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Greve do lixo está suspensa no ES, diz Sindirodoviários

Greve do lixo está suspensa no ES, diz Sindirodoviários

A expectativa do sindicato dos trabalhadores, de agora em diante, é de que a Justiça julgue o Dissídio Coletivo favoravelmente à categoria

Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 18:14

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Lixo nas ruas de Jardim Camburi
Lixo nas ruas de Jardim Camburi. (Fernando Madeira)

Após reunião interna realizada nesta quarta-feira (02), o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários) informou que decidiu pela suspensão do movimento grevista que paralisou a atividade de limpeza urbana em municípios do Estado. A partir de hoje (02) o serviço retorna com 100% da frota. Durante nove dias consecutivos de paralisação dos motoristas dos caminhões coletores, a população reclamou muito dos pontos de acúmulo de lixo. A greve refletiu uma insatisfação da categoria, que não aceita as propostas de reajuste salarial e outros pontos apresentados aos trabalhadores pelo sindicato patronal.

A expectativa do sindicato dos trabalhadores, de agora em diante, é de que a Justiça julgue o Dissídio Coletivo favoravelmente à categoria. De acordo com o diretor do Sindirodoviários, a greve perdeu efeito com a última decisão judicial, que impôs multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento da manutenção de 70% das atividades de coleta. O sindicato afirmou que se houver algum tipo de represália, a greve será retomada obedecendo a liminar da Justiça.

De acordo com um dos advogados do Sindirodoviários, Rafael Burini, o serviço estava parado em apenas 30%, limite permitido pela Justiça. "O movimento foi suspenso a partir de hoje (2) e voltou a 100% das atividades, já está rodando em toda a nossa base territorial. Estávamos parados em 30%. A categoria entendeu nesse momento que vai haver suspensão, mas ainda aguarda julgamento do dissídio. Pensaremos se teremos outros movimentos, ou seja, a categoria continua em estado de greve, podendo retomar a paralisação a qualquer momento. A categoria acredita que o Judiciário nos dará uma resposta e estamos abertos a negociações com o sindicato patronal", afirmou.

O caso segue em Dissídio Coletivo na Justiça e ainda não houve decisão final. A movimentação mais recente no processo contou com a determinação pelo Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (TRT), nesta segunda-feira (30), de multa de R$ 5 mil por dia, a ser contada desde o dia 12 de novembro e enquanto durasse o descumprimento da liminar que estipulou manutenção de 70% do serviço de coleta, bem como a condução dos dirigentes do Sindirodoviários perante autoridade policial para lavrar Termo Circunstanciado em delegacia.

Além disso, um acordo entre o Sindicato Estadual das Empresas de Limpeza Urbana (Selures), o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários), juntamente à comunidade e a Prefeitura de Vitória (PMV) estabeleceu que desde a última segunda-feira (30) as carretas do transbordo, ou seja, que realizam a transferência de resíduos até o aterro sanitário, poderiam circular para fazer o serviço. O acúmulo do lixo na usina, no bairro Resistência, na Capital, estava trazendo muitos transtornos para a população do entorno.

O OUTRO LADO

Acionado pela reportagem, o Sindicato Estadual das Empresas de Limpeza Urbana (Selures) respondeu, por volta das 17h30, em nota, que foi comunicado, na tarde desta quarta-feira (02), pelo Sindirodoviários sobre a suspensão do movimento paredista. “O Selures entende que esta foi uma decisão acertada para não causar mais prejuízos à ordem pública e aos cidadãos. Neste momento, reforça junto à população que as empresas de limpeza pública não irão medir esforços para regularizar os serviços, na maior brevidade possível, com qualidade e eficiência”, afirmou.

Lixo acumulado nas ruas de Jardim da Penha(Fernando Madeira)

O TRÂMITE NA JUSTIÇA

Inicialmente, o Sindicato Estadual das Empresas de Limpeza Urbana (Selures) entrou com um pedido judicial no dia 11 de novembro, junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), pedindo que fosse mantida pelo menos 70% da frota de limpeza em cada cidade, além de multa de R$ 50 mil para o Sindirodoviários, em caso de descumprimento.

No documento, o Selures argumentou que, em setembro de 2020, tentou negociar e disse que, com a pandemia da Covid-19, o serviço prestado pela categoria é indispensável para a limpeza urbana e coleta de lixo, principalmente de hospitais e postos de saúde.

O Sindirodoviários, à ocasião, informou que foi atendida a determinação e que 70% da frota esteve nas ruas. O Selures, porém, disse que na Serra, os grevistas impediam a saída de veículos da garagem, não cumprindo a porcentagem estabelecida pela decisão judicial.

A primeira decisão do TRT se deu no sentido de conceder parcialmente para determinar que o Sindirodoviários mantivesse 70% das atividades funcionando em toda a base de abrangência, sob pena de multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por dia, limitado a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), em caso de descumprimento.

Em seguida à decisão, o sindicato patronal se manifestou no processo, no dia 12 de novembro, alegando o descumprimento da decisão pelos trabalhadores e dizendo que o Sindirodoviários estaria utilizando de violência para impedir o funcionamento das empresas de coleta, impedindo a saída de caminhões e agindo de forma a permitir que apenas 30% da frota circule. Diante disso, o TRT concedeu o prazo de 24h para resposta do sindicato da categoria dos motoristas.

No dia seguinte, foi marcada audiência de conciliação, que acabou sendo remarcada para o dia 16 de novembro. Pelo Selures foram apresentadas duas propostas naquele dia. O Judiciário, junto ao Ministério Público do Trabalho apresentou, à ocasião, uma proposta intermediária. Uma nova conciliação ficou marcada para o dia 18 do mesmo mês.

Na audiência do dia 18, o Selures afirmou que não apresentaria novas propostas além das duas já oferecidas no dia 16, quais sejam a de 2,46% de reajuste retroativo a maio ou 4,77% sem retroatividade e com alteração da data-base da categoria para novembro. Por fim, não houve acordo. A greve foi então retomada no dia 23.

Lixo acumulado na avenida Maruípe, bairro Santa Martha, após motoristas de caminhão da limpeza pública decretarem greve
Lixo acumulado na avenida Maruípe, bairro Santa Martha, após motoristas de caminhão da limpeza pública decretarem greve. (Vitor Jubini)

"O Selures propôs 4,77% a ser pago a partir de novembro, com a alteração da data base para 1 de novembro. Refutamos tal proposta, mas nos comprometemos a levar para assembleia. A Presidente do Tribunal do Trabalho propôs algo ao Selures no sentido de construir uma proposta intermediária, em torno de 3%, mantendo a data base em maio e um reajuste maior no ticket alimentação. O Selures ficou de apreciar a proposta e sinalizou positivamente. Ocorre que eles voltaram atrás e mantiveram apenas as duas propostas. Com isso a greve foi retomada a partir de hoje (23)", explicou o Sindirodoviários, à época.

De acordo com o Selures, houve tentativas extrajudiciais e três reuniões de conciliação mediadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que, no entanto, resultaram em propostas rejeitadas pelo Sindirodoviários.

Trabalhadores e empresários afirmam que as conversas se esgotaram e que aguardariam o resultado do processo de dissídio coletivo que corre na Justiça do Trabalho.

Já no último dia 24, uma nova decisão judicial avaliou a acusação do Selures no sentido de que a coleta de lixo não estava sendo mantida no percentual de 70%, já determinado anteriormente. Por este motivo, o sindicato patronal pediu uso de força policial e majoração da multa. Diante da manifestação, o TRT concedeu 48h para que o Sindirodoviários se manifestasse no processo.

Em análise dos fatos, o TRT determinou, nesta segunda-feira (30), a multa de R$ 5 mil por dia, a ser contada desde o dia 12 de novembro e enquanto durasse o descumprimento de manutenção dos 70% do serviço de coleta, bem como a condução dos dirigentes do Sindirodoviários perante autoridade policial para lavrar Termo Circunstanciado em delegacia.

Errata Atualização
2 de dezembro de 2020 às 18:43

O Selures enivou nota após a publicação desta reportagem. O texto foi atualizado.

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