Publicado em 11 de agosto de 2023 às 05:02
Os cortes bovino e de frango produzidos no Espírito Santo ultrapassam as fronteiras brasileiras e ganham mercados internacionais. Mesmo com o temor mundial em relação à gripe aviária, detectada pela primeira vez no Brasil em aves silvestres no território capixaba, em 2023, a expectativa é que a exportação de carne continue crescendo. >
A confiança nessa expansão do mercado aumentou após a China ter habilitado a importação de carne de boi de um frigorífico no Noroeste do Estado.>
Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mostram que o Espírito Santo ocupa o 14º lugar no país entre as unidades da federação que exportam carnes para o exterior. Em 2022, foram mais de 2,4 toneladas exportadas, movimentando mais de US$ 13 milhões. Assim como outros Estados, o produto que mais chega ao mercado internacional são as carnes in natura.>
Segundo o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), Leonardo Monteiro, o controle sanitário é que tem garantido ao Estado conquistar espaço no comércio exterior.>
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Leonardo Monteiro
Presidente do IdafMaior comprador de carne bovina do Brasil, a China é responsável por adquirir 39% dessa produção no país. Mas, até março de 2023, não importava do Espírito Santo, como explica o presidente do Sindicato Rural de Pancas e conselheiro da Federação de Agricultura do Estado do Espírito Santo (Faes), Wendius Henrique Lucas.>
“A China, este ano, habilitou o frigorífico Frisa, de Colatina. Então, a tendência é que esse volume exportado cresça bastante”, destaca. O conselheiro da Faes cita que o Espírito Santo é responsável por 0,11% do volume de carne exportado nacionalmente. >
Wendius ressalta que, embora a participação capixaba seja pequena quando comparada a outros Estados, a exportação feita no Espírito Santo contribui para a valorização do preço da arroba dos animais. “A negociação com a China vai fazer muita diferença para o nosso mercado bovino. Vamos ver isso na hora que fechar o ano de 2023, com um crescimento considerável no volume de exportação. Além disso, já é nítida a diferenciação no valor pago aos produtores pelos animais que são destinados ao mercado chinês”, aponta.>
O conselheiro da Faes detalha que os animais que atendem à China precisam ser mais novos e estar com a cronologia dentária em dia. Esses são alguns dos critérios avaliados pelo competitivo mercado internacional. >
“Os animais só podem ter quatro trocas de dente. Ou seja, eles só devem ter perdido quatro dentes de leite e estar com quatro permanentes”, explica.>
Por isso, nos frigoríficos, no momento do abate, os profissionais realizam uma inspeção visual na boca dos animais para verificar a dentição e determinar a idade. O gado mais jovem é classificado como dente de leite (DL) ou zero dentes (permanentes). Quanto mais dentes, mais velhos são os bois. >
Embora a habilitação pela China seja recente, a exportação das primeiras peças de carne produzidas no Espírito Santo já tem mais de 50 anos, assinala Wendius. “A primeira exportação foi na década de 1970 para a Grécia, feita pelo Frisa. Muito provavelmente, foi a primeira realizada em todo o Estado.”>
Boa parte da produção ainda se concentra em municípios do Norte e Noroeste capixaba, devido à prevalência do Frisa na região. “A carne sai do Estado todo, mas o volume maior de animais vem de Ecoporanga, Linhares e Nova Venécia, cidades que têm mais bois”, pontua Wendius. >
A Região Sul também tem ganhado protagonismo, mas no segmento de frango. A exportação dessa proteína começou um pouco mais tarde no Estado, em 2010, quando a Uniaves, localizada em Castelo, passou a vender para mais de 20 países.>
O conselheiro da Faes ressalta que a exportação no Espírito Santo é ancorada na produção de boi e de frango. A carne suína produzida no Estado ainda não é enviada para outros países. >
Uma das maiores fabricantes locais é a Cofril. Para exportar, qualquer frigorífico tem que passar por inspeção feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. “A partir disso, é possível buscar os mercados externos para fazer as negociações com Europa, América Latina e Estados Unidos, por exemplo”, conta.>
Apesar de ainda não ser vendida no mercado exterior, a carne suína capixaba tem conquistado espaço nacionalmente por meio da agroindústria. O socol produzido em Venda Nova do Imigrante, por exemplo, é um dos produtos com selo Arte, que permite a comercialização em todo o país. >
Há outros embutidos feitos a partir do porco que também conquistaram essa autorização, como a linguiça do tipo pernil recheada e defumada, o lombo defumado e a banha suína.>
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