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É gerente-executiva de Produto Digital da Rede Gazeta

Violência contra mulher: por uma vida para todas elas sem socos, sem medo, sem traumas

No mês em que a Lei Maria da Penha completa 19 anos, continuamos sofrendo com a crueldade dos homens e com nossa incapacidade social de mudar esse jogo. Precisa haver esperança, mobilização e atitude para salvar vidas

  • Elaine Silva É gerente-executiva de Produto Digital da Rede Gazeta
Publicado em 07/08/2025 às 14h07
Câmera do elevador registrou período em que Igor Eduardo agride namorada com mais de 60 socos
Câmera do elevador registrou período em que Igor Eduardo agride namorada com mais de 60 socos. Crédito: Reprodução

Dentro do elevador, do décimo sexto andar ao térreo, em 34 segundos, um ex-jogador de basquete socou 61 vezes sua namorada no rosto. A cena de terror para que muitos viraram a cara é o retrato do tamanho da violência contra mulheres brasileiras. Nesta data em que a lei símbolo do combate às agressões — a Lei Maria da Penha — completa 19 anos, temos a sensação de impotência misturada com desesperança e inconformidade.

Mas como mulher, mãe de menina, primeira jornalista a chegar ao posto de chefe de uma redação de jornal no meu Estado e idealizadora do Projeto Todas Elas, na Rede Gazeta, minha vontade é ir para rua, gritar por justiça, não desistir de lutar por todas nós.

Os casos de violência contra mulher invadem nossas famílias, chegam por todos os lados, não vêm só do noticiário da TV que nos assusta quando estamos à mesa na hora do almoço. Só no primeiro semestre de 2025 foram 523.656 novos processos de violência contra a mulher no Brasil, um aumento de 6% em relação ao ano passado, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). São 121 novos casos por hora. Ou, seja, não para.

O Espírito Santo registrou uma queda de 40% nos casos de feminicídio de janeiro a julho de 2025, sendo registrados 16 casos, contra 27 no ano passado. É um alívio em parte, mas não há motivos para comemorar, porque conforme dados do Mapa da Segurança Pública 2025 o Estado está em 6º lugar no ranking nacional de mortes.

O que deve nos motivar, na verdade, é ver exemplos como o do porteiro que salvou a Juliana no elevador. Ele rapidamente chamou a polícia para salvá-la. É por atitudes como essa que o Projeto Todas Elas está mobilizado. Entramos na quinta fase de atuação da nossa marca, com várias ações até o próximo ano, quando a Lei Maria da Penha completa 20 anos. Queremos zero de violência, parar o nosso contador de feminicídio. E contar muitas histórias de empatia como a do porteiro, e de superação, como a que desejamos à Juliana.

Mais que isso, queremos proteger nossas mulheres, criar oportunidades de igualdade, mostrar seus direitos e realizar conexões que permitam sonhar com um horizonte real sem dor. Por fim, o que queremos é uma vida para todas elas sem socos, sem medo, sem traumas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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