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Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 16:53
O desembargador Eder Pontes da Silva, do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), negou nesta quarta-feira (31) o habeas corpus pedido pelo veterinário e político do PL Thiago Oliveira do Nascimento, investigado pelo Ministério Público estadual por suspeita de extorquir um milionário indiano. Segundo o magistrado, a decretação de prisão é comprovadamente imprescindível para a conclusão das investigações. A decisão é liminar, ou seja, temporária. >
Na decisão, o juiz elenca as situações encontradas na investigação até o momento, que apontam que Thiago teria usado fotos e outros registros tirados do celular de uma brasileira com quem o empresário indiano teve um relacionamento extraconjugal por seis anos, para exigir pagamentos em criptomoedas. >
Ressaltou ainda que, durante a prisão dele, foi encontrado um grande arsenal, com armas de fogo, inclusive de grosso calibre, munições, um simulacro de granada e coletes balísticos. Além disso, foi apreendido, no quarto de hotel de luxo onde Thiago estava hospedado, um aparelho "Flipper Zero", usado por hackers para clonar crachás e abrir fechaduras eletrônicas, entre outros fins.>
"Diante de todo o exposto, é patente a necessidade da manutenção da prisão temporária de Thiago Oliveira do Nascimento e o perigo gerado caso seja colocado em liberdade, haja vista a alta complexidade de investigação que o caso impõe, considerando a gravidade dos atos supostamente praticados pelo paciente, a apreensão de aparelhos eletrônicos de elevado grau de tecnologia e diversos modelos de arma de fogo, bem como a forma que o paciente supostamente operava as transações financeiras", escreveu o desembargador.>
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O veterinário foi preso na última terça-feira (23) e teve a prisão temporária prorrogada por mais cinco dias pela juíza Paula Cheim Jorge, da 2ª Vara Criminal de Vila Velha, na sexta-feira (26). O prazo de prisão dele termina às 23h59 de quinta-feira (1). >
O primeiro desembargador a julgar o habeas corpus impetrado pela defesa de Thiago se declarou suspeito de analisar o caso por "motivo de foro íntimo" na segunda-feira (29). Assim, o processo foi redistribuído e chegou ao gabinete do desembargador Eder Pontes Silva.>
A defesa de Thiago foi procurada por A Gazeta, mas afirmou que, por enquanto, não vai se manifestar. >
O veterinário Thiago Oliveira do Nascimento é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e suspeito de praticar extorsão, coação e ameaça contra um milionário indiano.>
Desde outubro de 2023, Nascimento é filiado ao PL e era até considerado por atores políticos canelas-verdes como possível candidato à Prefeitura de Vila Velha em 2024. Em 2022, disputou uma vaga de deputado estadual pela Rede. >
O veterinário foi preso em um hotel de Vitória. Naquela terça-feira (23), mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em endereços ligados a ele.>
Segundo a decisão do dia 26, à qual a colunista Letícia Gonçalves teve acesso, foram encontrados, na cabeceira da cama do quarto do hotel, uma arma de fogo, uma pistola Taurus .380. e um "distintivo CAC do Exército", o que indica que o suspeito tem registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).>
Ainda no quarto, estavam 92 munições, R$ 14 mil em dinheiro e um "aparelho hacker". O relatório do Gaeco descreve o "Flipper Zero" como "aparelho famigeradamente utilizado por 'hackers', proibido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)". >
"Tal aparelho torna sistemas de segurança mais vulneráveis, capaz de interagir com interfaces digitais no mundo físico, incluindo clonar sinais de RFID e NFC, usados em crachás, chaves eletrônicas, celulares que fazem pagamentos por aproximação, análise de protocolos de rádio, abertura de portas de carros, catracas e fechaduras eletrônicas e sistemas de controle de acesso, tudo através de 'clonagem'. Utilizado de forma maliciosa, a cópia realizada com o aparelho o FLIPPER ZERO pode ser usada para acessar áreas restritas, fazer pagamentos indevidos ou roubar informações pessoais", diz o relatório, citado na decisão judicial.>
A suspeita é que Thiago Oliveira do Nascimento extorquiu ao menos US$ 1,8 milhão do indiano ao ameaçar divulgar imagens e mensagens que comprovariam que o empresário, casado, manteve um caso extraconjugal com uma brasileira. Os pagamentos ocorreram, de acordo com o Gaeco, entre 2021 e 2023, via criptomoedas. >
Simulacros de granada>
No apartamento em que Nascimento mora, em Itapoã, Vila Velha, o Gaeco encontrou dois simulacros de granada M67, dois rifles, mais munições e relógios de marcas de luxo, como Rolex e Montblanc.>
"Após a prisão do investigado, identificou-se potencial esquema de lavagem de ativos arrecadados a partir da extorsão praticada, com a participação de interpostas pessoas a serviço de Thiago", escreveu a juíza, ao prorrogar a prisão temporária.>
Ou seja, mais pessoas podem ser abarcadas pelo Procedimento de Investigação Criminal (PIC) que tramita no Ministério Público Estadual. >
O que diz o PL>
Em comunicado enviado à imprensa, o PL de Vila Velha, presidido por Carlos Salvador, afirmou que "o partido não pode ser responsabilizado pelos atos individuais de seus afiliados" e "repudia firmemente qualquer conduta que não esteja alinhada com valores morais sólidos".>
"Em nenhum momento, o senador Magno Malta, presidente do PL-ES, ou qualquer representante oficial do partido, declarou Thiago Oliveira como pré-candidato. Portanto, não podemos nos responsabilizar por especulações políticas envolvendo o seu nome", diz ainda a nota.>
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