Trabalhar no mercado financeiro exige muito mais que conhecimento, é necessário enxergar que cada indivíduo é único e que não há padrão de atendimento. Conhecer o cliente, entender seu perfil, identificar seu momento de vida, rastrear seu horizonte de tempo e medir sua janela financeira é essencial para preparar seu cliente para escolhas conscientes.
Muitas vezes, a história de vida do cliente esconde um teto de vidro, no qual ele vê a luz do sol, mas não consegue absorver a energia que vem dele. Vê a luz da lua, mas não sente o frescor da noite que desce junto com o orvalho. É como uma redoma de vidro que parece que te protege e te mantém no “status quo” e não te permite ir além, não te permite experimentar sobreviver e crescer com o risco, se defender e, com isso, ficar mais forte.
A máxima “o segredo é gastar menos do que se ganha” é conhecida por grande parte da população. Então, por que há tantos endividados e tantas pessoas que vivem no limite? Que vivem ali no zero a zero, mal conseguindo investir R$ 100. Por quê? Muitas vezes, aborda-se em textos educativos sobre o desejo, sobre o excesso de vontade de comprar, sobre compulsão e sobre consumismo. Porém, na outra ponta do desejo, existe o medo. O infortúnio de se sobressair faz com que muitos possíveis investidores se autossabotem. Afinal, crescer chama atenção, por mais discreto que se busque ser.
Mas como seria isso? Por exemplo, você aprendeu, ao ler os artigos da Editoria Dinheiro de A Gazeta, que o importante é se priorizar, investir primeiro e que a linha dos investimentos deve ser a primeira do seu orçamento doméstico. Assim, se você trabalhou, você fez o seu salário e o recebeu, investiu no mínimo 10%. Com o tempo acumulou R$ 50 mil em patrimônio no Tesouro Direto Selic como reserva de emergência e estava preparado para diversificar suas aplicações e dar mais um passo no seu aprendizado dentro da cidadania financeira.
Porém, em uma festa de família, um casamento de um primo, por exemplo, você ouviu vários familiares reclamarem da vida dura, de dívidas, que terão que cortar gastos, que aconteceu isso ou aquilo… Já viu esse filme? Se você não estiver forte “neuroecomicamente”, das duas uma: ou você vai cair na besteira de oferecer ajuda ou vai arrumar algo para gastar seu dinheiro para não se sentir na obrigação de emprestar o dinheiro. Isso é autossabotagem pura: torrar seu patrimônio com algo que nem precisa para ficar igual ou pior a quem está ao seu redor.
Portanto, o amadurecimento vem não só com a experiência, origina-se e cresce com o estudo. Quem ganha dinheiro perde. Você não ganhou seu salário, seu pró-labore, seus dividendos, você fez. Não tenha medo de receber pelo que faz! Não tenha medo de ter mais do que o outro que não fez ou que fez, mas achou que ganhou e não deu valor e gastou sem critério. A jornada financeira é individual, depois do casal e depois, familiar. Se não for casado, é individual; depois, familiar. Lembra da história da máscara de oxigênio do avião? Primeiro, coloque a sua, depois a do outro.
Ou seja, é necessário separar o joio do trigo em tudo na vida, principalmente na vida financeira. Chama-se Austeridade Financeira. Nem tudo precisa ser mostrado, dito e explanado. Não fale seu salário nem para seus ascendentes nem descendentes; em raros casos, para cônjuges. Para encontrar as melhores oportunidades de brilhar na vida financeira, é preciso discrição e sabedoria. Entre o medo e o desejo, há um propósito, mas você só consegue segui-lo quando se decide por ele e vai para o sentido de baixo para cima. Muitos evitam a perda usando-se do medo porque a dor da perda é duas vezes maior do que o prazer de ganhar.
A Economia Comportamental mapeou esse medo como “aversão à perda”. O cérebro evita a dor, usa o medo como proteção. O cérebro humano, possui matrizes reptilianas que guardam o instinto primitivo de preservação da vida. Dessa forma, fica mais fácil entender como o mecanismo de educação financeira é complexo e o porquê para educar financeiramente um cidadão é preciso ir além de cortesia e de conhecimento bancário e matemático.
Logo, ser austero trará paz e certeza de que você não está se exibindo e trará tranquilidade para brilhar naturalmente. Com o propósito firme em ser feliz e financeiramente saudável, você se liberta de qualquer corrente que trave seu avanço na vida pessoal, profissional e financeira. Ao caminhar rumo à essa liberdade, talvez não perceba, levará muitos consigo.
Cada cidadão que se liberta do medo de crescer, desacorrenta toda uma rede, como uma teia! É tudo interligado! Você cura seus familiares, seus amigos, pessoas que nem conhece. Você cura o ambiente que vive sendo luz, sendo chama, sendo fonte. E se o ambiente for demasiadamente escuro, enlodado, sem chance de mínima existência de oxigênio para manter sua luz, primeiro é necessário mudar de ambiente.
Em síntese, o ambiente importa! Muitas vezes, você não progride financeiramente porque está vinculado fortemente a pessoas e ambientes que te fazem pensar rasamente. Como se você não tivesse permissão para ser bem-sucedido! Não é porque seu vizinho não progrediu que você não pode! Não é porque seu amigo de infância não prosperou que você, também, não pode! Cuidado com as “não permissões” ocultas! Elas estão em sua cabeça! Você pode brilhar! Brilhe! Quando mudar sua mentalidade, em poucos meses, alcançará o que não conseguiu em anos.
Por fim, cuidado com o medo de crescer para não machucar ninguém a sua volta, não se torture! Não crescer é mais prejudicial do que crescer demais! Diminuir-se, ir aquém do que é sua missão nesse mundo, prejudica o universo. Você fica devendo a todos quando se faz pequeno. Endireite sua coluna, respire profundamente e enxergue que, entre o medo e o desejo, existe um ponto de tomada de decisão que o faz crescer rumo ao seu propósito.
Antes de uma despedida desse artigo, fica um pensamento para reflexão: “Tudo o que você quer estará do outro lado do medo.” (George Addair)
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