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Por que Piúma e São Mateus são as únicas cidades em risco alto no ES?

Por que Piúma e São Mateus são as únicas cidades em risco alto no ES?

Número de casos ativos e média móvel de óbitos são indicadores agora avaliados e que pesaram na classificação dos dois municípios

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 06:00

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Fotomontagem de Piúma e São Mateus
Piúma e São Mateus estão no risco alto para a Covid-19. (Arquivo A Gazeta)

Dos 78 municípios capixabas, apenas São Mateus, na Região Norte, e Piúma, no litoral Sul, permanecem no risco alto para a Covid-19. Com a nova matriz de risco, a média móvel de óbitos e o número de casos ativos (pessoas que podem transmitir a doença) pesaram para a classificação das duas cidades no pior patamar registrado no Espírito Santo

O subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, explica que os indicadores têm vinculação entre si. "Se tenho menos casos ativos, monitorei melhor, acompanhei mais, fiquei atrás dos pacientes para intervir mais precocemente. Agora, se não houve intervenção, mais pessoas vão para o hospital, são mais casos graves e, consequentemente, mais mortes".

A média móvel de mortes, que tem um peso maior no novo modelo de classificação, é um indicador do qual o município não tem como escapar. Reblin observa que, quando se trata de casos ativos, é possível que a administração não alcance todos para fazer os registros, ao passo que, quando são óbitos, o lançamento dos dados é inevitável. 

Apesar da mudança na forma de classificação, em que entraram esses novos indicadores e também a taxa de testagem por mil habitantes, e saíram dados sobre isolamento e população idosa, o subsecretário sustenta que São Mateus e Piúma teriam continuado no risco alto para a Covid-19. 

SÃO MATEUS

O secretário da Saúde de São Mateus, Henrique Luis Follador, reconhece que os indicadores do município não são favoráveis, com 12 mortes nos últimos 10 dias e o episódio da contaminação de presos no Centro de Detenção Provisória (CDP), mas ressalta que medidas têm sido implementadas para que, gradativamente, possa reduzir o nível de risco. 

A cidade conta com barreiras sanitárias itinerantes, que são levadas inclusive para a zona rural, nas quais são distribuídas máscaras para a população, material informativo, além de ser realizada a aferição de temperatura. No próximo feriado, Henrique Follador diz que uma barreira fixa será instalada no acesso a Guriri, balneário mais movimentado do município. 

O secretário assegura que a fiscalização é permanente no comércio, nos restaurantes e praias e, agora, por recomendação do Ministério Público do Estado Espírito Santo (MPES), também será direcionada para os templos religiosos que, embora tenham autorização de funcionamento, devem respeitar as recomendações das autoridades sanitárias para limite de ocupação e distanciamento. 

Outra recomendação da promotoria do município que será avaliada, afirma Henrique Follador, é a aplicação de multas às pessoas que desrespeitam a determinação de usar máscara ao sair às ruas. O secretário ressalta que a indisciplina de parte da população tem afetado diretamente os indicadores. 

"A intransigência de algumas pessoas em não querer cumprir regras é um problema sério. Temos feito muita coisa, mas o que depende do comportamento de cada um é difícil de controlar. Por isso, a recomendação para aplicação de multa numa tentativa de controlar a transmissão e diminuir os riscos no município", argumenta Henrique Follador.

PIÚMA

Em Piúma, a prefeitura não esclareceu as razões que podem ter contribuído para o resultado negativo do município. Por nota, a assessoria informou, apenas, que "está elaborado um decreto com restrições para o risco alto. Serão realizados trabalhos como: formação de barreiras sanitárias, conscientização da população e mobilização junto aos comércios locais, visando orientar e fiscalizar".

NOVA MATRIZ

A nova matriz de risco da Covid-19 no Espírito Santo, que passou a vigorar nesta segunda-feira (31), estabeleceu dois eixos - ameaça e vulnerabilidade - para classificar as cidades, conforme os indicadores avaliados. Agora, conseguir ficar no menor nível de risco exige um grande esforço das administrações municipais.

No eixo "ameaça", número de casos ativos dos últimos 28 dias e testagem por mil habitantes terão, cada um, peso de 30% na análise. Já a média de mortes, 40%. No eixo "vulnerabilidade" será considerada a taxa de ocupação de leitos potenciais de UTI no Estado. Este modelo estabelece uma matriz de convivência com a pandemia, que ainda não acabou, com novas formas de controle da disseminação do coronavírus.

Foram definidas cinco faixas populacionais para determinar o nível de ameaça, de acordo com a média móvel de mortes. Quanto menos habitantes, menor deve ser o indicador para reduzir o risco do município. Nas cidades com menos de 30 mil pessoas, a média de óbitos não pode passar de 0,1 para uma ameaça considerada leve, e vai crescendo sucessivamente até chegar a 0,5, nos municípios com mais de 200 mil habitantes.

RESTRIÇÕES

Nas cidades classificadas como risco alto, as atividades comerciais estão liberadas para funcionar de segunda a sexta-feira, das 10h às 16 horas. Nos municípios com até 70 mil habitantes, como Piúma, podem abrir também aos sábados, das 9h às 15h. Contudo, o funcionamento só pode ocorrer ao longo de cinco dias e o comerciante deverá escolher se abre na segunda ou no final de semana.

O funcionamento dos shoppings permanece restrito aos dias da semana, do meio-dia às 20h. A flexibilização foi concedida para os restaurantes das praças de alimentação, que poderão abrir também aos sábados, até as 18h. O funcionamento de restaurantes foi ampliado para os sábados, até as 18h. Até agora, só eram permitidos de segunda a sexta, das 10 às 16h. Bares continuam proibidos.

Independentemente da classificação de risco do município, algumas orientações valem para todos os segmentos, tais como a obrigatoriedade do uso de máscaras e a disponibilização de álcool em gel para os funcionários e os clientes, bem como respeito a todas as medidas sanitárias estabelecidas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

O subsecretário Luiz Carlos Reblin reforça, ainda, que, do nível baixo ao alto em que estão classificados os municípios do Estado, o risco ainda existe.  "É preciso continuar com o distanciamento, usar máscara, lavar as mãos como medidas de precaução".

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