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Publicado em 16 de agosto de 2022 às 19:10
Nas últimas semanas, uma triste cena tem se repetido na costa capixaba: baleias-jubarte encalhadas (e mortas) por aqui. Teve filhote encontrado na Praia de Carapebus, Serra, no dia 7 deste mês, uma maior já na areia em Jacaraípe, mesmo município, neste sábado (13), e um filhote, em Linhares, na Praia de Pontal do Ipiranga. >
De acordo com os dados do Instituto Baleia Jubarte, do início do ano até esta segunda-feira (15), cinco baleias-jubarte encalharam no litoral do Estado, fazendo o Espírito Santo ocupar o quarto lugar do ranking nacional. No topo está a Bahia, com 13 registros em 2022. >
Vale ressaltar que nesta época do ano é o auge da passagem dos cetáceos pela costa capixaba, onde se alimentam e rumam em direção ao Santuário da Baleia Jubarte, na região de Abrolhos, na Bahia. A presença delas por aqui, inclusive, é muito procurada por turistas que embarcam em direção ao alto mar para presenciar o espetáculo proporcionado pelas jubartes em saltos espetaculares.>
Mas afinal, por que tantas baleias encalham e morrem aqui no Estado? >
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"Temos um ano excepcional com muitas baleias vivas. Uma parte dessa população acaba vindo a óbito e chega no nosso litoral. Essa semana apareceu uma série de encalhes, mas a gente acredita que isso é muito mais relacionado às circunstâncias do tempo e vento, que empurram esses animais que morrem à praia, do que um aumento da mortandade", explicou Eduardo Camargo, presidente do Projeto Baleia Jubarte, em entrevista à TV Gazeta.>
Segundo o coordenador executivo do Projeto Amigos da Jubarte, Thiago Ferrari, atualmente cerca de 25 mil baleias-jubarte vêm reproduzir nas águas quentes brasileiras. O número foi aumentando a cada ano: no final da década de 80, segundo ele, eram apenas 800 animais, por conta da caça indiscriminada. >
"No momento, o número de baleias encalhadas é coerente com o tamanho da população de baleia-jubarte. A gente tem que acompanhar até o final da temporada (que vai de junho até novembro, quando elas vêm se reproduzir) para analisar melhor", ponderou o especialista. >
Ele ainda apontou que o aparecimento de carcaças nas últimas semanas pode ser explicado pelos ventos. >
"A maioria das carcaças não chega às praias. Quando as baleias morrem, geralmente elas afundam ou são levadas ao oceano pelo vento, então a gente nem fica sabendo dessa morte. Aqui no Estado, quando sopra o vento Sul, isso favorece a carcaça ser empurrada para as praias. Na semana passada esse vento Sul soprou por aqui.">
Thiago explicou que só é possível descobrir a causa da morte dos animais depois que a necropsia é feita. Infelizmente, nem toda a carcaça está em condições de ser submetida ao exame, por conta do estado de decomposição.>
"A principal causa da morte normalmente está em causas naturais. As baleias mais velhas às vezes morrem por doença, às vezes filhotes se perdem das mães e como são frágeis acabam encalhando", declarou o especialista. >
Apesar das causas naturais serem maioria, outras questões podem influenciar na morte desses animais:>
Atropelamento
Quando embarcações colidem com as baleias. Normalmente o fato acontece com barcos menores e mais rápidos, como lanchas.
Poluição
Como as baleias-jubarte não se alimentam no Brasil, elas não correm tanto risco de ingerir algum alimento contaminado, mas há a poluição acústica, como o tráfego de muitas embarcações em um mesmo local, que podem acabar atrapalhando a comunicação dos animais.
Encalhamento em redes de pesca
Presas em redes, elas morrem de fome ou afogadas, por não conseguirem subir à superfície.
Prospecção sísmica de petróleo
Algumas empresas petroquímicas usam esse método para fazer a leitura do solo. Uma espécie de pistola atira como se fosse um jato de ar do navio, que percorre o oceano até o solo. Se algum animal estiver passando pelo local nesse momento, ele pode ficar atordoado.
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