O que este escândalo no INSS vem mostrando a cada novo passo das investigações é que os recursos da previdência de milhões de brasileiros precisam de mecanismos mais eficientes de proteção. E não tem nada a ver com um ou outro governo, o esquema que descontou o valor estimado de R$ 6,3 bilhões sem autorização dos beneficiários do INSS ocorreu, segundo as apurações, entre 2019 e 2024, tanto no mandato de Bolsonaro quanto no de Lula.
Não tem nada a ver com ideologia, com posição política. O que está ficando evidente é que recursos tão expressivos — mais de R$ 1 trilhão em gastos com benefícios previdenciários estão previstos para este ano no país — estão saindo dos cofres previdenciários a conta-gotas, de forma perigosamente recorrente. Valores que podem ser imperceptíveis para alguns, para outros nem tanto, mas que no cômputo final enchem os bolsos dos oportunistas.
Na semana passada, o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto foi preso em uma nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU). Também foi alvo da operação o ex-ministro do Trabalho e Previdência no governo Bolsonaro, José Carlos Oliveira, também conhecido como Ahmed Mohamad, que vai ter de usar tornozeleira eletrônica.
O INSS, não só por seu papel social, precisa se proteger e dificultar a existência de brechas que permitam que oportunistas suguem recursos que têm um destino tão nobre: é dinheiro do povo para cuidar do povo.
O escândalo revela fragilidades no gerenciamento da já combalida Previdência Social. A equação benefícios x contribuições por si só é um desafio que impacta a gestão fiscal do país, contribuindo para aumentar o rombo. Também não pode haver desorganização e descontrole na gestão desses recursos.
Há uma CPMI em curso, a Polícia Federal (via a sua autonomia!) e a CGU estão fazendo um excelente trabalho de investigação. Mas é preciso pensar no futuro, para que o INSS não permaneça tão vulnerável. O dinheiro dos contribuintes precisa de mais zelo.
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