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Publicado em 8 de abril de 2022 às 18:42
Um professor de uma escola estadual de Boa Esperança, no Noroeste do Espírito Santo, teve o contrato cessado com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) após denúncias — que estão sendo investigadas pela Polícia Civil — de que ele teria assediado alunas. O caso não é isolado e vem se repetindo no ambiente escolar. >
Segundo um levantamento da Sedu, o número de denúncias como a do caso de Boa Esperança aumentou nos últimos dois anos. Em 2020, foram 8 registros. Já em 2021, o número triplicou: 24 casos. Neste ano, até o momento, três denúncias já foram registradas pela secretaria. >
Em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, outros dois casos de assédio envolvendo adolescentes e funcionários de escolas foram denunciados ao Conselho Tutelar e estão atualmente em investigação. >
Segundo o conselheiro tutelar de Cachoeiro, Leandro Vieira, as escolas — que deveriam ser locais de aprendizado e proteção para crianças e adolescentes e até ajudar a identificar casos de violência em casa — também são espaços onde os abusos acontecem.>
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“A escola tem um papel essencial para identificar as violências fora da escola, mas, quando acontece no ambiente escolar, é lamentável. Nós sempre trabalhamos na orientação para os colaboradores da escola e alunos, para impedir que isso aconteça. Pedimos que a escola observe e denuncie, seja no conselho, no disque 100 ou diretamente na polícia”, afirma.>
No entanto, em muitos casos, pode ser difícil identificar casos de assédio sexual no ambiente escolar. A psicopedagoga Roberta Gomes afirma que os alunos podem não saber diferenciar as atitudes que configuram a violência, ou terem medo de denunciar.>
“Acontecem quando o adolescente recebe muitas mensagens ou falas sobre o corpo e também há casos em que professores querem tocar ou beliscar. O aluno pode não achar legal, mas devido à posição hierárquica do professor, deixam passar. Mas, por si só, isso já configura assédio”, explica. >
Em João Neiva, no Norte do Estado, um caso de abuso sexual também chamou a atenção. Um professor de uma escola do município é suspeito de abusar de uma criança de quatro anos. O caso chegou ao conhecimento das autoridades após vídeos compartilhados em redes sociais mostrarem a conversa entre a mãe e a criança. Na gravação, a menina faz desenhos mostrando ela e o professor, e diz para a mãe que o funcionário teria tocado nas partes íntimas dela.>
Segundo a psicopedagoga, é fundamental que os pais estejam atentos a qualquer mudança de comportamento dos filhos. “Os pais precisam ficar atentos se esse filho fica mais retraído, ou perde o interesse pela escola. A longo prazo, isso pode trazer danos para o relacionamento interpessoal dessa criança ou adolescente”, afirma Roberta.>
O conselheiro tutelar de Cachoeiro reforça que os casos precisam ser denunciados para que o aluno seja protegido. “Toda violência sexual, seja assédio, abuso ou estupro, assim que é identificada pelo Conselho Tutelar ou por meio de uma denúncia, agimos para proteção da criança ou adolescente em relação aquele ambiente em que ela esta sofrendo”, diz Leandro Vieira.>
No caso de João Neiva, a prefeitura informou que o professor foi afastado e o caso segue sendo investigado pela Polícia Civil. Nos dois casos do Sul do Estado, o Conselho Tutelar não informou detalhes para proteger as vítimas, mas os casos também são investigados.>
A Sedu informou que as escolas contam o apoio da Ação Psicossocial e Orientação Interativa Escolar (Apoie), além de equipes da secretaria formadas por multiprofissionais (assistente social e psicólogo), que atuam em cada uma das 11 superintendências regionais de educação, e a equipe de coordenação localizada na unidade central.>
Em casos de violência envolvendo alunos, a Apoie atua com orientação e acompanhamento junto às escolas e ao aluno e família, afirma a Sedu. Segundo a secretaria, a equipe desenvolve também ações de prevenção nas escolas, com diálogos com os estudantes sobre situações de relacionamento abusivo e de respeito no ambiente escolar, por exemplo.>
A Sedu também ressalta que atua, nesse sentido, com o protocolo de violência, disponível no site da Apoie, como forma de orientação para as escolas.>
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