Ninguém em sã consciência deseja ver um policial na cadeia, porque nunca se espera que um agente da lei venha a se envolver com o crime. A conduta de quem escolhe essa carreia deve ser ilibada. E é justamente essa incoerência que torna a necessidade de encarcerar um policial militar um mal necessário, porque não é o que a sociedade almeja.
Nesta terça-feira (9), o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual (MPES) contra 15 policiais militares investigados na Operação Argos e determinou a prisão preventiva de todos, além da manutenção do afastamento cautelar das funções.
Na ocasião das três operações simultâneas realizadas em julho na Grande Vitória, a prisão já havia sido decretada para seis deles, e os demais cumpriam mandados de menagem (medida cautelar restritiva de liberdade), que agora foram suspensos.
A denúncia é grave demais: as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPES) e da Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar indicam que há um esquema estruturado de corrupção, com recebimento de propinas de facções criminosas, desvio e revenda de drogas apreendidas, lavagem de dinheiro e prática de agiotagem.
Um policial envolvido com o crime nesses níveis passa a ser um perigo para a segurança pública, com as estratégias da área colocadas em vulnerabilidade, e um perigo para a própria corporação, não só pela má influência e por manchar a credibilidade, mas por colocar outros policiais em risco real.
A prisão preventiva não é uma condenação prévia, é uma proteção à sociedade e à própria Polícia Militar, como instituição, diante do peso das denúncias. Os 15 policiais devem ter a ampla defesa garantida, dentro do devido processo legal, para que não restem dúvidas sobre o caso. Mas aguardar em liberdade ou cumprindo suas funções definitivamente não seria prudente.
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