Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 06:00
Os investimentos em infraestrutura multimodal representam uma transformação logística e econômica do Espírito Santo. Mais do que abrir caminhos para facilitar o acesso aos mercados nacional e internacional, as grandes obras estruturantes em curso no Estado impulsionam a economia local e transformam a realidade de cidades que, antes, estavam fora do mapa de investimentos. >
A geografia do desenvolvimento capixaba está sendo desenhada às margens das rodovias duplicadas e dos portos em construção e ampliação. Também deve se expandir nas áreas de influência dos aeroportos regionais e seguir o caminho dos novos ramais ferroviários.>
Serão investidos R$ 137,6 bilhões em todo o Estado até 2029, segundo mapeamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Do volume total, a microrregião Litoral Sul é a que concentra o maior valor em aportes (R$ 53,7 bilhões), ultrapassando a Metropolitana (R$ 47,4 bilhões). E em terceiro lugar, aparece a microrregião Rio Doce (R$ 13,4 bilhões), situada ao Norte. >
SERÃO INVESTIDOS EM TODO O ESTADO ATÉ 2029
ESTARÃO CONCENTRADOS NO LITORAL SUL, SUPERANDO A GRANDE VITÓRIA
O diretor setorial de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Antonio Ricardo da Rocha, ressalta que, entre os dez principais projetos em execução, estão a duplicação de 172 quilômetros da BR 101 e obras portuárias em Presidente Kennedy e em Aracruz. Outros destaques são a duplicação das BRs 262 e 259, a implementação da rodovia ES 466 e a construção da ferrovia EF 118 (ramal Anchieta). >
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Rocha analisa que, nos últimos anos, o Espírito Santo tem passado por uma descentralização dos investimentos, que, antes, ficavam muito restritos à Região Metropolitana e a cidades-polos tradicionais. “Historicamente, Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, e Linhares e Colatina, no Norte, sempre foram considerados os polos em suas regiões. Com esses estímulos das obras estruturantes, novas cidades estão se tornando referência no desenvolvimento, como Anchieta e Presidente Kennedy, no Sul, e, mais ao Norte, Aracruz, Ibiraçu, João Neiva e Barra de São Francisco.” >
O desenvolvimento regional ganhou mais fôlego com a inauguração da Agência Invest-ES, criada em agosto de 2025 pelo governo estadual para atrair capital da iniciativa privada, aproveitando as particularidades de cada região.>
A presidente da agência, Patrícia Gouvêa, aponta a localização geográfica estratégica e os investimentos em infraestrutura como vantagens competitivas do Espírito Santo. “O que vem sendo construído e projetado está deixando uma base de potencial muito grande, porque infraestrutura é um dos pilares fortes para atrair investimentos”, defende. >
Na prática, os investidores vão compondo o ecossistema do desenvolvimento, em que as obras de infraestrutura são o ponto de partida. Empresas e indústrias passam a enxergar potencial no entorno de ferrovias, rodovias, aeroportos e portos, e o resultado é um círculo virtuoso: formação de mão de obra qualificada, abertura de empregos, aumento da renda, desenvolvimento do turismo e fortalecimento da economia regional.>
“É uma mudança de paradigma: em vez de esperar que a população migre para a Capital em busca de emprego, agora o desenvolvimento chega até ela. A melhoria das rodovias e a expansão ferroviária estão transformando a agroindústria no Norte, conectando produtores a mercados nacionais e internacionais. No Sul, os investimentos em portos e logística criam oportunidades que antes não existiam, atraindo indústrias e novos negócios. As oportunidades se distribuem de maneira estratégica e inteligente, transformando infraestrutura em crescimento real”, avalia o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), deputado Marcelo Santos. >
Marcelo Santos
Presidente da AlesNo levantamento do Observatório da Indústria, da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), estão previstos R$ 113 bilhões em investimentos produtivos, sendo a maioria destinada para cidades fora da Região Metropolitana. >
A gerente-executiva do Observatório da Findes, Marília Silva, chama atenção para o impacto direto desses projetos no mercado de trabalho. >
“O investimento, seja logístico, seja industrial, é indutor do desenvolvimento das cidades porque demanda não só mão de obra para a instalação da planta, como também profissionais mais qualificados para a operação. O município ganha vagas de emprego, cursos e parcerias com universidades para capacitar os trabalhadores. Assim, surgem profissionais mais qualificados e oportunidades com melhor remuneração”, destaca Marília. >
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Presidente Kennedy, no Sul do Estado, vivencia essa transformação provocada pelos investimentos: a instalação do Porto Central e a Ferrovia Kennedy, um trecho da EF 118. Somente a primeira fase das obras do Porto Central, iniciada em dezembro de 2024 com recursos de R$ 2,6 bilhões, vai criar cerca de 1.600 vagas de emprego diretos e indiretos. >
Na cidade do extremo sul capixaba, o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) opera o Fundesul Presidente Kennedy, instrumento criado para impulsionar o crescimento econômico sustentável do município. O fundo apoia projetos que estimulem emprego, renda e dinamização produtiva. >
A instituição de fomento também firmou convênio com o Banco do Nordeste para operacionalizar recursos do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE) e oferecer alternativas de financiamento adequadas ao desenvolvimento da Região Norte. >
Marcelo Barbosa Saintive
Diretor-presidente do BandesNa região Norte, destacam-se grandes investimentos portuários no município de Aracruz: a construção do Porto da Imetame, no valor de R$ 2,3 bilhões, e a ampliação do terminal de Portocel, orçada em R$ 2 bilhões.>
O prefeito do município, Dr. Coutinho, explica como os investimentos públicos e privados estão transformando a paisagem econômica da cidade e projetando novas oportunidades para toda a região. >
“Aracruz se consolida como um dos grandes polos de desenvolvimento do Espírito Santo. Além dos investimentos portuários, outro marco importante é a implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que entrará em funcionamento em 2026 e será um diferencial estratégico para empresas voltadas à exportação. No setor privado, vemos uma forte movimentação, com empresas ampliando suas operações e novos empreendimentos chegando para fortalecer a economia local. Aracruz e o Norte capixaba estão se tornando sinônimo de crescimento, competitividade e futuro.”>
O superintendente do Sebrae/ES, Pedro Rigo, afirma que o turismo também tem despontado como um acelerador do desenvolvimento regional.>
Pedro Rigo
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