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'Houve falha grosseira no atendimento', diz deputado sobre morte de cunhada

"Houve falha grosseira no atendimento", diz deputado sobre morte de cunhada

Zenidalva Aparecida Corona Majeski, que foi a primeira morte por Covid-19 de Santa Maria de Jetibá, demorou sete dias para ser testada para a doença

Publicado em 25 de abril de 2020 às 17:58

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Zenidalva Aparecida Corona Majeski foi a primeira morte por Covid-19 de Santa Maria de Jetibá
Zenidalva Aparecida Corona Majeski foi a primeira morte por Covid-19 de Santa Maria de Jetibá. (Reprodução/Facebook)

As complicações e a evolução do coronavírus que levaram a óbito a comerciante Zenidalva Aparecida Corona Majeski, primeiro caso de morte pela doença em Santa Maria de Jetibá, registrado neste sábado (25), podem ter sido resultado de uma série de falhas no atendimento primário prestado à mulher, no município, de acordo com a família. Zenidalva tinha 52 anos, fazia o uso de remédio controlado para a pressão arterial, mas era considerada saudável. No caso dela, o coronavírus provocou uma pneumonia grave, que evoluiu para a morte.

Um dos problemas apontados pela família durante o tratamento foi a demora para que ela fosse submetida aos testes de Covid-19, apesar de apresentar sintomas. A primeira busca por atendimento foi no dia 14 de abril, mas só na terceira ida ao atendimento médico, no domingo, dia 19, Zenidalva foi testada, de acordo com o cunhado da vítima, o deputado estadual Sergio Majeski (PSB).

Neste primeiro atendimento, a comerciante procurou o Hospital Concórdia, do município de Santa Maria de Jetibá, e relatou os sintomas de dor de cabeça, dor no corpo, tosse e febre. "Ela não foi notificada como suspeita, nem fez o teste. A equipe médica pediu um hemograma (exame de sangue), ela ficou no soro, depois foi liberada para casa", contou Majeski.

Dois dias depois, por ter se sentido mal novamente, porém sem febre, a comerciante foi à Policlínica Dr. José Carlos Herbest (AMA). Segundo a família, foi feito o mesmo procedimento com ela, tratando como uma gripe. Houve a solicitação apenas de outro hemograma, e não foi feito encaminhamento para outros tipos de exame, como radiografia do pulmão, por exemplo. A família consultou médicos conhecidos para analisar o exame de sangue, e eles consideraram que o resultado estava normal.

A TESTAGEM

No domingo seguinte, portanto 7 dias após Zenidalva ter os primeiros sintomas, ela apresentou uma tosse com sangue e procurou o Hospital Madre Regina Protmann (HMRP), de Santa Teresa. Somente neste atendimento foi feito o exame para Covid-19, e ela foi orientada a ir para casa, permanecendo em isolamento.

Dois dias depois, Zenidalva sentiu falta de ar, procurou novamente o hospital, e ficou internada. Horas depois, conseguiu ser transferida para um leito de UTI do Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra, com insuficiência respiratória.

De acordo com Sergio Majeski, ao chegar na UTI, a cunhada já dependia de 70% da respiração mecânica. "Com isso, o quadro dela foi se agravando muito rapidamente. Ela já estava com uma pneumonia avançada, os rins começaram a não funcionar bem, e ela teve paradas cardiorrespiratórias, que provocaram a morte", relatou.

O ATENDIMENTO

O deputado Sergio Majeski (PSB) alertou para os problemas registrados no atendimento. "Houve falhas grosseiras neste atendimento primário. Foram feitos somente hemogramas, e o teste de Covid só foi feito uma semana depois. O resultado saiu na quinta, dia 23, 11 dias depois dos primeiros sintomas", apontou.

Zenidalva trabalhava ficando no caixa do restaurante do marido, em Santa Maria de Jetibá. A família não conseguiu identificar em qual situação ela pode ter sido infectada pelo vírus, mas acredita que pode ter sido por pessoas assintomáticas. Nenhum outro familiar apresentou sintomas da doença.

O QUE DIZ A PREFEITURA

A Secretaria de Saúde de Santa Maria de Jetibá declarou, por nota, que sente muito pelo óbito de uma moradora do município por Covid-19  e se solidariza com todos os seus familiares e amigos. Considerando os fatos narrados pelo cunhado da vítima, Sergio Majeski, a prefeitura esclareceu que  está apurando rigorosamente os fatos que envolveram o atendimento da paciente na rede de saúde municipal.

"A Secretaria esclarece que adota em seus atendimentos todos os protocolos do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde para diagnóstico de casos suspeitos, zelando sempre pelo atendimento humanizado e dentro da melhor técnica médica, para garantir um atendimento seguro a todos que procuram a rede. Informa que diante dos fatos narrados será realizado criteriosa análise do prontuário e entrevista com os profissionais de saúde dos serviços de saúde municipal que atenderam a paciente para a análise da aplicação do protocolo de atendimento de casos suspeitos de Covid-19", afirmou.

"Sobre a paciente, ela está na faixa etária de 49 anos a 59 anos e apresentava as seguintes comorbidades: obesidade e doença cardiovascular. Ela foi notificada como caso suspeito de Covid -19 no município de Santa Teresa no dia 19/04, teve agravamento do caso em 21/04, sendo atendida novamente em Santa Teresa e encaminhada para a UTI do Hospital Jayme dos Santos Neves, no município de Serra", acrescentou.

O Hospital Concórdia informou que cumpre os protocolos do Ministério da Saúde e orientações das Secretarias de Saúde. Além disso, a instituição abriu uma sindicância interna para avaliar os procedimentos adotados por médicos e enfermeiros durante o atendimento da paciente. O objetivo é apurar se houve algum ato fora do protocolo, que tenha contribuído de alguma forma para o agravamento do estado clínico da mesma.

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