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Publicado em 30 de julho de 2025 às 11:36
O terremoto de magnitude 8,8 registrado nesta quarta-feira (30), com epicentro próximo à Península de Kamchatka, na Rússia, gerou ondas de tsunami que atingiram territórios russos e japoneses, além de alertas em diversos países. Por causa do impacto, a reportagem de A Gazeta procurou especialistas para saber se o tremor pode provocar algum reflexo no Espírito Santo.>
Especificamente o terremoto desta quarta-feira não representa ameaça ao litoral capixaba nem a outras regiões costeiras do Brasil, pelo menos por enquanto. Mesmo assim, um dos especialistas fez um alerta quanto ao preparo local para lidar com esse tipo de situação. >
O tremor, considerado o mais intenso do mundo desde o desastre nuclear de Fukushima, em 2011, ocorreu em uma região altamente sísmica do planeta, conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico. Apesar do impacto local — com ondas entre três e quatro metros e evacuações em massa no Japão, Havaí e outras partes do Pacífico — os efeitos não chegam ao Atlântico Sul com força significativa.>
Luiza Leonardi Bricalli, doutora em Geologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que a localização geográfica do Brasil em relação ao epicentro acaba protegendo nosso litoral. >
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Luiza Leonardi Bricalli
Doutora em Geologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)Segundo Bricalli, o Brasil está localizado no interior da Placa Sul-Americana, distante das bordas onde ocorrem os grandes choques tectônicos. “Por isso, o país não está sujeito a terremotos de grande magnitude nem à formação de tsunamis locais”, destaca.>
Ela também esclarece que ondas oceânicas geradas no Pacífico raramente atravessam completamente o oceano para atingir com força o lado atlântico. >
Luiza Leonardi Bricalli
Doutora em Geologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)Embora os riscos diretos do tsunami estejam descartados para o Brasil, pelo menos momentaneamente, o doutor e mestre em Ciência Florestal e Ambiental Luiz Fernando Schettino chama a atenção para outra preocupação: a falta de preparo do país para lidar com eventos ambientais na costa.>
“Eu acho que nós estamos despreparados para lidar com algo que acontece na costa. A gente tem problema com lixo de navio, falta de fiscalização, óleo no mar. Não tenho conhecimento sobre alertas aqui no Espírito Santo relacionados à possibilidade de tsunamis. Neste cenário de mudanças climáticas, é preciso considerar a possibilidade”, afirma Schettino. >
Para ele, se um evento semelhante tivesse ocorrido, por exemplo, nas Ilhas Canárias, na África, onde há atividade vulcânica, o Espírito Santo poderia ter sido afetado. >
Schettino ressalta ainda que o cenário de mudanças climáticas exige vigilância constante. “É necessário um olhar à costa em todos os sentidos. Quantos pescadores temos no mar? E se acontece alguma coisa?”, questiona. Ele defende a criação de um sistema de defesa e cultura de proteção para o ambiente marinho no Brasil.>
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