Publicado em 24 de abril de 2020 às 14:59
Poucos dias após o anúncio do resultado das eleições de 2018, Sergio Moro informou que deixaria a carreira de juiz federal no Paraná para assumir o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, a convite do então presidente eleito Jair Bolsonaro. Nesta sexta-feira (24), após diversos atritos com o presidente, o ex-juiz anunciou sua saída do ministério. O estopim do acirramento entre o agora ex-ministro e o presidente foi a exoneração do ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, publicado na manhã desta sexta no Diário Oficial da União.>
Apesar de ter tomado posse com o discurso de que teria total autonomia, Moro acumulou recuos e derrotas durante sua passagem. Apontado como um possível candidato a presidência em 2022, o ex-juiz federal passou a ser visto como um potencial adversário de Bolsonaro nas próximas eleições. Relembre alguns atritos entre o ministro e o presidente.>
Janeiro de 2019 - Decreto das armas
Bandeira de Bolsonaro durante a campanha eleitoral, um dos primeiros atos foi a flexibilização do porte de armas, medida que tinha certa desconfiança por parte de Moro. Em entrevistas, o ministro tentou se desvincular da autoria do projeto e as sugestões que havia apontado, como a limitação de registros de duas armas por pessoa, acabou ignorada.
Fevereiro de 2019 - Defensora do desarmamento é "desnomeada"
Uma das primeiras interferências da presidência na gestão de Moro aconteceu ainda em fevereiro de 2019, quando apoiadores de Bolsonaro criticaram a nomeação de Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penintenciária. Fundadora do Instituto Igarapé, Szabó atuou na ONG Viva Rio e defendia o desarmamento, o que irritou aliados do presidente. Sua nomeação foi revogada.
Agosto de 2019 - Troca de comando na PF do Rio de Janeiro
Uma das primeiras interferências de Bolsonaro no Ministério da Justiça foi a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Na época, o presidente disse que os ministros tinham liberdade, mas era ele "quem mandava". Houve repercussão negativa e ele acabou recuando, momentaneamente da decisão, que acabou sendo efetivada dias depois.
Agosto de 2019 - Transferência do Coaf
O primeiro grande duelo entre apoiadores de Bolsonaro e de Moro foi durante o episódio que terminou com a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Justiça para o Banco Central. O órgão participou das investigações de movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, motorista de Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Moro queria que o Coaf continuasse sob sua guarda, mas foi derrotado na Câmara com o aval de Bolsonaro.
Agosto de 2019 - Ameaça a Valeixo
Em nova ofensiva na Polícia Federal, Bolsonaro decidiu trocar o chefe da PF no Rio de Janeiro e disse que poderia muda o diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo. Na ocasião, o presidente disse que Valeixo era subordinado a ele e não a Moro. Houve reação negativa por parte da categoria e o diretor-geral permaneceu no cargo.
Agosto de 2019 - Moro foi ao STF pelo Coaf
Durante a crise entre o ministro e o presidente, a imprensa noticiou que Moro havia procurado o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para pedir que ele reconsiderasse a decisão que restringia o compartilhamento de relatórios do Coaf com os ministérios públicos e a Polícia Federal.
Janeiro de 2020 - Presidente fala em recriar Ministério da Segurança Pública
Em conversa com secretários estaduais de Segurança Pública, Bolsonaro disse que estudava recriar o Ministério da Segurança Pública, o que, na prática, enfraqueceria o ministério de Moro. Posteriormente, duante viagem à Índia, Bolsonaro disse que a chance de isso acontecer era zero.
Sergio Moro, ex- ministro da Justiça e Segurança Pública
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