PEC da Blindagem: senadores fizeram o que tinha de ser feito

É evidente o peso dos eleitores nas ruas, o quanto a indignação mudou os rumos. O compromisso de deputados e senadores, antes de qualquer coisa, é com o povo. Com frequência é preciso lembrá-los disso

Publicado em 25/09/2025 às 01h00
Para o presidente da CCJ, Otto Alencar (ao centro, entre Jayme Campos e Jorge Kajuru), proposta desrespeita o eleitor
Para o presidente da CCJ, Otto Alencar (ao centro, entre Jayme Campos e Jorge Kajuru), proposta desrespeita o eleitor. Crédito: Geraldo Magela/Agência Senado

O verbo mais usado pela imprensa nacional é "enterrar" ao se referir ao arquivamento da PEC da Blindagem pelo Senado. A pá de cal veio da  Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que declarou a proposta inconstitucional por unanimidade. E não se pode desconsiderar que a cova foi aberta pelas manifestações do último domingo (21) em todo o país. O Senado fez o mínimo, ao seguir a voz da opinião pública diante de tamanho absurdo.

Já as informações que vêm dos bastidores da Câmara, onde a PEC foi aprovada com votação expressiva em dois turnos na semana passada, são as de que deputados ficaram irritados com o que eles enxergam como quebra de confiança, já que haveria um compromisso para que a proposta avançasse no Senado.

O que deixa ainda mais evidente o peso dos eleitores nas ruas, o quanto a indignação mudou os rumos. O compromisso de deputados e senadores, antes de qualquer coisa, é com o povo. Com frequência é preciso lembrá-los disso.

E engana-se quem pensa que o enterro da PEC é uma vitória ideológica. Por mais que os protestos tenham contado com uma presença significativa de setores da esquerda, o que se viu pelo país foi uma indignação que trascendeu esses vieses. O sentimento compartilhado foi o de que os deputados passaram de todos os limites ao tentarem se colocar acima da lei. O freio acabou vindo, pelo Senado.

Imagine um pais no qual os próprios parlamentares decidem sobre a abertura de processos criminais contra seus pares? Deputados e senadores só responderiam a eles com autorização prévia de suas respectivas Casas Legislativas, com direito a voto secreto! Um poder desmedido e um salvo-conduto para o cometimento de crimes. É esse o cenário que foi enterrado pelo Senado, com o aval das milhares de pessoas que se mobilizaram para impedir essa aberração. Um sepultamento sem choro nem vela, a não ser daqueles que se beneficiariam (e muito) desse retrocesso para o país.

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