Quantas vezes a resolução de crimes graças a câmeras de videomonitoramento já foi exaltada neste espaço? Muitas, pois não há dúvidas de que a tecnologia se tornou a maior aliada da segurança pública desde que esses equipamentos passaram a ter onipresença nas ruas. Mas o que é usado para o bem também pode ser usado para o mal, e tem sido cada vez mais frequente encontrá-las em regiões dominadas pelo tráfico, como instrumento de vigilância.
Nesta quarta-feira (12), a Polícia Militar realizou um patrulhamento a pé e retirou do ar um esquema de videomonitoramento clandestino usado pelo tráfico no Bairro da Penha, em Vitória: 16 câmeras que estavam em postes para vigiar a movimentação na região. E vale para tudo: monitorar a chegada da polícia e até mesmo o comportamento dos moradores, um instrumento que pode ser usado para fazer ameaças e julgamentos pelos traficantes.
Na semana passada, câmeras também foram encontradas e apreendidas em Fundão, durante uma operação que prendeu 20 pessoas ligadas a uma facção criminosa. Em julho passado, a polícia conseguiu apreender drones usados para os mesmos objetivos no bairro Santana, em Cariacica. O investimento de criminosos em videomonitoramento é uma tendência não somente no Espírito Santo: há registro da estratégia em outras cidades do país.
As câmeras substituem os olheiros com mais eficiência, o que pode dificultar o trabalho policial. A tecnologia se soma ao arsenal em mãos desses criminosos e passa a ser mais um desafio no enfrentamento dessas facções. Um perigo a mais quando a polícia circula pelas ruas. E com o dinheiro que circula nas mãos dos traficantes não deve ser muito difícil fazer a reposição, o que exige da polícia um monitoramento recorrente desses locais.
Há uma percepção de aumento dessas apreensões, que precisam ser quantificadas estatisticamente pelas autoridades de segurança pública para a adoção de estratégias mais eficientes. O tráfico não pode continuar expandindo o seu controle deliberadamente, com uma influência tão determinante sobre a vida das pessoas que vivem nesses bairros.
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