Retomada total da Samarco dá fôlego extra para a economia do ES

Com o pleno funcionamento, expectativa é de reaquecimento em todo um ecossistema econômico, desde a indústria até comércio e serviços, principalmente na Região Sul

Publicado em 22/10/2025 às 01h15
Unidade de Ubu da Samarco, em Anchieta
Samarco está operando atualmente com 60% da capacidade de produção. Crédito: Divulgação

O anúncio da retomada de 100% das operações da Samarco vai marcar um importante capítulo para a economia do Espírito Santo. Será o fim de um período de perdas que afetaram não só a arrecadação proporcionada pela empresa aos cofres públicos por meio de impostos, mas também levaram a demissões e ao fechamento de estabelecimentos que dependiam da mineradora para sobreviver. Efeito colateral que foi sentido sobretudo em Anchieta, onde fica a sede da companhia, e municípios vizinhos da Região Sul capixaba.

A confirmação da volta à carga total da Samarco está prevista para 4 de dezembro, como antecipou o colunista Abdo Filho. A retomada da capacidade máxima não ocorre desde 2015, quando a mineradora paralisou totalmente suas atividades após o rompimento da barragem de rejeitos de minério em Mariana (MG). Tragédia que provocou 19 mortes e graves danos ambientais, em grande parte concentrados na bacia do Rio Doce, estendendo-se de Minas Gerais ao Espírito Santo.

Além desse rastro de destruição, o Estado capixaba teve de lidar com uma perda equivalente a 4,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB), a partir do fechamento da Samarco. Em Anchieta, o impacto foi ainda maior: a empresa representava cerca de 70% do PIB local. A paralisação das atividades causou também uma queda de R$ 2 milhões mensais na coleta de impostos sobre serviços (ISS) no município. Em 2016, cerca de 260 empresas pequenas e médias da região, incluindo Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim, já haviam fechado as portas. Como consequência, mais de 4 mil vagas de emprego deixaram de existir.

Agora, para atingir 100% da capacidade de produção até 2028, a Samarco prevê investir, a partir de 2026, cerca de R$ 3,5 bilhões para revitalizar as usinas 1 e 2 de pelotização, na planta de Ubu, em Anchieta. O montante está dentro dos R$ 13 bilhões de projetos já anunciados pela empresa para a retomada total, incluindo as operações em Minas Gerais. 

Diante desses números, é impossível desprezar a importância da mineradora para o Estado. Com o pleno funcionamento, a expectativa é de reaquecimento em todo um ecossistema econômico, desde a indústria até restaurantes, comércio e serviços, principalmente na Região Sul. O que, decerto, trará também ganhos sociais e fortalecerá os municípios, com aumento na arrecadação e mais recursos para investir.

Essa recuperação da Samarco, é claro, não apaga a tragédia ocorrida. Tanto que vem acompanhada de mudanças operacionais, como a não utilização de barragens de rejeito e novas destinações para o produto gerado após o beneficiamento do minério de ferro, conforme anuncia a empresa. É fundamental que a retomada aconteça assim, de forma responsável e pautada na sustentabilidade, para garantir que o desenvolvimento econômico não se sobreponha à segurança e ao meio ambiente. E para que todos possam, de fato, usufruir dos benefícios desse retorno.

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