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Polícia aponta 12 envolvidos em ataque que matou criança na Serra

Polícia aponta 12 envolvidos em ataque que matou criança na Serra

Seis pessoas foram presas; crime ocorreu após criminosos confundirem carro da família com o de um rival durante guerra entre facções

Publicado em 28 de agosto de 2025 às 15:21

 - Atualizado há 4 meses

Polícia divulgou fotos de 9 dos 12 suspeitos de envolvimento em ataque que matou criança na Serra
Polícia divulgou fotos de 9 dos 12 suspeitos de envolvimento em ataque que matou criança na Serra Crédito: Divulgação | PCES

Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Serra, em ação integrada com a Força Tática do 6º Batalhão da Polícia Militar (PMES), prendeu seis pessoas em desdobramento das investigações sobre a morte da menina Alice Rodrigues, de seis anos, ocorrida no último domingo (24), no bairro Balneário de Carapebus, na Serra. Durante a ação, o pai e a mãe da criança, que está grávida de oito meses, foram atingidos de raspão.

Segundo o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, delegado Rodrigo Sandi Mori, o ataque aconteceu após um acidente entre o carro da família e o dos executores. Os criminosos estavam no bairro à procura de um gerente do tráfico da região e confundiram o veículo da família com o do alvo. De dentro do automóvel, eles dispararam contra os ocupantes e só pararam quando o pai de Alice implorou.

O crime foi motivado pela guerra do tráfico entre o Primeiro Comando de Vitória (PCV) e o Terceiro Comando Puro (TCP). A região onde ocorreu o homicídio é a única ainda sob domínio do TCP. No total, a Polícia Civil apontou o envolvimento de 12 pessoas no crime, sendo que seis delas estão presas, entre elas uma advogada. São eles:

  1. Sérgio Raimundo Soares da Silva Filho, vulgo Serginho Kauê - mandante (foragido, escondido no Rio de Janeiro);
  2. Carlos Alberto dos Santos Gonçalves Júnior, conhecido como Bequinha - mandante (foragido, escondido no Rio de Janeiro);
  3. Ryan Alves Cardoso, o R7 - mandante (foragido, escondido no Rio de Janeiro);
  4. Marlon Furtado Castro - intermediário (preso);
  5. Maik Rodrigues Furtado, vulgo MK - intermediário (preso);
  6. Marina de Paula dos Santos - advogada e intermediária (presa);
  7. Pedro Henrique dos Santos Neves - executor (preso);
  8. Nome não divulgado- executor (foragido);
  9. Nome não divulgado- executor (foragido);
  10. Nome não divulgado- executor (foragido);
  11. Arthur Folli Rocha - olheiro (preso);
  12. Izaque de Oliveira Moreira - responsável pela fuga (preso). 

“Sérgio Raimundo comanda o tráfico em um bairro de Viana e também no bairro São Diogo, na Serra. Ele é um membro do alto escalão do PCV. Ao lado dele está Carlos Alberto, que era membro do TCP e migrou para o PCV. Ele é responsável pela maioria dos ataques que ocorreram em Nova Almeida em 2023 e 2024. Também temos Ryan, que comanda o tráfico no loteamento do bairro Lagoa de Carapebus. Os três se uniram para expandir as áreas de atuação e dominar territórios do TCP”, explicou o delegado.

Abaixo deles estão Marlon Furtado Castro e Maik Rodrigues Furtado, vulgo MK. Ambos receberam a ordem para identificar o alvo, definir quem participaria da execução, fornecer armas e munições, além de planejar o ataque.

“O Marlon também contou com a ajuda primordial da Marina, que era responsável por guardar armas e munições na sua casa. Isso foi comprovado quando nossa equipe entrou no imóvel e encontrou 100 munições calibre 9 mm e 20 munições calibre 5,56, usadas em fuzis”, disse Rodrigo Sandi Mori.

A polícia afirma que Marina, que é advogada, usava sua casa para esconder os materiais. No local, também foram encontrados pinos de cocaína e um caderno com anotações do tráfico.

Foi Marlon e Maik que escolheram Pedro Henrique dos Santos Neves e outros três indivíduos, já identificados, para executar o crime. Além deles, também havia Izaque de Oliveira Moreira, responsável por dar fuga aos executores caso algo desse errado.

Já Arthur Folli Rocha foi contratado como olheiro e receberia R$ 100 para monitorar o deslocamento de viaturas entre o bairro Novo Horizonte e Balneário de Carapebus.

“Eles falaram para Arthur que haveria um ataque no bairro e contrataram ele para vigiar as viaturas. Ele foi contratado por Marina e Marlon”, completou o delegado.

Polícia Civil divulgou organograma apontando suspeitos de envolvimento em ataque na Serra
Polícia Civil divulgou organograma apontando suspeitos de envolvimento em ataque na Serra Crédito: Divulgação | PCES

O crime

A Polícia Civil divulgou imagens que mostram o momento que quatro executores fogem após a morte de Alice Rodrigues, de seis anos, na Serra.

No dia do crime, os executores receberam a informação de que o alvo estaria em um torneio de pipas no bairro. Eles circularam por uma rua conhecida pelo intenso tráfico de drogas, mas, como não encontraram o homem, decidiram deixar o local. No caminho, colidiram com o carro da família de Alice.

Nesse momento, eles confundem o veículo da família com o do alvo que pretendiam executar. Abriram fogo ainda de dentro do carro e só pararam quando o pai da criança desembarcou e implorou para cessarem, porque no veículo havia uma criança e uma mulher grávida

Rodrigo Sandi Mori

Delegado

Após os disparos, os criminosos fugiram armados, um deles com um fuzil. Como a execução deu errado, abandonaram o veículo e cada um seguiu para um local diferente. Pedro Henrique entrou em contato com Izaque, que foi buscá-lo no bairro Bicanga. No entanto, ambos foram presos pela Força Tática da Polícia Militar.

Na delegacia, Pedro confessou a participação no crime e delatou os demais envolvidos. Com base no depoimento, a polícia prendeu Arthur Folli, o olheiro, que também admitiu o crime e apontou Marina e Marlon como mandantes.

Na madrugada de segunda-feira (25), policiais foram à casa de Marlon e descobriram que ele estava na residência da companheira, Marina. Quando chegaram, encontraram o portão aberto, luzes acesas, mas ninguém no local. No entanto, apreenderam munições compatíveis com as armas usadas no crime.

Ainda na casa da advogada, a polícia identificou a placa do veículo dela e emitiu um alerta. Segundo Sandi Mori, o casal seguiu para o bairro Grande Vitória, na Capital, onde buscou Maik, depois para a Penha e, em seguida, fugiram para Cariacica. Eles foram presos na BR 262, em Alto Lage.

Os seis presos foram autuados em flagrante por homicídio qualificado, com as seguintes circunstâncias: motivo torpe, perigo comum, impossibilidade de defesa da vítima, uso de arma de fogo de uso restrito e a vítima ser menor de 14 anos.

Além disso, também foram autuados por dupla tentativa de homicídio, com as mesmas qualificadoras.

Pedro Henrique dos Santos Neves ainda foi autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e resistência. Izaque de Oliveira Moreira também foi autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Já Marlon e Marina foram autuados em flagrante por posse ilegal de munições de uso restrito.

Sobre a prisão da advogada, a Comissão de Prerrogativas da OAB-ES informou ter acompanhado a legalidade do flagrante. No Tribunal de Ética, um pedido de suspensão preventiva foi instaurado. "A OAB estará sempre a postos para defender a boa advocacia, mas jamais para proteger condutas criminosas. Aos que cometem crimes, sejam eles advogados ou não, vamos exigir o rigor da lei", disse a Ordem por meio de uma nota.

A reportagem tenta contato com as defesas dos envolvidos e o espaço está aberto para manifestações.

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