É cada vez mais comum se referir ao trânsito como caótico, mas o caos pressupõe falta de ordem e estrutura e, como sociedade, já criamos as regras para organizar a circulação de pessoas. O que estamos vivendo atualmente é uma insanidade coletiva nas ruas e avenidas, com o abandono do bom senso. A segurança nas vias depende acima de tudo das escolhas humanas, e elas definitivamente não têm sido as melhores.
É só assim que se pode explicar a cena chocante de um casal de idosos sendo atingido por um motociclista que seguia em alta velocidade empinando sua moto em avenida movimentada de Porto Canoa, na Serra. José Geraldo Torres, 82 anos, morreu no local e a esposa Maria Auxiliadora Torres, de 78 anos, foi socorrida e levada para o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves.
A prática do "grau", gíria para o ato de empinar o veículo, é um comportamento comum já há algum tempo na Grande Vitória. No ano passado, uma mulher que estava na garupa do marido morreu após ele empinar a moto e perder o controle. Mas a falta de noção não é só de quem empina a moto: é de quem bebe e dirige, ultrapassa os limites de velocidade, ignora sinalizações, não respeita o sinal vermelho.
Com o crescimento do uso de bicicletas elétricas e ciclomotores, um movimento que é bem-vindo para a mobilidade está lamentavelmente acompanhado do mau comportamento de quem os utiliza. No início deste mês, uma idosa morreu após passar 20 dias internada em decorrência de um atropelamento por uma bicicleta elétrica que trafegava na contramão, uma infração que tem sido comum nas ruas.
Escolhas erradas podem causar acidentes, com perdas irreversiveis. Más decisões podem virar crimes de trânsito. As estatísticas de violência no trânsito mostram que mais de 90% dos acidentes estão ligados às atitudes dos condutores e, portanto, poderiam ser evitados.
O motociclista que provocou a morte do idoso ao empinar sua moto foi identificado e se apresentou à Polícia Civil nesta terça-feira (18), Foi liberado, mas a PC pediu à Justiça a decretação de prisão preventiva por homicídio doloso, com dolo eventual (quando não há intenção, mas assume o risco de matar). Ele vai responder a um processo que vai provocar uma reviravolta em sua vida, por ter tomado a pior das decisões em cima de uma moto. O trânsito não vai mudar se as pessoas não mudarem.
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