
Essa é a pergunta que gestores públicos e legisladores deveriam se fazer cotidianamente, diante dos avanços tão tímidos da educação no país. É a preocupação que deveria mover quem se dedica à vida pública, porque basicamente tudo o que se almeja — crescimento econômico, desenvolvimento social, oportunidades para todos e qualidade de vida — passa por uma educação de qualidade, com capacidade de transformar realidades.
Especificamente no Espírito Santo, os dados preliminares do Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes) 2024 mostram que a educação ainda está aquém desse papel. Em média, 3 em cada 4 estudantes têm aprendizado insuficiente em matemática. Já em lingua portuguesa, só 4 em cada 10 estudantes têm bom desempenho. É o básico de um repertório que um aluno precisa para encarar as demais disciplinas ao longo da vida escolar, uma deficiência que tem impacto direto na carreira profissional, no futuro.
Uma outra notícia preocupante veio do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES), que realizou um levantamento que constatou que, no Espírito Santo, somente Mantenópolis registrou mais de 40% dos alfabetizandos com capacidade fluente de leitura. Em 70 cidades, menos de 30% dos alfabetizandos atingiram esse nível. Desses, 17 registraram percentuais inferiores a 15% de alfabetizandos com leitura fluente.
Um resultado que em um primeiro momento contrasta com o bom desempenho, no ano passado, do Estado no ranking nacional de alfabetização na idade certa, quando ficou em terceiro lugar. Na verdade, mostra que as metas de alfabetização, por si só, não dizem muito se não se refletem no aprendizado. Um desafio educacional no país é fazer o diploma representar de fato o conhecimento adquirido pelos alunos. Mais uma vez, vale lembra o quanto essas lacunas enfraquecem o capital humano do país.
No Paebes, os indicadores mostram que os estudantes ainda não conseguiram recuperar o desempenho registrado antes da pandemia de Covid-19. Lá se vão cinco anos desde aquele que foi o maior desafio educacional desse século, quando a escolarização foi prejudicada pelas (necessárias) medidas de distanciamento social. Seguimos em busca do tempo perdido, que vem de antes.
Os problemas na educação não se resolvem sem a valorização dos professores, a linha de frente para combater essas deficiências. Não se resolvem sem infraestrutura adequada ao aprendizado, não se resolvem sem uma transformação cultural que deixe transparente que a dedicação ao estudo vale a pena, sendo um caminho para superar as desigualdades.
A educação cumpre o seu papel em cada cidadão bem colocado no mercado de trabalho, com capacidade crítica para tomar as melhores decisões em sua vida pessoal e em sociedade.
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