> >
Ministério Público junto ao TCU pede suspensão do consignado do Auxílio pela Caixa

Ministério Público junto ao TCU pede suspensão do consignado do Auxílio pela Caixa

Procurador alega que viu intenção meramente eleitoreira na concessão dessa modalidade de empréstimo

Publicado em 18 de outubro de 2022 às 17:25

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da concessão do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa, citando possível "desvio de finalidade" e uso "meramente eleitoral". Na segunda-feira, a presidente da Caixa, Daniella Marques, afirmou que, até a última sexta-feira, 14, o banco concedeu R$ 1,8 bilhão de crédito consignado a 700 mil beneficiários do auxílio em apenas três dias, já que o lançamento foi no dia 11.

Desde o início do segundo turno das eleições presidenciais, a Caixa tem acelerado o lançamento de medidas e programas, principalmente com foco nas classes mais baixas e nas mulheres, públicos em que a rejeição do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem maior rejeição.

Dinheiro: notas de R$ 50 reais
Dinheiro: notas de R$ 50 reais. (Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

A Caixa é um dos poucos grandes bancos do País a oferecer o consignado do Auxílio, ao menos a princípio. Os demais têm sinalizado que consideram a linha arriscada, dada a situação de fragilidade social em que muitos dos beneficiários estão.

No pedido de medida cautelar, o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado, afirma que, apesar da lei que prevê o consignado, o "assombroso montante" de R$ 1,8 bilhão em crédito já liberado em três dias de existência da modalidade "impõe dúvidas sobre as finalidades perseguidas mediante essa atividade". "Bem como sobre se vem sendo respeitados procedimentos destinados a salvaguardar os interesses do banco e, por consequência, o interesse público".

Ele pede que a suspensão das concessões seja feita até que a corte de contas se manifeste definitivamente sobre o assunto.

Furtado cita a proximidade do segundo turno das eleições e a posição de desvantagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de intenção de voto ante o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sendo assim, "tudo indica", diz o sub-procurador, que trata-se de uma medida para atender interesses políticos-eleitorais em detrimento da população.

"Com efeito, não é desarrazoado supor, como sugere a matéria jornalística em tela, que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vem sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição", diz Furtado, na representação, citando além da agilidade "inesperada" das concessões, que "provavelmente" ocorrem de "forma açodada".

Ele também cita que a ação visa majoritariamente o público feminino, público que o presidente Jair Bolsonaro tem desvantagem ante o seu adversário na disputa eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No pedido, Furtado ainda diz que, se confirmadas as suspeitas, configurariam "ocorrência de extrema gravidade", inclusive com implicações criminais comuns e de crime de responsabilidade, alheias às competências dessa Corte de Contas. Há ainda implicações administrativas.

"Há a possibilidade de a empresa pública haver incorrido em flagrante desvio de finalidade pública, utilizando-se indevidamente de seus recursos e de sua estrutura para interferir politicamente nas eleições presidenciais, situação a demandar notoriamente a atuação do TCU."

A reportagem entrou em contato com a Caixa, mas não recebeu resposta até o fechamento deste texto.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais