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Batismo do crime: lista com 8 mil nomes mostra tamanho de facção no ES

Investigada pela polícia, ela ajuda a traçar um raio-x do PCV; número de integrantes pode ter reduzido em função de mortes ou de saída do grupo

Vitória
Publicado em 06/10/2025 às 03h30
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Crédito: Arte - Camilly Napoleão com Adobe Firefly

O cadastro de uma facção criminosa que atua no Espírito Santo revela que o batismo de integrantes já conta com mais de oito mil nomes.

Identificado como pertencente ao Primeiro Comando de Vitória (PCV), a lista detalha informações como os nomes dos traficantes, seus apelidos, sua “quebrada” (local de atuação), a cidade e até quem são os “padrinhos” que os indicaram.

Partes do registro têm sido apreendidas em operações policiais e ajudam a traçar um raio-x da facção, seus integrantes, áreas de atuação, as ligações de poder e até as migrações entre grupos criminosos.

Ao lado do nome e do apelido pelo qual é conhecido aparece a numeração de cada membro, que é a sua identificação entre os parceiros. Inclusive há informações de que alguns chegam até a tatuar o número no corpo, que não é substituído nem com a morte ou saída do grupo.

E é por este motivo que estes códigos dão a indicação de que pelo menos mais de 8 mil pessoas já foram registradas na facção criminosa.

A coluna teve acesso a parte destes documentos e conversou com Romualdo Gianordoli Neto, subsecretário de Inteligência da Segurança de Estado da Segurança Pública (Sesp), sobre o tema. Na avaliação dele, o número de integrantes é menor, considerando os que saíram ou morreram.

“Não acredito que sejam tantos. São batizados, mas não significa que todos ainda sejam membros ativos, mesmo que o número seja mantido pela pessoa”, observa. Ele acrescenta que este tipo de registro vem sendo investigado pela Polícia Civil.

O processo de batismo e os padrinhos no PCV

Para ser considerado um membro e fazer parte do cadastro é necessária uma “indicação”. Os padrinhos são identificados na frente do nome de cada novo integrante e se tornam responsáveis pelas ações de seu tutelado.

Para o PCV, a informação é de que seriam necessários pelo menos três padrinhos, mas na lista consta que alguns membros conquistaram o acesso com apenas dois. Umas das possibilidades é que o “responsável” tenha um maior poder dentro da organização.

A lista revela ainda a movimentação entre os grupos criminosos. Há integrantes que atuavam em outra denominação e que agora aparecem listados como batizados do PCV. É o caso de um membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) que passou a fazer parte da facção rival.

Outro exemplo vem de Carlos Alberto dos Santos Gonçalves, o Bequinha, que, anteriormente, integrava o Terceiro Comando Puro (TCP), onde atuou com os três Irmãos Vera — dois deles estão detidos na Penitenciária de Segurança Máxima 2 — e migrou para o PCV.

Em seu cadastro aparece Sérgio Raimundo Soares da Silva Filho, o Kauê, e Márcio Doido como os seus padrinhos.

Tais disputas entre traficantes, que vêm sendo associadas ao PCV, voltaram a fazer vítimas na noite da última sexta-feira (3), ferindo duas crianças e dois adultos, também na Serra.

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