Formado em engenharia civil pela Ufes, pós-graduado em Finanças pelo IBMEC-MG e com mestrado em Administração pela Fucape, geriu o clube de investimentos Investvix entre 2011 e 2015. É assessor de Investimentos na Valor Investimentos desde 2016

Qual será o valor do bitcoin em 2035? Confira a projeção para a criptomoeda

Para fazer as estimativas e os cálculos, foi usado o suporte do Grok, a inteligência artificial desenvolvida pelas empresas de Elon Musk

Publicado em 18/08/2025 às 11h09
Atualizado em 21/08/2025 às 07h48

Em março do ano passado, neste mesmo espaço, escrevi uma coluna intitulada bitcoin – minha redenção à criptomoeda. Coincidentemente, nas semanas seguintes, o bitcoin marcava seu topo e iniciava mais uma correção de curto prazo. No entanto, de outubro para cá, o mercado de cripto voltou a ganhar força, iniciando um rally que elevou sua cotação acima dos U$ 100 mil.

Uma das grandes dificuldades de se investir em ativos que não são geradores de renda é que não temos modelos simples para uma previsão mais apurada de seu valor futuro. No caso de ações e fundos imobiliários, por exemplo, podemos facilmente estimar um “valor justo” a partir de quanto de dinheiro esses ativos vão gerar ao longo do tempo.

No caso do bitcoin, precisei adotar um caminho diferente: projetei quanto ele valeria se um determinado percentual de todas as aplicações financeiras do mundo fosse direcionado para sua compra. Ou seja, considerei um cenário em que ele se tornasse uma reserva de valor — como é o ouro hoje — com parte do dinheiro de bancos centrais, fundos soberanos, fundos de pensão e mesmo da poupança de pessoas comuns sendo investido nele de forma natural, ao longo de 10 anos.

Bitcoin: criptomoeda vive bom momento de valorização
Bitcoin: criptomoeda vive bom momento de valorização. Crédito: Gerd Altmann/Pixabay

Para as estimativas e os cálculos, contei com o suporte do Grok, a inteligência artificial desenvolvida pelas empresas de Elon Musk. Ele projetou quanto dinheiro estaria aplicado em ativos financeiros em 2035 e fez também uma estimativa refinada do percentual que poderia estar alocado em bitcoin, chegando a um número próximo de 5%. Eis a defesa para essa projeção:

O cenário base de 5% de alocação em bitcoin até 2035 é realista com base nos seguintes argumentos:

  1. Adoção institucional crescente: ETFs de bitcoin, como o BlackRock iShares (USD 71 bilhões em ativos em 2025), e alocações corporativas (ex.: MicroStrategy, 576.230 BTC) indicam aceitação mainstream (o que é mais popular). A Bitwise prevê fluxos institucionais de USD 426,9 bilhões até 2026, sugerindo ~20% do suprimento total em mãos institucionais. Até 2035, com maior clareza regulatória (ex.: regulamentações favoráveis nos EUA e UE), espera-se que instituições aloquem entre 3% e 10% de seus portfólios, com média de ~5% (VanEck, BlackRock, Galaxy Digital).
  2. Reserva de valor global: O market cap do ouro (~USD 23,5 trilhões em 2025) é cerca de 10 vezes o do BTC. Se o bitcoin capturar 20–25% desse mercado até 2035 (projetado em ~USD 40 trilhões a um CAGR de 5%), seu market cap pode atingir entre US$ 8 e US$ 10 trilhões, alinhado com 5% do portfólio global (~USD 414 trilhões). Analistas como Cathie Wood (ARK Invest) reforçam a tese do BTC como “ouro digital”, com participação crescente. 
  3. Adoção soberana: Países como El Salvador (6.133 BTC) e propostas no Brasil (5% das reservas, ~USD 18,5 bilhões) sinalizam o bitcoin como reserva estratégica. Até 2035, mais nações podem adotar o ativo como proteção contra inflação e crises monetárias, especialmente em economias emergentes (ex.: Argentina, Venezuela). 
  4. Crescimento em economias emergentes: No Brasil, 24% da população possuía criptoativos em 2023 (dados do Mercado bitcoin), com projeções de 50% até 2030. Economias com alta inflação tendem a favorecer o BTC como hedge, elevando a alocação global média para ~5%. 
  5. Tecnologia e escalabilidade: Avanços na Lightning Network e maior eficiência energética na mineração tornam o BTC mais viável tanto para transações quanto para investimentos, apoiando uma adoção maior por varejo e instituições. 
  6. Transferência de riqueza: A transferência de US$ 83 trilhões para gerações mais jovens (UBS Global Wealth Report) favorece ativos digitais, já que os jovens demonstram maior preferência por cripto (ex.: 24% no Brasil, 31% na Nigéria). Isso sustenta a hipótese de uma alocação média de 5% em portfólios globais. 

A partir daí, chegar a um valor não foi difícil, visto que a quantidade de bitcoins existentes no mundo é finita. Assim, bastou dividir o valor encontrado pelo número de BTCs, chegando a uma estimativa de U$ 1.220.000 (um milhão duzentos e vinte mil dólares). Em outras palavras, em 2035 o bitcoin poderia valer 10 vezes mais do que hoje.

Vale reforçar que não se trata aqui de uma recomendação de investimento. Para que esse cenário se concretize, é necessário que as premissas adotadas se confirmem no futuro. Ainda assim, parece haver uma assimetria interessante no investimento em bitcoin.

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