB), que repudiou o crime e disse que parte da sociedade "está doente". Moradores em situação de rua também participaram da celebração neste sábado, pedindo justiça. "Vidas nas ruas importam" e "parem de nos matar" foram algumas das frases estampadas nos cartazes.

Mantendo o distanciamento social e com o uso de máscaras, membros das igrejas Católica, Presbiteriana Unida, Luterana, Batista da Glória, Batista da Praia do Canto e da Casa de Oração de Itararé se reuniram para rezar na mesma calçada onde o morador foi incendiado enquanto dormia.

Durante a cerimônia, o padre Kelder José Brandão Figueira, que coordena o Vicariato Para Ação Social Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, apontou que a desigualdade social no Brasil condena milhões de pessoas à indigência e à fome, estabelecendo quem pode viver e quem deve morrer "para que a sociedade do consumo e do desperdício continue existindo, alimentada pela violência e pela morte".

Religiosos fizeram ato ecumênico em memória ao morador em situação de rua queimado vivo(Lorraine Boldrini/ Divulgação)

"Parafraseando o poeta, na noite de domingo, da janela de minha casa vi um monte de lixo queimando (...) Mas aquele lixo queimando não era um fio, não era plástico, não era cobre. Aquele lixo, meu Deus, era um corpo humano. Um corpo humano como o nosso, feito à imagem e semelhança de Deus. Um corpo humano violado, violentado, machucado, ensanguentado, descartado, queimado, semelhante ao corpo ensanguentado, chagado, desfigurado, do Senhor, crucificado fora dos muros de Jerusalém", comentou o padre, relacionando o caso com o poema "O Bicho", de Manuel Bandeira, que teceu uma dura crítica social na década de 1940.

Padre Kelder também citou que outros moradores em situação de rua perdem a vida todos os dias nas ruas da Grande Vitória e criticou o que chamou de "indiferença da sociedade e omissão do poder público".

"Elevamos também nossa voz para exigir que o poder público olhe com respeito para esta parcela importante da população e desenvolva políticas públicas adequadas para atender as necessidades destas pessoas, cujas vidas importam. Importam tanto quanto as demais vidas dos ricos, protegidas pelo Estado", complementou o sacerdote.

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O homem foi queimado na avenida Robert Kennedy. Nessa mesma via, que fica próxima à Leitão da Silva, um corpo foi encontrado pegando fogo em março de 2018.

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