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Escolha da profissão é cedo demais? Como decidir qual carreira seguir sem medo

Escolha da profissão é cedo demais? Como decidir qual carreira seguir sem medo

Saiba como transformar os desafios deste momento de escolher um curso superior e traçar o melhor caminho para as conquistas na carreira

Publicado em 9 de agosto de 2025 às 06:00

Jovens precisam de apoio para escolherem a profissão
Jovens precisam de apoio para escolherem a profissão Crédito: Shutterstock

Todo ano um ciclo se fecha para milhares de jovens no Espírito Santo – é o fim do ensino médio e, com ele, muitas certezas ficam pelo caminho. Pela frente, um mundo de opções e oportunidades diversas. Mas as inúmeras possibilidades que se apresentam, muitas vezes, assustam os alunos que chegam ao “terceirão”.

A escolha de uma profissão ainda tão jovem, num momento em que as mudanças são tão constantes no mercado de trabalho, cria dúvidas: o que fazer? Como escolher? E se eu não gostar?

Os questionamentos abrem as portas do medo e da insegurança, mas são sentimentos que podem ser ajustados, apontam especialistas. Com auxílio da família e acompanhamento escolar, a passagem pela escolha profissional pode até provocar hesitação, mas será bem mais tranquila.

Doutor em Psicologia e professor universitário, Eduardo Miranda observa que a adolescência é uma fase de transição e, no aspecto neurológico, o indivíduo ainda passa por um processo de formação.

Eduardo Miranda, doutor em Psicologia e professor universitário
Eduardo Miranda, doutor em Psicologia e professor universitário Crédito: Divulgação

“Levando em consideração esses dois pontos, a decisão que o adolescente vai tomar não precisa ter esse caráter de que ‘é para a vida toda’, principalmente, hoje, se pensarmos em um mercado de trabalho tão diversificado e dinâmico.”

O professor de Psicologia e pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Alexsandro de Andrade, acrescenta que a nova geração faz escolhas sobre questões importantes em um momento em que se vive o auge das modificações globais em diversas áreas.

Alexsandro de Andrade, professor de Psicologia e pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
Alexsandro de Andrade, professor de Psicologia e pesquisador da Ufes Crédito: Divulgação

“As profissões estão mudando cada vez mais. Os jovens escolhem achando que a profissão que estão escolhendo hoje vai valer para a vida inteira. O que acontece, ao contrário, é que as profissões, atualmente, têm um ciclo de vida muito menor”, frisa.

Com a perspectiva de um futuro com muitas mudanças, é necessário prepará-los para tomar decisões. E essa formação não se obtém somente auxiliando no caminho que o aluno quer seguir, mas também sobre quem ele é.

“Deve ser uma busca por algo que consiga motivar o adolescente a estudar, com o que ele se identifique e, novamente, menos com o peso de ser para a vida inteira”, reforça Eduardo Miranda.

Apoio psicológico e testes vocacionais

Para ajudar nessa jornada, algumas unidades educacionais têm planos pedagógicos específicos. Entre as estratégias usadas estão o apoio psicológico e testes vocacionais. O objetivo é encaminhar o aluno desde o ensino fundamental a obter o autoconhecimento.

Para Cristiano Carvalho, diretor-geral da Escola Americana de Vitória (EAV), um dos papéis da instituição de ensino é preparar o aluno para a vida.

Cristiano Carvalho CEO DA ESCOLA AMERICANA DE VITÓRIA
Cristiano Carvalho, diretor-geral da Escola Americana de Vitória (EAV) Crédito: CAMILLA BAPTISTIN

No mundo em que vivemos, está ficando cada vez mais evidente que as demandas, na verdade, não são por preparo para uma profissão, são para o desenvolvimento permanente de um ser humano que será capaz de escolher e exercer as diferentes profissões que ele vai seguir ao longo da sua carreira, porque a carreira é muito mais ampla do que a profissão.

Cristiano Carvalho

Diretor-geral da Escola Americana de Vitória (EAV)

E ter consciência dos próprios gostos, vontades, valores e desejos reflete em um futuro profissional mais encaminhado, mesmo sem se ter a certeza do que está por vir.

No UP Centro Educacional, a equipe pedagógica pratica a escuta ativa, acolhendo dúvidas, inseguranças e ansiedades dos alunos diante da escolha profissional.

“Também oferece um acompanhamento dedicado e acolhedor, que leva em conta o interesse e o tempo de cada estudante. A importância reside em formar cidadãos conscientes, autônomos e preparados para o futuro, em todas as dimensões da vida”, ressalta Debora Cottini, diretora pedagógica do ensino médio do UP.

Para isso, é necessário colocar a mão na massa, como observa o diretor escolar do Centro Educacional Primeiro Mundo de Vila Velha, Lúcio Caetano.

Lúcio Caetano, diretor escolar do Centro Educacional Primeiro Mundo de Vila Velha
Lúcio Caetano, diretor escolar do Centro Educacional Primeiro Mundo de Vila Velha Crédito: Divulgação

É preciso mostrar para os nossos alunos a vivência de forma que eles possam ter a melhor decisão com o nosso apoio, e da família também, e fazer com que possam definir algo que seja assertivo.

Lúcio Caetano

Diretor escolar do Centro Educacional Primeiro Mundo de Vila Velha

O psicólogo Eduardo Miranda ressalta a importância de escola e família serem pontos de apoio. “Deve haver um espaço de discussão para isso, dar opiniões, mas não deixar de ouvir o adolescente. Quem estiver perto do adolescente precisa ouvi-lo e, dessa escuta, podem surgir caminhos”, argumenta.

Contato com o mercado é estratégia

Ingressar numa carreira na área da saúde, da educação, das engenharias ou numa área social são algumas das centenas de opções disponíveis para formação. Mas, além do imaginário de como é atuar em alguma profissão, é importante o estudante ter contato prévio com o mercado desejado.

Para isso, as escolas podem definir alguns caminhos a seguir como forma de acompanhar os alunos nessa jornada. Uma boa estratégia é promover o encontro deles com profissionais da área.

O acesso a pessoas que atuam em diferentes atividades e a feiras de profissões, para o pesquisador Alexsandro de Andrade, possibilita ao estudante entender um pouco melhor sobre como funciona o mercado de trabalho naquele segmento e apresenta informações mais concretas em relação à carreira desejada.

“Mas é importante haver diferentes contatos com diferentes profissões e formas de conhecimento. Como o jovem está em um processo de escolha em que se sente inseguro, normalmente ele escolhe por aquilo que conseguiu ver. E se viu só uma coisa, ele tende a gostar ou não gostar disso. Se ele conseguir ver outras coisas, outras opções, isso vai favorecer bastante o processo de decisão dele”, argumenta.

Um exemplo está na Escola Americana de Vitória que, por meio do projeto de estágio inovador, o EAV Innovators, aplica o conhecimento teórico na prática. Na instituição, os jovens do ensino médio são divididos em grupos e depois encaminhados a empresas de setores diferentes para um momento de imersão.

No período de sete dias, os participantes conhecem o dia a dia de quem já se formou na faculdade ou universidade – o que pode ser vivenciado em hospitais, ambiente corporativo, em escritório de advocacia ou nas outras diversas opções que a unidade educacional oferece. No final, ainda apresentam um projeto de solução a ser desenvolvida.

É importante ter contato com profissionais da área desejada
É importante ter contato com profissionais da área desejada Crédito: Freepik

Com o mesmo propósito, mas aplicado de forma diferente, o Primeiro Mundo oferece a seus estudantes a possibilidade de acesso a profissionais de empresas até de outros Estados.

“São abordados desafios institucionais. Então, os alunos vão refletir sobre aquele problema e oferecer uma solução que desenvolveram para a instituição. É dentro deste leque que eles vão discutir e apresentar soluções. Inclusive, as empresas aplicam isso na vida delas”, explica Lúcio Caetano.

Com as experiências, os adolescentes conseguem desenvolver habilidades profissionais, mentais e pessoais, além de explorar possíveis carreiras.

Pensando nesse caminho de decisão do estudante e buscando torná-la mais consciente e assertiva, o UP oferece aos alunos as disciplinas de Desenvolvimento Socioemocional, já no ensino fundamental II, e Projeto de Vida, no ensino médio.

“A ideia, com essas disciplinas, é proporcionar ao estudante diversas reflexões e possibilidades, assim como fazê-lo descobrir seus talentos, pensar sobre o futuro, para poder fazer escolhas profissionais mais conscientes e alinhadas ao seu propósito de vida”, ressalta a diretora Debora Cottini.

A troca de experiência com ex-alunos também é um caminho que pode ser seguido. No Primeiro Mundo, antigos alunos, já formados na faculdade, retornam para contar sobre a trajetória percorrida no ensino superior.

Outro modo de aproximar o estudante de uma decisão mais assertiva é a participação em palestras com profissionais e visita a feiras com universidades, nas quais é possível ter acesso à grade curricular da instituição de ensino superior. Esta estratégia é considerada importante pela Escola Americana que, inclusive, desenvolveu um projeto para que os estudantes tenham contato até com currículos de faculdades internacionais.

O psicólogo Eduardo Miranda pontua que o adolescente pesquisar, buscar informações sobre a carreira e profissões por essas e outras estratégias, é importante para basear a decisão que, ressalta o especialista, não deve ter apenas o aspecto financeiro como foco.

“É claro que aspectos econômicos podem ser considerados, mas a escolha da profissão deve refletir, prioritariamente, o gosto e o interesse desse adolescente. Isso precisa ser levado em consideração porque, a médio e longo prazo, vai impactar a saúde mental”, conclui.

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