É administradora, especialista em Gestão de Recursos Humanos e profissional certificada Anbima CPA-10 e CPA-20. Tem 23 anos de experiência com orçamento, investimentos e planejamentos previdenciário e sucessório. Trabalha com ESG e na prevenção de lavagem de dinheiro.

Foco e rotina: como criar um plano eficiente para cuidar do seu dinheiro

Ter sucesso na vida financeira depende de objetivos e metas que possam ser incorporados ao orçamento; depois, é preciso evitar gastos desnecessários e, em caso de dívidas, saná-las o mais breve possível

Vitória
Publicado em 16/05/2025 às 08h51

A moda de ser imparável tem criado cidadãos com excesso de pensamentos, desconectados e muitas vezes improdutivos. Ser imparável no sentido de ser indestrutível é épico e muito motivador; imparável no sentido de ser resiliente, cair e levantar, é extraordinário, mas ser imparável no sentido de não parar e não refletir tem criado indivíduos refratários ao pensamento crítico e reflexivo. O excesso de velocidade do pensamento não necessariamente traz eficiência e muito menos eficácia e pode tirar seu foco, o que atrapalha sua jornada pessoal e financeira.

A boa notícia é que sempre é possível ajustar a maneira de sistematizar o pensamento e os compromissos cotidianos de forma eficiente e eficaz com o objetivo de maximizar a performance do dia a dia, evitando procrastinações. O deixar para depois é um dos principais motivos de descontrole financeiro. Não anotar e deixar para fazer tudo de uma vez no mês é desestimulante, o que torna o processo orçamentário desgastante e frustrante. É preciso ter adesão, uma cola que gruda e não solta mais do objetivo de fazer em tempo e a contento o que se propõe a fazer na vida financeira. Ter um plano é eficiência, ter eficácia é cumprir o plano dentro do prazo e com resultado positivo, sem burlar regras.

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Investir um pouco todo mês e ver seu dinheiro render depende de planejamento. Crédito: Vecteezy

Portanto, é possível elaborar dicas práticas para alcançar essa performance:

1 - Identifique seu perfil para anotar despesas: você é mais digital ou analógico? Gosta de aplicativos? Cadernos? Guardar canhotos e comprovantes e depois passar para o Excel?

2 - Adote uma metologia e a mantenha por, no mínimo três meses; não vale ficar trocando. Não há mensuração e motivação que resista ao troca-troca!

3 - Faça intervalos regulares: o cérebro precisa de pausas para absorver melhor o conteúdo, sim tudo que você anota em receitas e despesas é conteúdo e precisa ser entendido e analisado, se for muita coisa, pare por uns minutos, tome uma água, vá ao banheiro ou continue no dia seguinte.

4 - Controle o uso do celular: defina horários específicos para evitar distrações. A não ser que o celular seja o meio escolhido para controle e anotações, evite ficar olhando enquanto se concentra nas suas finanças. O excesso de assuntos, de pensamentos e de distrações, tira o foco do que importa: suas finanças.

5 - Experimente músicas baixas, um som ambiente, que podem melhorar a concentração. Assim como é recomendado usar esse tipo de música para estudar e trabalhar, sugere-se para trabalhar com números e planilhas também. Experimente!

6 - Use métodos de análise dos gastos mais eficazes: separe os canhotos e comprovantes por categoria de gastos: gasolina, alimentação, supermercado, educação, entre outros segmentos.

7 - Defina metas e prioridades: tenha objetivos claros para manter a motivação. Exemplos: “No primeiro mês, a meta é anotar tudo, centavo por centavo e, no final, analisar!”, “No segundo mês, a meta é continuar anotando centavo por centavo, investir pelo menos R$ 100 e, no final, analisar!”, “No terceiro mês, se eu tiver sucesso, vou aumentar o investimento e fazer um curso gratuito ou contratar um profissional”.

8 - Cuide do seu bem-estar: sono, alimentação e exercícios impactam diretamente nas finanças. Pessoas cansadas, frustradas, decepcionadas, doentes, deprimidas e tristes, tendem a ser facilmente capturadas pelo neuromarketing e gastam sem nem entender o motivo e a necessidade da compra. Dessa forma, cuide-se!

Entretanto, por mais esforço que se faça, é possível que algo fique para trás. O que fazer? A primeira coisa é sempre parar e respirar. É importante que isso seja feito até sentado de frente para uma agenda ou um caderno com lápis e borracha, para que possa ser feito e refeito quantas vezes for necessário. Mas o quê? Uma nova programação! Muitas vezes, algo fica para trás, não porque houve desleixo, mas porque, de fato, não houve tempo. Se esse for o caso, há um excesso de compromisso e, é hora de a borracha entrar em ação. É hora de remanejar.

O que é mais urgente e com tendência a piorar? Esse item vem primeiro. É o que, na administração, chama-se Matriz GUT. O que é mais grave? Deixar de pagar o boleto ou deixar de anotar o valor do boleto na planilha? Deixar de pagar o boleto, certo? Então, o foco é pagar as contas, depois anotar. O que é mais urgente? Em um dia caótico, em que o trânsito roubou seu tempo, buscar seus filhos na escola ou anotar os valores referentes à escola, ao balé, ao futebol, ao inglês? É claro que buscar seus filhos na escola!

Agora, o que tem tendência a piorar? Tomar aquele café pendente com seus amigos ou parar para anotar seus gastos na sua planilha? Provavelmente, é anotar seus gastos na sua planilha, porque, se chegou a esse ponto de decisão, os gastos se acumularam. Nesse caso, remaneje o café para depois do fechamento do mês ou para depois do 5º dia útil do mês, por exemplo. Só não pode todos os outros compromissos sempre ganharem das suas finanças, principalmente, do seu orçamento. Por mais digital que possa ser o seu orçamento, uma hora é preciso a sua presença, a sua interação e a sua análise. Toda ética e responsabilidade que se busca ter com as pessoas e com as empresas, você tem que ter consigo. Não há melhor forma de encarar finanças pessoais.

Portanto, use e abuse da neurociência para fazer com que a rotina de cuidar do seu orçamento doméstico seja um hábito e evite distrações, excesso de compromissos e excesso de pensamentos. Ter sucesso na vida financeira depende de planejamento de objetivos e de metas e de incorporá-los dentro do orçamento. Após essa etapa, é preciso evitar os gastos desnecessários e, em caso de dívidas, saná-las o mais breve possível, de preferência com acompanhamento.

Por fim, estude incessantemente sobre finanças, principalmente, sobre investimentos, mesmo que você não tenha um centavo para investir. Estudar sobre algo, sobre bons assuntos, o motiva a ser ou ter esse algo, a incorporar em sua vida esse assunto estudado. Isso é neurociência pura! No caso, neuroeconomia. Quanto mais você se interessar pelas diversas possibilidades de investir e de viver com segurança e com mais qualidade de vida, menos vontade de gastar com coisas supérfluas terá. Há uma máxima, que tirar algo da sua vida sem acrescentar algo novo, dói muito. Então, primeiro adicione muito estudo, muita esperança e muita vontade, o cortar virá naturalmente.

Na filosofia, fala-se em depurar o gosto. Com o tempo, os livros serão mais importantes do que os combos de fast food; as viagens serão uma opção melhor do que a nova coleção de inverno da sua marca de roupas preferida; um intercâmbio será uma alternativa em vez de trocar de carro; reformar o apartamento torna-se uma opção em vez de comprar um novo, para você poder fazer menos horas extras e ficar com sua família. Comece, apenas comece! E lembre-se: o dinheiro é seu, a decisão é sua!

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