Publicado em 3 de setembro de 2025 às 20:21
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) afirmou a integrantes da cúpula do União Brasil que se opõe ao avanço do projeto de anistia para os condenados do 8 de Janeiro no Congresso Nacional.>
Em almoço no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (3), com ministros do partido e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), o presidente pediu empenho contra a aprovação de indulto aos participantes dos atos golpistas que culminaram na depredação das sedes dos três Poderes em 2023.>
Ainda segundo relatos, a avaliação foi de que a aprovação do projeto, que beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), significaria uma rendição ao presidente dos EUA, Donald Trump. O governo americano impôs sanções econômicas ao Brasil, alegando ser uma resposta ao julgamento do ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal).>
No encontro, Alcolumbre e ministros reiteraram o apoio ao governo Lula, reconhecendo, no entanto, uma oposição na direção do partido. O presidente disse que, desde a montagem do governo, sua relação é com o próprio Alcolumbre e não pediu que os ministros entreguem seus cargos. O presidente do Senado é considerado um dos principais aliados do Planalto no Congresso Nacional.>
>
Previamente agendado para a terça-feira (2) e adiado devido ao velório do jornalista Mino Carta, o almoço desta quarta aconteceu um dia depois de as cúpulas de União Brasil e PP anunciarem a decisão de deixar ministérios ocupados por políticos com mandato e o apoio à anistia de Bolsonaro. Essa decisão ocorreu uma semana após o presidente da República cobrar fidelidade dos ministros do centrão e se queixar do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, em reunião ministerial.>
Mas a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, cobrou a defesa das ações do governo. Segundo relatos, ela reafirmou a cobrança pública da véspera, quando foi às redes exigir compromisso com Lula.>
"Quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende, como a justiça tributária, a democracia e o Estado de Direito, nossa soberania. Precisam trabalhar conosco para aprovação das pautas do governo no Congresso Nacional. Isso vale para quem tem mandato e para quem não tem mandato, inclusive para aqueles que indicam pessoas para posições no governo, seja na administração direta, indireta ou regionais", afirmou em publicação nas redes sociais.>
Diretamente atingido pela decisão, o ministro do Turismo, Celso Sabino, disse que avalia se licenciar do partido para permanecer no governo até abril, quando deixará a gestão para concorrer ao Senado. Essa alternativa é considerada provável por integrantes do governo federal.>
Além de Sabino, participaram do almoço os ministros Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações). Os dois últimos chegaram aos cargos pelas mãos de Alcolumbre e não deverão deixar a Esplanada.>
A reunião coincide com o momento em que integrantes dos partidos do centrão e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), buscam um acordo para anistiar Bolsonaro após sua eventual condenação e, assim, tirá-lo da prisão, mas mantendo o ex-presidente inelegível e fora da disputa de 2026.>
O texto de um projeto de lei ainda não está fechado, tampouco os detalhes de um eventual acordo que envolva até mesmo o STF, mas os entusiastas querem abrir caminho para a candidatura do governador ao Palácio do Planalto e convencer a corte a não derrubar a anistia.>
Nesta quarta-feira, no entanto, Alcolumbre afirmou à Folha ser contra um projeto que dê anistia a Bolsonaro e disse que apresentaria um texto alternativo. "Eu vou votar o texto alternativo. É isso que eu quero votar no Senado", disse, na terça. "Eu vou fazer esse texto e eu vou apresentar.">
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta