> >
Censo 2022: Por que não somos 4 milhões de moradores no ES?

Censo 2022: Por que não somos 4 milhões de moradores no ES?

Primeiros dados oficiais da pesquisa do IBGE mostram que o Estado tem 200 mil habitantes a menos do que o previsto; entenda os motivos

Publicado em 10 de julho de 2023 às 18:59

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura

A publicação dos primeiros dados oficiais do Censo 2022 demonstra que os 4 milhões de habitantes ainda são uma realidade distante do Espírito Santo. O Estado conta, na verdade, com cerca de 3,8 milhões de habitantes, isto é, 200 mil a menos do que se esperava lá atrás, em 2019, quando as projeções foram divulgadas.

Uma série de fatores pode estar por trás da diferença entre o que havia sido projetado e os dados do Censo, conforme explica o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira.

Vista área de Vitória, cidade que não poderá homenagear gente que não merece
Vista aérea de Vitória: população do Estado está em cerca de 3,8 milhões. (Divulgação)

Lira explica que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza dois tipos de estudos de projeção populacional. Um deles, mais aprofundado, utiliza componentes demográficos e foi realizado pela última vez em 2018. Os cálculos das estimativas utilizam progressão geométrica, e os dados censitários servem como referência básica.

“E, de fato, a gente não teve a contagem no meio da última década e os dados utilizados para fazer os cálculos populacionais eram de 2000 e 2010. Então, há um distanciamento aí, que aumenta a margem de erro da estimativa. Por conta disso, o nosso cálculo estimado estava com o valor acima, em 4,1 milhões de habitantes, que ficou acima do valor constatado pelo Censo, que foi de 3,8 milhões.”

Censo 2022: Por que não somos 4 milhões de moradores no ES

Agora, os dados já estão calibrados para 2022. Assim, é possível não apenas fazer as projeções anuais para os próximos anos, como também rever as projeções anteriores ao dado final do Censo. Isso inclui as prévias divulgadas em dezembro, que também apresentam divergência em relação aos números concretos. Naquele momento, a população capixaba era projetada em cerca de 3,9 milhões.

“Foi constatado que estamos com cerca de 3,8 milhões de habitantes, o que está dentro do esperado. Estamos com o crescimento de 9,1%, acima da média nacional (6,5%) no período acumulado. Também estamos com uma taxa de crescimento geométrico anual acima da média nacional”, aponta Lira.

O diretor do Instituto Jones chama a atenção para o fato de que, em 2010, a taxa de fecundidade, isto é, o número de filhos por mulher no Espírito Santo (1,8), já estava abaixo da média nacional (1,9) e menor do que a taxa de reposição, que são 2,1 filhos por mulher.

Nesse contexto, uma das explicações possíveis para o crescimento populacional, ainda que em ritmo mais lento do que o previsto, são os fluxos populacionais, ou seja, o processo migratório da população, que tem saído de outros locais e passado a habitar o Espírito Santo.

“Nessa última década, mesmo com a pandemia, o Espírito Santo vem apresentando um crescimento econômico acima da média nacional. Neste ano, estamos com crescimento de 4,5% no primeiro trimestre e, no Brasil, o índice é de 1,9%. E temos grandes empreendimentos se estabelecendo aqui. Essas empresas geram oportunidade de emprego e renda. Assim, a população que está em busca de uma oportunidade de melhorar a renda acaba vindo de outros Estados para cá", analisa Lira.

Tantas mudanças afetam a rotina das cidades e impactam a qualidade de vida. Isso porque o aumento na quantidade de pessoas vivendo num determinado local exige maior oferta de serviços e capacidade logística. Em função disso, o superintendente estadual do IBGE, Max Athayde Fraga, reforça a importância da continuidade dos estudos, de forma periódica, e em condições adequadas.

Ele esclarece que, além da ausência de uma contagem na metade da década, a falta de recursos para a pesquisa foi um empecilho recorrente nos últimos anos.

“Não se faz contagem de população sem recursos. É uma operação dispendiosa. Se não fosse o atual governo (federal), que fez uma complementação de recursos, seria impossível entregar um serviço de qualidade. O censo é uma operação cara. Se não houver apoio e pressão política para liberar recursos, fatalmente não vamos realizar a contagem de 2025 e empurraremos esse problema para 2030”, alerta Max Athayde.

O último Censo, realizado em 2022, por exemplo, deveria ter ocorrido, na realidade, em 2020, mas foi adiado duas vezes: primeiro, por causa das restrições impostas pela pandemia; depois, por cortes de orçamento, que impediram a pesquisa. “Juntaram as duas coisas para dar essa diferença de população. O desafio é sempre fazer as coisas na hora certa”, diz o superintendente do IBGE.

E houve ainda outros fatores que atrasaram a realização da pesquisa no último ano, como a liberação de verbas aquém do esperado  e a negativa de uma parcela da população em receber os recenseadores, responsáveis por fazer a coleta dos dados que compõem o Censo.

Quando os moradores não participam das entrevistas, é utilizada a técnica de imputação. Isso significa que é feita uma estimativa, com base em dados plausíveis para o contexto. A tática é utilizada em pesquisas diversas ao redor do globo.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais