É pós-doutor em Ciência Política pela The London School of Economics and Political Science. Neste espaço, aos sábados, traz reflexões sobre a política e a economia e aponta os possíveis caminhos para avanços possíveis nessas áreas

Um horizonte de despolarização em Brasília e boas notícias na economia no ES

Tudo somado, o Brasil poderá ter eleições presidenciais em 2026 em clima de despolarização. E a economia capixaba poderá ter em 2026 e 2027 capacidade para mitigar riscos eventuais

Publicado em 27/09/2025 às 04h00

Em retrospecto, a semana mostrou que em Brasília os fatos convergiram para um possível horizonte de “despolarização” na política nacional. Enquanto no Espírito Santo três fatos mostram horizontes positivos na economia estadual.

As tensões jurídicas e políticas em Brasília agora giram em torno da blitzkrieg bolsonarista pela chamada PEC da Dosimetria, em busca da redução das penas para Jair Bolsonaro e os outros sentenciados. Horizonte de incertezas. Inclusive porque a PEC pode não evoluir, em função do declínio do bolsonarismo.

Que declínio? O declínio pela condenação de Jair Bolsonaro e, agora, o declínio como resultante das manifestações de domingo 21/09 pelas ruas do Brasil. O ronco das ruas da sociedade civil, fora das bolhas do bolsonarismo e do petismo. Uma grande novidade histórica.

Esse ronco das ruas diminui a intensidade da fúria bolsonarista pela polarização. Caminho para a despolarização na política brasileira.

Ao mesmo tempo, a tal da “química” entre Trump e Lula na antessala da Assembleia Geral da ONU (39 segundos de empatia) podem ter aberto o diálogo entre os dois presidentes. Ora, se esse diálogo progredir, Eduardo Bolsonaro perde espaço para insuflar Trump contra o Brasil.

Ao mesmo tempo, o diálogo diminui a necessidade da retórica lulista da soberania. Portanto, outra trilha para a despolarização política no Brasil.

Bons horizontes. O brasileiro mediano (a maioria) não aguenta mais a polarização.

Já no Espírito Santo os fatos relevantes têm a ver com a economia do petróleo; com tecnologia das cidades inteligentes; e com a economia da reforma tributária.

Na área do petróleo, o ES voltou a ser segundo maior produtor do país, superando São Paulo e atrás apenas do Rio de Janeiro. O Estado alcançou também o quinto lugar em gás natural, no ranking de todos os entes da federação. São informações do Observatório Findes e da Agência Nacional de Petróleo, apuradas por Letícia Orlandi/A Gazeta.

Os bons resultados vêm do Campo de Jubarte, próximo de Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy – produção da Petrobras. Vêm também dos campos de Abalone e Agonauta, da Shell. E também da produção em terra (onshore).

Anita Garibaldi, navio-plataforma da Petrobrás
Anita Garibaldi, navio-plataforma da Petrobrás no Estaleiro Jurong, em Aracruz. Crédito: Fernando Madeira

Em julho de 2025, um exemplo, o Estado produziu 211.185 barris de petróleo por dia. São Paulo produziu 186.066. E o Rio liderou com 3.477.637.

A economia do petróleo mantém a sua relevância na economia capixaba. Essa performance de 2025 fortalece a perspectiva de continuidade da relevância do Fundo Soberano do ES, cuja finalidade é a diversificação de novos investimentos em inovação e descarbonização.

Na área de tecnologia das cidades inteligentes, a boa notícia é que Vitória chegou à liderança no ranking de cem cidades brasileiras mais inteligentes, superando Florianópolis, Niterói, São Paulo e Curitiba. São as 5 líderes do ranking.

Segundo reportagem de João Paulo Vicente, do Estadão, no caso de Vitória a liderança veio principalmente da ênfase em modernização de serviços urbanos e do investimento em governo digital, com ênfase em digitalização de processos, monitoramento de infraestrutura e ações de sustentabilidade.

Essa performance de Vitória agrega valor à posição do ES no ranking de competitividade dos estados brasileiros, ampliando horizontes para atração de novos investimentos nas economias local (Vitória) e estadual (ES).

Por último, quanto à economia da reforma tributária o fato relevante, reportado por Abdo Filho de A Gazeta, foi a constatação de que o Estado deverá ganhar espaço na partilha do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), novo tributo criado pela lei da reforma aprovada pelo Congresso Nacional.

Pelo cálculo do coeficiente de participação, o índice de participação do ES já mostra evidências importantes “para o planejamento das contas públicas capixabas e para a defesa de interesses no debate federativo”, diz Abdo Filho.

Essa perspectiva pode mitigar o receio dos capixabas de que a reforma tributária venha a prejudicar o Estado em decorrência do fim dos incentivos fiscais em 2033.

Tudo somado, o Brasil poderá ter eleições presidenciais em 2026 em clima de despolarização, em sintonia com a maioria dos brasileiros. Menos ideologia e retórica. Mais capacidade de gestão e realização.

E a economia capixaba poderá ter em 2026 e 2027 capacidade para mitigar riscos eventuais decorrentes da perspectiva de pouso suave da economia brasileira.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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