> >
Pico das mortes por Covid-19 representa 6% dos óbitos diários no Brasil

Pico das mortes por Covid-19 representa 6% dos óbitos diários no Brasil

Na Espanha, Itália e Estados Unidos, os piores dias de mortes por Covid-19 representam 82%, 52% e 27% da média anterior à pandemia

Publicado em 15 de abril de 2020 às 09:01

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Coronavírus - Covid19
Coronavírus - Covid19 . (Pete Linforth/Pixabay)

Com 204 novas vítimas, recorde até agora, o Brasil registrou, nesta terça (14), o que representa 6% da média diária de mortes contabilizadas em período anterior à pandemia da Covid-19.

É um impacto menor do que o verificado nos países mais afetados pelo coronavírus. Na Espanha, Itália e Estados Unidos, os piores dias de mortes por Covid-19 representam 82%, 52% e 27% da média anterior à pandemia, respectivamente.

A comparação leva em conta a média diária de mortes por todas as causas no ano de 2017 com o número de mortos por coronavírus no dia com mais vítimas pela doença.

Como os dados mais atualizados da Itália sobre mortes anuais são de 2017, o ano foi usado como referência nos demais países.

Também foi feita uma simulação desconsiderando mortes por causas externas (como homicídios e acidentes de trânsito), de modo a avaliar se os índices de violência, maiores no Brasil, impactavam as médias. Os percentuais, porém, não sofreram alterações significativas.

Os números das regiões com mais casos exemplificam o impacto da epidemia. Na cidade de Nova York e na Lombardia, no norte da Itália, os dias de pico do coronavírus têm mais de quatro vezes a média diária de mortos.

A cidade de São Paulo, que concentra o maior número de óbitos no Brasil, registrou, no último dia 7 de abril, 52 mortos. Isso equivale a um quarto das média diária de mortes por todas as causas em 2017.

Problemas de notificação, porém, podem impactar os resultados no Brasil. Há falta de testes e demora na entrega do resultado, o que gera atrasos na contagem oficial de vítimas.

Especialistas alertam que a radiografia do cenário atual, na verdade, pode ser relativa a dias – até mesmo semanas – atrás, o que pode prejudicar a comparação com outros países.

"Da mesma forma que existe uma subnotificação no número de casos confirmados no país, certamente também existe subnotificação no número de óbitos. Somente as pessoas internadas e em estado grave estão sendo testadas, portanto temos a falsa impressão que a letalidade seja maior aqui", diz o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

A situação, contudo, não é exclusiva do panorama brasileiro. Atrasos e dificuldade em obter testes são relatados em outros países.

As consequências disso, de acordo com o epidemiologista e pesquisador da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Airton Stein pode se traduzir na qualidade das políticas públicas de enfrentamento à doença.

"A subnotificação é o problema principal de fazer governança neste momento. O planejamento fica baseado na opinião de quem apresenta o problema", afirma.

Outro ponto a considerar é que a chegada e o avanço da epidemia se deram de maneira diferente em cada país. Enquanto o novo coronavírus foi confirmado pela primeira vez no Brasil há 48 dias, está há 73 circulando na Itália e na Espanha e há 83 nos EUA.

O panorama dessas nações considerando apenas os primeiros 48 dias desde o primeiro caso de coronavírus é diverso. Na Itália, o recorde foi em 13 de março, com 439 mortes (25% da média diária de 2017). A Espanha, por sua vez, teve 191 óbitos em 17 de março (equivalente a 16%).

Já os EUA contaram apenas cinco novas mortes em 2 de março, 0,1% da média diária registrada há três anos. Nesta terça (14), contudo, já são mais de 23 mil vítimas, a maior quantidade entre todos os países do mundo.

A baixa proporção registrada agora no Brasil, portanto, não significa que as perspectivas sejam otimistas.

"Esperamos não passar por situações tão drásticas como temos observado em outros países. Porém, é essencial o respeito à recomendação de distanciamento físico, higienização frequente das mãos e etiqueta respiratória", afirma o infectologista Leonardo Weissmann.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais