Publicado em 27 de julho de 2020 às 15:24
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, em junho, pelo menos 14 mil idosos no Espírito Santo moravam em residências onde havia pessoas com sintomas de infecção pelo coronavírus. A população acima de 60 anos é considerada grupo de risco por faixa etária, e é nela que se concentra a maioria dos óbitos no Estado provocados pela doença. >
Do total de 1,364 milhão de domicílios no Estado, em 47 mil (3,4%) havia no mínimo uma pessoa com sinais da Covid-19. Destes, em 14 mil (29,6%) moravam idosos. Nesse cenário, em que muitas vezes é difícil manter o distanciamento necessário dos mais velhos, é fundamental que os protocolos de saúde dentro de casa sejam reforçados, sobretudo por aqueles que estão com sintomas. O uso de máscara deve ser contínuo no ambiente domiciliar enquanto houver risco de transmissão da doença.>
Das 2.341 mortes por Covid-19 confirmadas até esta quinta-feira (23) no Estado, 75,34% atingiram as pessoas com 60 anos ou mais. Muitas dessas vítimas conviviam com familiares infectados, outras ficaram doentes em asilos e evoluíram com gravidade até a morte. No levantamento mais recente do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), mais de 600 idosos foram contaminados e 59 morreram em instituições de longa permanência. >
Juliana Mitre da Silva, mestre em Enfermagem e professora da disciplina de Saúde do Idoso na Faesa, explica que o processo natural de envelhecimento torna as pessoas mais velhas com propensão maior a infecções, bacterianas ou virais, como a Covid-19, e, quando são acometidos pela doença, têm mais dificuldade para enfrentá-la.>
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"Com o avançar da idade, o organismo do individuo vai amadurecendo e tendo várias perdas, como a do sistema imunológico, que sofre um declínio e deixa o idoso mais predisposto a qualquer infecção", aponta.>
A professora diz, ainda, que o pulmão é um órgão que também tem sua capacidade funcional reduzida com o envelhecimento e esse é outro fator que, nas doenças respiratórias como a Covid-19, contribui para o agravamento dos quadros de infecção. >
Essas condições colocam o idoso como o principal grupo de risco para a Covid, afirma Juliana, e a situação pode se tornar mais crítica se o processo de envelhecimento é acompanhado de senilidade, ou seja, também apresenta comorbidades ou sequelas de outras doenças.>
Com este perfil, Juliana observa que é natural que o idoso precise dos cuidados de terceiros, muitas vezes até para atividades básicas do dia a dia, como alimentação e higiene. No contexto da pandemia, a professora ressalta que a atenção com os mais velhos deve ser redobrada, havendo ou não pessoas com sintomas de infecção por coronavírus em convivência diária.>
Um aspecto que Juliana faz questão de ressaltar é que, para os idosos, o distanciamento não pode ser sinônimo de isolamento porque eles precisam de suporte até para sua saúde emocional. O ideal, no momento, é que um grupo menor de pessoas fique responsável pelo cuidado com os idosos e, neste caso, quem for designado para a tarefa deve evitar outras atividades, como idas ao supermercado. As visitas também devem ser evitadas, mas podem ser compensadas com ligações telefônicas ou chamadas pela internet. >
"O distanciamento é social, não emocional. Seguindo as regras, é possível garantir a atenção que vai repercutir diretamente no bem-estar e na qualidade de vida da pessoa idosa", frisa.>
Mas, se na residência onde vive um idoso tem pessoa com sintomas da Covid, quem está doente deve permanecer o tempo inteiro de máscara, e evitar ficar no mesmo ambiente. Na medida do possível, o infectado pelo coronavírus deve ainda manter-se isolado em um cômodo, separado de toda a família. Na casa, também precisam ser reforçadas as ações de higiene e limpeza, assim como criar condições para ter mais ventilação em todos os locais. >
"E é preciso ficar atento para eventuais sintomas no idoso e, a qualquer sinal, prontamente buscar assistência médica", recomenda Juliana, acrescentando que esse atendimento não precisa, obrigatoriamente, ser a condução do idoso para uma emergência, mas inicialmente tentar orientações por telefones disponibilizados por prefeituras ou planos de saúde para evitar exposição desnecessária.>
Pablo Lira, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), acrescenta que, mesmo neste período em que a Covid-19 começa a se estabilizar no Espírito Santo, é fundamental que a população mais vulnerável, e nesse grupo estão os idosos, mantenha o controle para o distanciamento social e todos os protocolos de saúde. >
"É importante não descuidar até que seja desenvolvida uma vacina eficaz e com ampla distribuição para a população. Quando houver um número adequado de pessoas vacinadas, somente então poderemos reduzir os cuidados", finaliza. >
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