Em meio ao debate nacional em torno de soluções consistentes de enfrentameto do crime organizado, as informações de que três policiais civis do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc) do Espírito Santo estão sendo investigados por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas mostra a complexidade do problema, com a contaminação de instituições que devem estar sempre acima de qualquer suspeita.
Mas policiais que se envolvem com o crime não representam a corporação, são frutos podres que precisam ser afastados ainda quando pairam as suspeitas. Isso porque não pode haver dúvidas ou desconfianças sobre a conduta e o comportamento de quem escolhe caminhar ao lado da lei. Os maus policiais, ao passarem para o lado dos criminosos, colocam todos em risco: a população e os próprios colegas.
Na Operação Turquia, realizada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MPES) na sexta-feira (7), um deles foi preso e os outros dois foram afastados. A suspeita é de desvio de drogas apreendidas para traficantes da Ilha da Príncipe, em Vitória.
Em setembro, um outro caso, desta vez com policiais militares, teve destaque, quando o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual (MPES) contra 15 policiais militares e determinou a prisão preventiva de todos eles. A suspeita é de participação em um esquema estruturado de corrupção, com recebimento de propinas de facções criminosas, desvio e revenda de drogas apreendidas, lavagem de dinheiro e prática de agiotagem.
Já na semana passada, um soldado do Exército foi preso com drogas durante operação com foco nas lideranças de facções envolvidas nos ataques que provocaram a morte de uma adolescente e uma manicure em agosto passado em Vila Velha. O soldado não era alvo de mandado, mas foi detido ao tentar fugir pelo telhado.
Com maior ou menor nível de organização, esses maus elementos desonram as instituições que abriram suas portas para eles. O papel das corregedorias é crucial para impedir a permanência de quem se corrompe e passa para o lado do crime. Sempre deve haver direito a ampla defesa, como determina a Constituição, mas caso condenados pela Justiça precisam de punição exemplar, para evitar que outros aventureiros que distorcem o papel da polícia nem pensem em ingressar na corporação.
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