
A Transparência Internacional divulga desde 2012 o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), e neste ano o Brasil teve a sua pior posição na série histórica, passando da 104ª em 2023 para 107ª em 2024. A pontuação atingida foi 34, dentro de uma escala que vai de 0 a 100, sendo que quanto maior a nota, maior a percepção de integridade do país.
Trata-se de uma avaliação baseada na impressão de especialistas e empresários sobre o nível de corrupção no setor público de cada país. É, como diz o nome, um levantamento baseado na percepção, o que rendeu críticas do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho. "Desculpe, mas isso é conversa de boteco". Será correto minimizar tanto o resultado?
As preocupações citadas pela Transparência Internacional são de fato pertinentes e concretas. Algumas delas: "renegociação de acordos de leniência para beneficiar empresas envolvidas em macrocorrupção", "falta de transparência e condições de controle social no Novo PAC", "institucionalização da corrupção em larga escala com a persistência, agigantamento e descontrole das emendas orçamentárias, em franca insubordinação às decisões do STF", "episódios reiterados de conflito de interesse de magistrados, principalmente em julgamentos envolvendo bancas de advogados de parentes e em eventos cada vez mais frequentes de lobby judicial", "a aprovação da PEC da Anistia".
Ora, não há invenções nessa lista, no máximo suspeições que deveriam ser tratadas com mais transparência e controle pelos Poderes da República. A corrupção segue corroendo as estruturas, abrindo as barragens do dinheiro público aos malfeitos. Neste ano de 2025, já há movimentações políticas para amenizar a Lei da Ficha Limpa, um marco da mobilização popular no Legislativo nacional. Como se vê, é preciso estar atento o tempo todo.
A pesquisa do Instituto AtlasIntel que mostrou que a reprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a 51,4% também apontou que a corrupção é considerada o segundo principal problema do país (49%), atrás apenas da criminalidade, citada por 58%. Ou seja, a corrupção ainda é central para a opinião pública, mas o seu enfrentamento foi deixado de lado.
A corrupção continua presente no Brasil, como sempre esteve. Nos altos escalões e também nos mais baixos. É cansativo se indignar contra algo tão arraigado à cultura institucional, há tanto tempo. Mas é importante seguir defendendo os mecanismos de transparência e combatendo a impunidade, com leis que continuem sendo aplicadas contra quem desrespeita e se apropria do patrimônio público.
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