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Fora da disputa pelo governo do ES, para onde vai Contarato?

PT retirou a candidatura do senador e agora apoia a reeleição de Renato Casagrande (PSB)

Vitória
Publicado em 14/07/2022 às 10h57
Senador Fabiano Contarato em plenária do PT do Espírito Santo
Senador Fabiano Contarato em plenária do PT do Espírito Santo. Crédito: Flávia Zambrone/Divulgação

O senador Fabiano Contarato (PT), como já se avizinhava, está fora da corrida pelo governo do Espírito Santo. Depois que o PSB retirou a candidatura de Márcio França em São Paulo, em contrapartida, o PT cedeu na disputa pelo Palácio Anchieta. As duas siglas já estão juntas, nacionalmente, na chapa para eleger Lula à Presidência da República.

Os petistas apoiam agora a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB). A incógnita é: o quanto Contarato, pessoalmente, vai apoiar o socialista? Vai pedir abertamente votos para ele?

O senador estava bastante empolgado em participar do pleito, mas, em reunião virtual na quarta-feira (13), postou-se, como já havia dito que faria, como um soldado do partido, aquiescendo diante da orientação da direção nacional da legenda. 

Um integrante do PT avalia que Contarato pode, sim, ser pragmático e, a depender das tratativas com Casagrande, "entrar de cabeça" na campanha do governador.

O senador, que esteve recentemente com Lula e com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, deve ter também um papel na campanha do ex-presidente.

De qualquer forma, Contarato tem mais quatro anos de mandato em Brasília, está em uma posição confortável.

A saída do senador do jogo deve favorecer Casagrande, na medida em que deixa de dividir os votos da centro-esquerda e aumenta as chances de uma vitória em primeiro turno.

Questionado pela coluna, em junho, se pretendia, caso não disputasse o Palácio Anchieta, pedir votos para o atual governador, ele preferiu não responder, disse que não falaria ainda sobre esse assunto.

ADVERSÁRIO, MAS NEM TANTO

A bem da verdade, em todo o período de pré-campanha, e Contarato foi afirmado e reafirmado como pré-candidato ao governo pelo PT do Espírito Santo – o senador não se postou como oposição a Casagrande.

Não criticou abertamente a gestão estadual. 

Em fevereiro, quando a pré-candidatura foi lançada, em uma reunião virtual, apenas com participação de integrantes do diretório estadual do PT, o governador nem foi mencionado. Os petardos foram dirigidos à administração de Bolsonaro.

Nas redes sociais, o senador sempre tratou mais de temas nacionais do que locais.

Em junho de 2021, ainda antes de se filiar ao PT, ele chegou a defender Casagrande, durante sessão da CPI da Covid. Afirmou, na ocasião, que o estado era um exemplo no combate à doença e que, ao contrário de Bolsonaro, o governador do Espírito Santo não é negacionista.

Já em abril de 2022, em entrevista para A Gazeta, o senador fez uma das poucas críticas públicas à gestão estadual: "Mesmo com todo o respeito ao governador Casagrande, de que adianta um conceito A de saúde fiscal sem uma saúde social?".

E, em conversa com a coluna, no mês passado, Contarato deu uma alfinetada no governador. Disse que Lula merecia, no estado, um "palanque efetivamente progressista", indicando que a "ampla aliança" que ancora o socialista, formada até pelo bolsonarista PP, não é a ideal para buscar votos para o ex-presidente.

DO PARTIDO DE MAGNO MALTA AO PT

Contarato foi eleito pela Rede. Antes, em 2014, teve passagem pelo PR (hoje PL), ensaiou, naquele ano, concorrer ao Senado, mas após desentendimento com o então senador Magno Malta, que é o presidente do partido, desistiu.

Delegado da Polícia Civil (agora aposentado), ele decidiu aparecer nas urnas, pela primeira vez, em 2018, pelo partido da ex-senadora Marina Silva, e acabou alçado ao Senado, enquanto Magno perdeu a cadeira.

Contarato já refutou à coluna a tese de ter "enganado" eleitores. Por vezes ele é criticado por ter recebido votos de alguns bolsonaristas desavisados, com os olhos brilhando pelo que viam apenas como um delegado linha dura.

Contarato ganhou visibilidade como titular da Delegacia de Delitos de Trânsito. Mas já ressaltou que, eleito pela Rede, um partido de esquerda, não teria como ser apoiador de Jair Bolsonaro (PL) e até se ofende com a especulação. O parlamentar se opõe a boa parte das pautas bolsonaristas no Congresso.

Ele também, embora advogue por penas mais duras para quem comete crimes no trânsito, não se considera um punitivista. É professor de Direito.

A Rede não atingiu a cláusula de desempenho na última eleição. Contarato achou melhor sair da sigla, em busca de outra com mais musculatura. E aportou no PT em janeiro deste ano: "Eu sempre fui petista", afirmou, no dia do ato de filiação.

O LUGAR DO PT

O PT chegou a pedir espaço na chapa de Casagrande, com candidato a vice ou ao Senado. Mas dificilmente terá o pleito atendido.

Casagrande está inclinado a apoiar a reeleição da senadora Rose de Freitas (MDB). E a vaga de vice já é disputada por aliados que chegaram antes, além de servir como atrativo para fechar novas parcerias.

O PT conseguiu alinhavar com o PSB, em reunião da qual participou o próprio Casagrande, espaço na futura gestão, se o socialista for reeleito, e participação na elaboração do plano de governo.

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