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Publicado em 7 de abril de 2025 às 17:19
- Atualizado há 22 dias
Mais uma vez diversas ruas e avenidas de Vitória ficaram alagadas após a cidade ser atingida por chuvas, levantando dúvidas sobre o que teria provocado os alagamentos desta vez. Especialistas ouvidos por A Gazeta avaliam que tem chovido mais em um curto espaço de tempo em função das mudanças climáticas. Por isso, avaliam ser necessário pensar na reestruturação das estações de bombeamento e criar mais mecanismos para permitir a água permear no solo.>
Segundo a Defesa Civil da Capital, foram 73,5 mm de chuva em 24 horas. Na avaliação do doutor e mestre em Ciência Florestal e Ambiental Luiz Fernando Schettino, o volume é realmente alto e deve se tornar cada vez mais comum em função do aquecimento global. Dessa forma, ele entende ser necessário debater algumas técnicas de drenagem, como a capacidade das estações de bombeamento de água.>
"Eu não sei o dimensionamento do sistema de bombas, a eficiência e a funcionalidade dele. Acho que é uma questão que tem que ser muito debatida. O sistema precisa ser redimensionado ou reavaliado, verificar a eficiência, a funcionalidade.">
Na mesma linha, o engenheiro civil Luciano Motta entende que estações de bombeamento como a de Bento Ferreira, em Vitória, que chegou a ficar sem energia durante a madrugada, precisam ser modernizadas.>
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"A estação de bombeamento tem o objetivo de tirar a influência da maré. Então, coloca-se uma comporta e toda drenagem que vem com a chuva vai ser bombeada. Essa estação é muito antiga, talvez tenha que ser modernizada. Hoje em dia você já tem estações automatizadas. Locais com esse nível de importância têm a obrigatoriedade de ter geradores, caso aconteça interrupção de energia", reflete. >
"Dependendo do tipo de chuva, alaga mesmo e alaga em qualquer cidade do mundo. Não tem como dimensionar a fórmula de tempo de retorno, que usamos para calcular a capacidade da drenagem para uma chuva muito intensa. Senão teríamos que instalar muitas galerias na cidade e não haveria espaço", contextualiza.>
Luciano Motta entende que drenagem é um tema complexo e não há solução única e mágica, mas avalia que os municípios capixabas podem adotar medidas para permitir que a água permeie no solo e não chegue tão rapidamente aos canais e galerias.>
"Definir áreas que podem servir de reservatórios, áreas em que se use outro tipo de pavimento e não asfalto, investir em drenagem sustentável, que são diversos tipos de dispositivos que você pode captar água, é o que grandes cidades do mundo estão fazendo. Na China, existe até o termo 'Cidade Esponja'. Muitos reservatórios, captação, pavimento permeável, porque os canais e as galerias não aguentam essa quantidade de água tão rápido.">
Luiz Fernando Schettino, por sua vez, chama a atenção para um estudo que leve em consideração a influência do nível da maré na cidade e para a necessidade de cuidar do lixo jogado nas ruas.>
"Também aqui na Grande Vitória tem um problema recorrente que é lixo, o que leva ao entupimento de muitos bueiros, de locais em que a água deveria escoar. Mas o importante para mim é que precisa ser feito um estudo muito robusto, envolver vários segmentos que entendem dessa matéria para que se tenha um plano efetivo, eficaz, de mitigação dos efeitos do aquecimento global.">
Nesta segunda-feira (7), o impacto foi maior em ruas e avenidas dos bairros Bento Ferreira, Monte Belo e Praia do Suá. Situações semelhantes foram registradas em 23 de dezembro de 2024 e em 9 de janeiro deste ano, quando a água tomou conta de vias e impediu o fluxo de pedestres em outras cidades, como Vila Velha, Cariacica e Serra.>
Através da Secretaria da Central de Serviços, a Prefeitura de Vitória salientou que as estações de bombeamento de águas pluviais estão em funcionamento, enquanto realiza análise técnica para instalação de geradores de energia nas estruturas. >
Através de nota, a gestão municipal pontuou que “reconhece a importância estratégica desses equipamentos para garantir a continuidade dos serviços essenciais durante eventuais interrupções no fornecimento de energia elétrica pela concessionária EDP, como ocorreu nesta madrugada". >
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