Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 21:10
Uma reunião entre representantes do Sindicato Estadual das Empresas de Limpeza Urbana do Espírito Santo (Selures) e do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), realizada na tarde desta segunda-feira (07), na sede do Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES), resultou em uma proposta intermediária que será levará à assembleia dos trabalhadores para definir os rumos da greve dos motoristas de caminhões de lixo. >
De acordo com uma nota divulgada pelo MPT, após quatro horas de negociação, as representações dos dois sindicatos chegaram a um consenso preliminar, sujeito a aprovação pela assembleia, que deverá ocorrer até o dia 13 de dezembro. Caso seja firmado o acordo, ficará garantido aos trabalhadores o reajuste salarial no percentual de 2,50% retroativo a 1º de maio de 2020, um reajuste de 4% no tíquete-alimentação, também retroativo à mesma data, além da manutenção de todas as condições que já haviam sido objeto de discussão anterior. O consenso foi atingido a partir da proposta encaminhada pelo mediador, o procurador-chefe do MPT Valério Soares Heringer.>
A audiência ocorreu após decisão do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários) pela suspensão do movimento grevista que paralisou a atividade de limpeza urbana em municípios do Espírito Santo. A partir da última quarta-feira (02) o serviço retornou com 100% da frota. >
Durante nove dias consecutivos de paralisação dos motoristas dos caminhões, moradores reclamaram dos pontos de acúmulo de lixo. A greve, que começou no dia 12 de novembro, chegou a ser suspensa e retomada no último dia 23, reflete uma insatisfação da categoria, que não havia aceitado as propostas de reajuste salarial e outros pontos apresentados aos trabalhadores pelo sindicato patronal.>
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Inicialmente, o Sindicato Estadual das Empresas de Limpeza Urbana (Selures) entrou com um pedido judicial no dia 11 de novembro, junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), pedindo que fosse mantida pelo menos 70% da frota de limpeza em cada cidade, além de multa de R$ 50 mil para o Sindirodoviários, em caso de descumprimento. >
No documento, o Selures argumentou que, em setembro de 2020, tentou negociar e disse que, com a pandemia da Covid-19, o serviço prestado pela categoria é indispensável para a limpeza urbana e coleta de lixo, principalmente de hospitais e postos de saúde.>
O Sindirodoviários, à ocasião, informou que foi atendida a determinação e que 70% da frota estevava nas ruas. O Selures, porém, disse que na Serra, os grevistas impediam a saída de veículos da garagem, não cumprindo a porcentagem estabelecida pela decisão judicial. >
A primeira decisão do TRT se deu no sentido de conceder parcialmente para determinar que o Sindirodoviários mantivesse 70% das atividades funcionando, em toda a base de abrangência, sob pena de multa de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) por dia, limitado a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), em caso de descumprimento.>
Em seguida à decisão, o sindicato patronal se manifestou no processo, no dia 12 de novembro, alegando o descumprimento da decisão pelos trabalhadores e dizendo que o Sindirodoviários estaria utilizando violência para impedir o funcionamento das empresas de coleta, impedindo a saída de caminhões e agindo de forma a permitir que apenas 30% da frota circule. Diante disso, o TRT concedeu o prazo de 24h para resposta do sindicato da categoria dos motoristas.>
No dia seguinte, foi marcada audiência de conciliação, que acabou sendo remarcada para o dia 16 de novembro. Pelo Selures foram apresentadas duas propostas naquele dia. O Judiciário, junto ao Ministério Público do Trabalho apresentou, à ocasião, uma proposta intermediária. Uma nova conciliação ficou marcada para o dia 18 do mesmo mês.>
Na audiência do dia 18, o Selures afirmou que não apresentaria novas propostas além das duas já oferecidas no dia 16: 2,46% de reajuste retroativo a maio ou 4,77% sem retroatividade e com alteração da data-base da categoria para novembro. Por fim, não houve acordo. A greve foi então retomada no dia 23.>
"O Selures propôs 4,77% a ser pago a partir de novembro, com a alteração da data base para 1 de novembro. Refutamos tal proposta, mas nos comprometemos a levar para assembleia. A Presidente do Tribunal do Trabalho propôs algo ao Selures no sentido de construir uma proposta intermediária, em torno de 3%, mantendo a data base em maio e um reajuste maior no ticket alimentação. O Selures ficou de apreciar a proposta e sinalizou positivamente. Ocorre que eles voltaram atrás e mantiveram apenas as duas propostas. Com isso a greve foi retomada a partir de hoje (23)", explicou o Sindirodoviários, à época.>
De acordo com o Selures, houve tentativas extrajudiciais e três reuniões de conciliação mediadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que, no entanto, resultaram em propostas rejeitadas pelo Sindirodoviários.>
Trabalhadores e empresários afirmam que as conversas se esgotaram e que aguardariam o resultado do processo de dissídio coletivo que corre na Justiça do Trabalho.>
Já no último dia 24, uma nova decisão judicial avaliou a acusação do Selures no sentido de que a coleta de lixo não estava sendo mantida no percentual de 70%, já determinado anteriormente. Por este motivo, o sindicato patronal pediu uso de força policial e majoração da multa. Diante da manifestação, o TRT concedeu 48h para que o Sindirodoviários se manifestasse no processo.>
Em análise dos fatos, o TRT determinou, no dia 30, a multa de R$ 5 mil por dia, a ser contada desde o dia 12 de novembro e enquanto durasse o descumprimento de manutenção dos 70% do serviço de coleta, bem como a condução dos dirigentes do Sindirodoviários perante autoridade policial para lavrar Termo Circunstanciado em delegacia.>
Em função dessa decisão, o Sindirodoviários decidiu suspender a greve no dia 2 de dezembro e aguardar o julgamento do Dissiodio Coletivo. >
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