Publicado em 24 de abril de 2020 às 18:24
Com a saída do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, do governo, a Bolsa de Valores de São Paulo intensificou as perdas nesta sexta-feira (24), e chegou perto de acionar o "circuit breaker", mecanismo que suspende as negociações. Com os resultados negativos do pregão, a B3 fechou com queda de 5,45%, aos 75.330,61 pontos. O dólar também reagiu negativamente e chegou à máxima histórica de R$ 5,74. A moeda terminou o dia com alta de 2,40%, a R$ 5,66.>
Em um dia marcado pelo cenário político tenso, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, já começou o dia em queda, nos 79 mil pontos. O índice continuou a se deteriorar rapidamente pela manhã e às 12h22, chegou a recuar 9,58%, aos 72 mil pontos, no menor valor do dia. >
O dólar também sentiu os efeitos do pedido demissão, mas antes mesmo do anúncio de Moro, às 11h, já abriu em alta de quase 1%. Assim como a Bolsa, a moeda entrou em uma rápida escalada de preços e às 14h49, atingiu R$ 5,74, mais novo recorde nominal (quando não se desconta a inflação) para a cotação, repesentando uma alta de 3,92%. E o 'efeito Moro' persistiu ao longo do dia, para se ter uma ideia, às 15h38, a moeda ainda era negociada a R$ 5,724, com alta de cerca de 3,60%.>
Nesta sexta, a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi oficializada via decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Na quinta-feira (23), ao ser comunicado por Bolsonaro sobre a decisão, Moro já havia ameaçado deixar o governo, alegando que não poderia aceitar mudanças na chefia da PF. A saída de Moro ocorre uma semana depois da demissão de Luis Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. >
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Nesse cenário, os investidores intensificaram a venda de ativos brasileiros, em meio ao aumento do risco político pela repercussão negativa da mudança no Ministério da Justiça. Perto de registrar uma queda de quase 10%, o Ibovespa ainda ameaçou acionar o "circuit breaker", quando as negociações são interrompidas por um determinado tempo, ao ser majoritariamente afetado pelas fortes perdas das estatais.>
Além das ações da Petrobrás, companhia brasileira que tem forte peso na Bolsa, outras blue chips, ações de empresas de grande porte, foram fortemente afetadas pelo discurso do agora ex-ministro Moro. No início da tarde, Vale ON tinha queda de 2,21%. No caso da mineradora, operadores apontam que a alta do dólar ajuda a empresa, que tem receitas dolarizadas.>
Entre os bancos, Itaú Unibanco PN tinham perdas de 6,53%, enquanto Bradesco ON cai 11,01%, e os papéis PN recuam 9,20%. Banco do Brasil ON, tinha a maior baixa do setor, de 13,19%. Com a saída de Moro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, agora está sob os holofotes. Ruídos em torno do nome dele cresceram após o cancelamento de participação em lives marcada para esta sexta-feira. >
Além do dólar, o euro, moeda oficial da União Europeia, também tem crescimento expressivo neste ano. Desde janeiro, a valorização é de mais de 30% frente ao real. No primeiro dia do ano, a moeda era cotada em R$ 4,50. Na manahã desta sexta atingiu seu mais novo recorde nominal, ultrapassando, pela primeira vez, a marca de R$ 6, chegando a R$ 6,17.>
Este ano o dólar já acumula alta de mais de 40%, em em meio a todo o caos econômico provocado pela pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19, e, em alguns momentos, por fatores de instabilidade política no País. Para se ter uma ideia, no início de janeiro, a moeda tinha cotação próxima de R$ 4.>
As Bolsas da Europa fecharam a sexta com perdas generalizadas. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 1,10%, enquanto na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou com baixa de 1,28%. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 1,69%, a 10.336,09 pontos e na Bolsa de Paris, o índice CAC 40 fechou em queda de 1,30%. O índice FTSE MIB, da Bolsa de Milão, recuou 0,89%, em Madri, o índice IBEX 35 fechou em baixa de 1,97% e na Bolsa de Lisboa, o índice PSI 20 recuou 0,88%.>
Na China continental, o Xangai Composto recuou 1,06% e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 1,48%, ignorando uma decisão do banco central chinês (o chamado PBoC) de reduzir a taxa de juros da sua linha de crédito de médio prazo direcionada, de 3,15% para 2,95%. Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei teve queda de 0,86% em Tóquio, enquanto o Hang Seng recuou 0,61% em Hong Kong, o sul-coreano Kospi cedeu 1,34% em Seul e o Taiex caiu 0,18% em Taiwan. Na Oceania, por outro lado, a Bolsa australiana ficou no azul, ajudada por petrolíferas, cujas ações subiram em linha com a recuperação das cotações do petróleo nos últimos dias. Em resposta, o S&P/ASX 200 avançou 0,49% em Sydney. >
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