
Na madrugada do dia 21 de abril, aos 88 anos, faleceu um dos papas mais emblemáticos da história. Jorge Mario Bergoglio, desde quando se tornou líder da Igreja Católica, levou com seriedade seu voto de simplicidade rejeitando várias das regalias do Vaticano e sendo mais próximo do povo.
Entre suas ações pouco comuns, o pontífice argentino, quando de sua escolha como substituto de Bento XVI, rejeitou viver no Palácio Papal, optando pela menos pomposa Casa Santa Marta, mesmo local onde morreu. Seus atos simbólicos, que apontavam para uma crítica à ostentação e negação de poder, foram materializados nas vestimentas. Ele manteve somente a batina branca lisa, sem bordados, tecidos especiais, capas ou adornos. Na sua consagração papal, recusou usar o pomposo manto vermelho, símbolo de realeza. Da mesma forma, dispensou o uso dos tradicionais sapatos vermelhos, calçando seus sapatos pretos ortopédicos, os mesmos dos tempos do arcebispado em Buenos Aires. Seu ministério pastoral e o próprio local onde viveu e de onde partiu representam a escolha consciente pela simplicidade.
Papa Francisco respeitava os protestantes e desenvolveu uma relação ecumênica com os evangélicos. Uma ação simbólica e histórica foi sua visita ao amigo pentecostal Giovanni Traettino, pastor da Igreja Evangélica da Reconciliação, em Caserta, Sul da Itália.
Em 2022, quando a Comissão para o Diálogo Católico-Pentecostal completou 50 anos, o papa enviou uma mensagem aos membros da Comissão agradecendo e apoiando o vínculo entre pentecostais e católicos. O pontífice não media esforços, desde seu tempo na Argentina, para manter relações afáveis com os evangélicos.
Com coragem, o que poucos antes dele foram capazes, o Pontífice travou uma batalha contra a pedofilia e abuso sexual na igreja, anulando instrumentos institucionais de silenciamento e conivência. Além disso, sua encíclica Laudato Si’ foi o primeiro documento papal a respeito da relação entre fé e meio ambiente. Nesse importante texto, Papa Francisco desenvolve uma lindíssima teologia da criação e demonstra biblicamente a relação ente fé cristã e ecologia.
Suas reflexões sobre oração, suas provocações a respeito da comunhão e defesa irrestrita pela justiça, encarnada, por exemplo, na atuação entre comunidades carentes das periferias na região de sua antiga arquidiocese, são dignas dos que desejam seguir Jesus de Nazaré e influenciaram evangélicos de vários lugares do mundo.
A simplicidade, a coragem e o cuidado com os mais vulneráveis impactaram não somente a Igreja Católica Romana, mas toda a cristandade, e servirão de legado para as próximas gerações, de católicos ou protestantes.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.