O Espírito Santo deve estar mais atento do que nunca. Se na semana passada, neste mesmo espaço, ficou explícita a angústia diante dos obstáculos para começar a tirar do papel a EF 118, ferrovia que pretende ligar Vitória ao Rio de Janeiro, agora há mais uma preocupação no horizonte, um possível impasse que nada tem a ver com o Estado, mas que pode atrasar ainda mais a consolidação desse projeto que vem sendo colocado como prioridade na infraestrutura capixaba nos últimos anos.
Reportagem do Estadão mostra que o acordo entre o governo federal e a Vale sobre a alteração dos contratos de concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e da Estrada de Ferro Carajás (EFC) não vingou porque Brasília tentou incentivar a empresa a assumir parte de uma ferrovia na Bahia, a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), sem sucesso.
O problema é que, além de ainda não haver acordo, a renovação antecipada agora contestada pelo governo Lula havia garantido o investimento de R$ 6 bilhões pela mineradora, como contrapartida, para a construção do trecho de 80 quilômetros entre Santa Leopoldina e Anchieta, o primeiro segmento da EF 118.
Essa pressão paralela por uma ferrovia na Bahia pode virar uma disputa política, com peso maior para o estado nordestino, que pode não ser nada interessante para o avanço do projeto da EF 118, fundamental para interligar os portos do Espírito Santo e do Rio de Janeiro à malha ferroviária brasileira.
Em maio, o Conselho do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), da Casa Civil do governo federal, publicou uma resolução com a recomendação da inclusão da EF 118 no Programa Nacional de Desestatização (PND). O Ministério dos Transportes informou que o projeto da EF 118 vai caminhar mesmo sem a Vale, assim como o governador Renato Casagrande afimou que o governo federal deve publicar o edital de licitação do primeiro trecho entre o final do ano e o início de 2026. As obras estão também previstas para o ano que vem.
Governo estadual e bancada capixaba devem estar, de qualquer forma, preparados para defender as demandas do Espírito Santo em Brasília, caso o Estado venha a ser prejudicado. É mais uma vez um embate entre Davi e Golias, dado o peso político dos estados envolvidos, mas, como o primeiro, o Espírito Santo pode se dar bem com as armas estratégicas que têm.
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