Repórter / jbarbosa@redegazeta.com.br
Publicado em 22 de abril de 2025 às 15:29
Cordial, solícito, com olhar firme e escuta atenta. Foi assim que o papa Francisco recebeu uma comitiva do Espírito Santo durante visita do governador Renato Casagrande ao líder religioso, em novembro de 2024. É o que lembra Stella Miranda, chefe de cerimonial do governo do Estado e uma das participantes do grupo capixaba que conheceu o pontífice naquela data.
Em conversa com A Gazeta, Stella lembrou de detalhes da reunião de aproximadamente 40 minutos entre o papa e o chefe do Executivo capixaba, quando Francisco abriu as portas da Biblioteca Privada do Palácio Apostólico São Damásio, no Vaticano, para falar sobre meio ambiente e ações de Casagrande para lidar com tragédias como a de Mimoso do Sul. Além de dar conselhos para o governador, o Santo Padre chegou a receber um convite para a Festa da Penha.
Cotada para ser a responsável pela tradução da conversa, que todos esperavam ser em italiano, Stella lembra que a comitiva foi surpreendida pelo papa, que falou com o grupo em português.
“Depois de um processo burocrático até a chegada a uma ala especial do Vaticano, é que minha ficha foi caindo. Em um primeiro momento, imaginávamos que seríamos atendidos com outras pessoas que estavam lá, mas fomos destacados para outro ambiente e aí que percebemos que estávamos em uma visita realmente privada. Quando fomos atendidos, vi que o papa era uma pessoa muito iluminada. Apesar de não ser uma católica fervorosa, confesso que nunca um papa me tocou tanto”, disse Stella.
Emocionada, ela ainda lembrou que chegou a chorar logo nos primeiros minutos na presença de Francisco.
Stella Espíndula Miranda
Chefe de Cerimonial do governo do Espírito Santo
Além de receber um presente da comitiva capixaba — uma obra de arte feita em madeira com detalhes em aço representando as riquezas do Estado —, o papa abençoou a bandeira do Espírito Santo e ainda presenteou cada um do grupo com uma medalha do Vaticano e com um terço. Para Stella, a visita foi um momento único na vida de cada um dos participantes da comitiva que, além do governador, também contava com a presença da primeira-dama Virgínia e dos assessores Adriano Zuculotto e Giovani Pagotto.
“Fora dalí, eu cheguei a perguntar ao governador: ‘E agora, quem mais o senhor quer conhecer?’ E ele disse: ‘Ninguém’. Estávamos muito satisfeitos. Francisco era um papa muito especial e chegar perto dele foi um divisor de águas na minha vida”, complementou a chefe de cerimônias.
Stella Espíndula Miranda
Chefe de Cerimonial do governo do Espírito SantoStella ainda se recorda do sentimento de gratidão e de paz dentro da van que levou a comitiva de volta ao hotel depois da visita. Para Stella, o silêncio que tomou conta do veículo era capaz de definir tudo que cada um do grupo sentia após conhecer o papa.
“Todo mundo estava impactado por aquela pessoa enorme que tinha nos recebido. Eu não conseguia encontrar palavras nem acreditar no que estava acontecendo. Ficamos com o coração leve e puro, como se tivesse sido tocado mesmo por ele. Sinto que zerei a minha vida”, finalizou Stella, destacando, ainda, o sentimento de realização enquanto católica.
Batizado Jorge Mario Bergoglio, o líder religioso nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 1936. Virou padre aos 32 anos, foi arcebispo de Buenos Aires, e se tornou o papa Francisco aos 76 anos, em 2013. Sucessor de Bento XVI, primeiro papa a renunciar em quase 600 anos, Francisco esteve à frente da Igreja Católica durante 12 anos.
Internado de 14 de fevereiro a 23 de março deste ano, após sentir dificuldades para respirar, Francisco chegou a receber alta e seguiu com as atividades do papado até falecer aos 88 anos na última segunda-feira.
Segundo informações divulgadas pelo Vaticano, o funeral do papa será realizado no sábado (26) às 10h do horário de Roma — 5h no horário de Brasília.
O corpo do papa — que neste momento está em um caixão na capela da residência Santa Marta, onde ele viveu durante seus 12 anos de papado — será levado à Basílica de São Pedro na manhã de quarta-feira às 9h do horário local (5h no horário de Brasília), anunciou o Vaticano.
O caixão permanecerá na Basílica até o sepultamento para que o público possa prestar suas homenagens. O funeral do papa Francisco acontecerá ao ar livre, em frente à Basílica de São Pedro. O decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, será o responsável por conduzir a cerimônia. Ao final do funeral, Giovanni fará a última homenagem — uma oração em que o papa será formalmente entregue a Deus — e o corpo será levado para Basílica de Santa Maria Maior (ou Santa Maria Maggiore, em italiano), em Roma, para o sepultamento.
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