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Novo arcebispo de Vitória defende proximidade da Igreja com comunidades

Novo arcebispo de Vitória defende proximidade da Igreja com comunidades

Dom Ângelo Ademir Mezzari toma posse neste sábado (22) e tem uma trajetória marcada por trabalhos sociais em favelas de São Paulo

Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 14:20

Dom Ângelo Ademir Mezzari, novo arcebispo de Vitória
Dom Ângelo Ademir Mezzari, novo arcebispo de Vitória Crédito: Arquivo pessoal

Nomeado pelo papa Francisco no fim de 2024, o novo arcebispo da Arquidioce de Vitória, dom Ângelo Ademir Mezzari, até então bispo auxiliar de São Paulo, toma posse da Diocese mais antiga do Espírito Santo neste sábado (22). Em conversa com A Gazeta na manhã desta sexta-feira (21), defendeu uma igreja mais próxima da periferia e que contribua para superar a polarização política.

“A minha formação e a minha vida religiosa consagrada me permitiram ter uma visão bastante ampla sobre qual é a função da Igreja no mundo. Da minha parte, também como característica pessoal, sempre fui muito ligado ao trabalho pastoral. A minha experiência de formação foi nas favelas, na periferia de São Paulo. Eu tenho uma fase da minha vida, além da formação teológica e pastoral,  em trabalhei muito na área social, fui o primeiro presidente do Conselho Municipal de Assistência Social de São Paulo”, contou.

Mezzari afirmou que, como arcebispo, quer estar mais próximo das pessoas e contribuir para uma igreja mais próxima das comunidades. “Meu modo pessoal é de muita proximidade, de diálogo, de presença. Espero continuar muito próximo do povo, das pessoas, das comunidades, assim como sempre fui.”

"Não pretendo ser um bispo burocrático, nem de escrivaninha. Não é meu jeito, nunca foi, nem vai ser"

Dom Ângelo Ademir Mezzari

Novo arcebispo de Vitória

Até então em São Paulo, o novo arcebispo avaliou que os dois primeiros desafios logo após a posse são se aproximar dos padres e conhecer a estrutura da Diocese de Vitória. 

“Meu desafio pessoal é fazer o diálogo, a proximidade com o clero. Semana que vem, tenho que começar a me aproximar dos padres, conhecê-los, e para que eles me conheçam. A força dos presbíteros é essencial para a evangelização. Depois, em um segundo momento, conhecer mais a estrutura da Cúria e, imediatamente, começar a visitar, estar presente nas paróquias. O arcebispo tem a função eclesiástica, mas também é a autoridade que representa a Santa Sé, então, claro, fazer as mediações com os Poderes Legislativo e Executivo.”

Igreja unida contra a polarização

Mezzari reconhece que há uma polarização política na sociedade e afirma que há divisões também dentro da própria Igreja Católica, mas que isso deve ser superado através da própria Igreja.

“Vivemos em uma sociedade culturalmente bastante polarizada, não só no âmbito social-político, mas também internamente, na Igreja. O mais importante é saber que é fruto de uma realidade, de uma cultura, mas a Igreja tem uma missão, da unidade, da comunhão, então, como princípio, e a função do arcebispo é manter a unidade, manter a comunhão e ser fiel a Jesus Cristo e ao Evangelho.” 

No entendimento do novo arcebispo, seja em São Paulo, seja em Vitória, a mensagem a ser passada aos fiéis deve ser sempre a mesma. “A Igreja já tem uma história, cada arquidiocese tem as suas características, mas é a mesma Igreja, as paróquias, as comunidades eclesiais.”

Mezzari também defendeu que a Igreja Católica se manifeste quando houver algum acontecimento que coloque a vida humana em risco. “Temos que ter bem claro a nossa missão, que é fortalecer a comunhão, a unidade. As diferenças, ou a diversidade, são uma riqueza quando bem vivida, ela não pode levar a divisões familiares, entre o clero, nas comunidades. A gente tem que saber distinguir um parecer, uma consciência que a pessoa tem. Mas aquilo que contribui para o bem comum, e todos são voltados para o bem comum, seja as igrejas, os Poderes, todos têm que pensar no bem comum. É claro que quando houver situações que ferem a vida humana, que atingem a uma sociedade, que quebrem a normalidade da harmonia social, a Igreja tem que se manifestar.” 

"A missão da Igreja sempre será controversa, porque ela anuncia uma verdade que é Jesus Cristo, que questiona as realidades"

Dom Ângelo Ademir Mezzari

Novo arcebispo de Vitória

Dom Ângelo Ademir Mezzari foi nomeado em dezembro de 2024. A mudança aconteceu após o pedido de renúncia de dom Dario Campos, anunciado em junho do ano passado.

Mezzari tem 39 anos de vida religiosa e 35 anos de sacerdócio. Nascido em 2 de abril de 1957, na localidade de Sanga do Engenho, município de Nova Veneza, atualmente Forquilhinha, em Santa Catarina, é filho de Antonio Mezzari e Maria Etelvina Ronchi Mezzari, sendo o mais velho de 7 irmãos.

Já no Estado de São Paulo, fez noviciado canônico em Bauru, em São Paulo, no ano de 1980, e a primeira profissão religiosa no dia 31 de janeiro de 1981. Professou os votos perpétuos na Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus, em janeiro de 1984, em Criciúma, Santa Catarina.

Ele ainda estudou Filosofia na Faculdade Nossa Senhora Medianeira, em São Paulo, e Teologia no Instituto Teológico Pio XI, também na capital paulista. Foi ordenado sacerdote no dia 22 de dezembro de 1984, em Forquilhinha, sua terra natal.

Após a ordenação, completou seus estudos fazendo o curso de Comunicação Social/Jornalismo na Universidade Federal do Paraná. E, em São Paulo, em 2003, completou o Mestrado em Teologia Dogmática, na Pontifícia Faculdade Assunção, da Arquidiocese de São Paulo.

Também atuou na Igreja no Brasil, no âmbito da pastoral vocacional, em particular junto à Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada da CNBB. Entre 1990 e 2010, foi colaborador e membro do Grupo de Assessoria Vocacional e contribuiu na realização dos Congressos Vocacionais do Brasil.

Desde outubro de 2016 é superior da Comunidade Religiosa Rogacionista, em Bauru (SP), e pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças.

Foi nomeado pelo papa Francisco como bispo titular de Fiorentino e auxiliar da Arquidiocese de São Paulo. No dia 26 de abril de 2023, durante a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, foi eleito como presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, para o período de 2023-2027.

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