Publicado em 14 de maio de 2020 às 18:45
Questionado nesta quinta-feira (14) sobre a diferença entre o número de mortes causadas pelo coronavírus no Brasil e na Argentina, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugeriu que a comparação entre os dois países deve ser feita de maneira proporcional às suas populações, e não por números absolutos.>
Até a manhã desta quinta, o Brasil registra 13.240 óbitos por Covid-19 enquanto o país vizinho confirmou 329 mortes, de acordo com dados compilados pela universidade americana Johns Hopkins.>
"É só você fazer a conta por milhão de habitantes", respondeu o presidente. A comparação sugerida por ele, entretanto, expressa de maneira ainda mais evidente a gravidade dos efeitos da pandemia sobre o país.>
A taxa de mortes por milhão de habitantes na Argentina é de 7,4. No Brasil, o número é quase nove vezes maior: são 63,2 mortes a cada um milhão de habitantes. O cálculo a partir desse índice permite comparar locais com diferentes tamanhos de população.>
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Enquanto o presidente argentino, Alberto Fernández, decretou quarentena total no país em março, quando havia 128 casos confirmados, e prorrogou nesta semana as medidas de isolamento até, pelo menos, 24 de maio, por aqui, Bolsonaro voltou a criticar as medidas restritivas adotadas pelos governadores dos estados.>
"Tem que reabrir, nós vamos morrer de fome. A fome mata, a fome mata! Então, [é] o apelo que eu faço aos governadores: revejam essa política, eu estou pronto para conversar", disse o presidente nesta quinta.>
"Vamos preservar vidas, vamos. Mas dessa forma o preço lá na frente serão centenas a mais de vidas que vamos perder, por causa dessas medidas absurdas de fechar tudo.">
Ao responder ao questionamento de um jornalista sobre as cifras de mortes no Brasil e na Argentina, Bolsonaro disse que o profissional estava "defendendo [o governo do país vizinho]", por que "entrou para a ideologia".>
"Você pegou um país que está caminhando para o socialismo.">
Fernández disse, em março, que "as declarações e ações de Bolsonaro levam a pensar que o Brasil pode entrar numa mesma espiral que a Itália" e acrescentou que se preocupa muito com o fato de que países "não entendam a gravidade do problema", em referência ao governante brasileiro.>
Ainda nesta quinta, Bolsonaro mencionou rapidamente a estratégia da Suécia no combate ao novo coronavírus.>
"Vamos falar da Suécia? Pronto! A Suécia não fechou!">
Sem um contexto mais detalhado, a referência do presidente ao país escandinavo que contraria a tendência global de isolamento dá a entender que o governo sueco está sendo bem-sucedido no enfrentamento à pandemia.>
Um diretor executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde) chegou a afirmar que a Suécia é um modelo a ser seguido por outros países.>
Os números, entretanto, principalmente na comparação com Brasil e Argentina, não corroboram a insinuação de Bolsonaro.>
Com menos de um quarto da população da Argentina, a Suécia tem um número de mortes por Covid-19 quase 11 vezes maior.>
A taxa de mortes por milhão de habitantes é de 346,5, cinco vezes maior que a brasileira e quase 47 vezes maior que a argentina.>
A Suécia adotou um método menos restritivo contra o novo coronavírus e manteve bares, restaurantes e lojas abertas, além de não proibir as pessoas de irem às ruas. O primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, disse que conta com o voluntarismo da população.>
Os países escandinavos que adotaram medidas mais restritivas que as suecas tiveram menos mortes. Até esta quinta, são 43,6 mortes por milhão de habitantes na Noruega, 52 na Finlândia e 92,6 na Dinamarca.>
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