
Pode parecer que a pergunta do título esteja se referindo a estacionamento, e não deixa de ser pertinente essa indagação diante do crescimento da frota no Espírito Santo no ano passado. Não conseguir uma vaga para estacionar é também um desafio que faz parte da própria noção de mobilidade nas grandes cidades. Mas a pergunta engloba também outros aspectos do trânsito cada vez mais caótico, principalmente na Grande Vitória.
Vamos aos números: durante o ano de 2024, as ruas do Espírito Santo ganharam mais 137.935 veículos, chegando a uma frota total de 2.494.996. O aumento no Estado no período, de acordo com levantamento a partir da base de dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), foi de 5,9%, acima da média nacional, que ficou em 4%. As informações foram divulgadas por Karine Nobre em sua coluna.
Os gestores públicos precisam ter esses números em mente e transportá-los para ações nas vias, principalmente nos maiores centros urbanos do Estado. A dinâmica no trânsito, com cada vez mais veículos, vai sendo alterada, com fluxos mais intensos inclusive fora dos horários de pico, tendo impacto na mobilidade urbana.
E, somado ao comportamento imprudente e negligente dos condutores, a tendência é de mais violência no trânsito. Se não houver uma reação institucional organizada, o perigo vai aumentar em cada esquina. Como no caso registrado na sexta-feira (7), em Linhares: o motorista de um Chevrolet Camaro, com sinais de embriaguez, bateu em duas motos e em uma caminhonete estacionados. A caminhonete foi projetada e acabou colidindo com um trailer de lanches.
Em janeiro, houve a primeira reunião do Comitê Permanente de Preservação à Vida no Trânsito, que no nível estadual vai juntar instituições ligadas ao trânsito para desenvolver estratégias para conter a violência. Uma mobilização importante, mas que precisa encarar o problema em todas as dimensões. Há mais veículos nas ruas, principalmente mais motos, que viraram meio de sustento para muita gente. A educação no trânsito também acaba sendo imprescindível.
No campo da mobilidade urbana, há cada vez mais bicicletas, inclusive as elétricas, e ciclomotores nas ruas, justamente para escapar desse trânsito tumultuado. O poder público também precisa olhar para o fluxo desses meios de mobilidade ativa e tentar organizar melhor esse tráfego, para segurança de quem os utiliza e dos pedestres.
É mais fiscalização, o que pode ser aprimorada com câmeras e outros dispositivos tecnológicos, que faz com que condutores andem na linha. E punição. A fauna do trânsito está mais diversificada, com mais SUVs, mais motos, mais bicicletas elétricas e tudo o mais, e é preciso encontrar uma forma de fazer todo mundo caber no mesmo espaço, o que vai exigir também um olhar dos gestores para a própria infraestrutura urbana.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.