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Asma e hipertensão são as comorbidades mais comuns em estudantes do ES

Asma e hipertensão são as comorbidades mais comuns em estudantes do ES

Foram analisadas 1.693 pessoas de 2 a 22 anos, faixa etária que representa o público do ensino infantil até o universitário. Desse total, 16,1% testaram positivo para Covid-19

Publicado em 25 de agosto de 2020 às 16:30

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Teste de glicemia para diabético; diabetes
Teste de glicemia para diabético; diabetes. (Shutterstock)

Uma análise de dados do inquérito sorológico realizada por membros do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) apontou que crianças, adolescentes e jovens que pertencem à faixa etária escolar são mais acometidos com asma, hipertensão e diabetes.

Asma e hipertensão são as comorbidades mais comuns em estudantes do ES

A informação chama atenção em um momento que se discute a retomada das aulas presenciais, suspensas no Espírito Santo desde o dia 17 de março. O prazo do decreto que mantém a interrupção termina no dia 31 deste mês. A expectativa do governo do Estado é retomar os trabalhos em setembro.

Doutora em Saúde Coletiva e Epidemiologia, a professora Ethel Maciel, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), é membro do NIEE e uma das responsáveis pelo estudo.

Ela explicou que foram analisadas 1.693 pessoas, de 2 a 22 anos. A faixa etária representa o público do ensino infantil até o universitário. Desse total, 104 (16,1%) testaram positivo para Covid-19. De acordo com os dados, o sintoma mais importante foi a tosse (40%), seguido pela febre (26%).

Aspas de citação

A ideia de rastrear as crianças pela febre pode não ser um bom marcador. O que chamou atenção foi o percentual de comorbidade nesse grupo: 15% dessas crianças tinham asma, 11,4% tinham hipertensão, 8% apresentaram obesidade, 5% tinham diabetes e cerca de 4% tinham doenças cardíacas

Ethel Maciel
Doutora em Epidemiologia
Aspas de citação

Ethel destaca que que hipertensão e obesidade foram as comorbidades mais encontradas nas crianças e adolescentes que tiveram diagnóstico positivo para a doença. Do total de pesquisados, 35% dos infectados não apresentaram nenhum sintoma.

Para a epidemiologista, os assintomáticos podem apresentar risco no retorno às aulas, uma vez que não apresentam sintomas aparentes quando integrados em meio aos demais alunos. Ela alerta para a importância de adoção de medidas rígidas de biossegurança e testagem do público.

No dia 10 de agosto, o secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, anunciou que o governo do Estado pretende examinar se professores e alunos já tiveram contato com o coronavírus. O modelo vai seguir os padrões do inquérito sorológico. 

Além das informações presentes no inquérito, o grupo do NIEE também avaliou o Painel Covid-19. Na ferramenta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), os pesquisadores identificaram 27.351 registros de pessoas de 0 a 19 anos. O recorte foi feito entre os dias 17 de fevereiro a 20 de agosto.

Este segundo estudo comparou 15.289 pessoas, sendo que 6.099 tiveram diagnóstico confirmado e 9.190 foram descartados. A maioria dos casos positivos ficou compreendida entre as pessoas com 10 a 19 anos, tendo mais pessoas brancas confirmadas.

“O resultado pode sinalizar que as pessoas pretas e pardas estão com mais dificuldade no diagnóstico. A comorbidade pulmonar e as internações aparecem mais no grupo descartado. No grupo dos confirmados há mais pessoas com deficiência”, analisou.

A febre e a tosse foram os sintomas mais frequentes nos dois grupos. Um dos destaques encontrados foi a prevalência maior das crianças doentes residirem nos municípios do interior.

Foram identificadas 17 mortes na faixa etária de 0 a 19 anos. Desse total, 62% eram pessoas pardas, 70% registraram dificuldade respiratória e 23% possuíam alguma deficiência física. Do grupo dos 17, 81% precisaram ficar internados.

“Esses dados nos ajudam a pensar um pouco quem são essas crianças. Só 17% tinham comorbidades. É um sinalizador importante de que nem todas que morreram tinham comorbidade. Outras razões, talvez, de dificuldade de acesso a diagnóstico podem ser um importante sinalizador de que a gente tem que repensar as políticas públicas da educação neste momento”, sugeriu Ethel.

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